sábado, 30 de maio de 2015

"Desafio Charlie" e as práticas de Chico Xavier e Divaldo Franco

O QUE CHICO XAVIER E DIVALDO FRANCO FAZEM NÃO DIFERE MUITO DO "DESAFIO CHARLIE".

Recentemente, tornou-se fenômeno na Internet a perigosa brincadeira do "Desafio Charlie", conhecido também como o jogo do "Charlie, Charlie", que virou mania entre os jovens do mundo inteiro.

A brincadeira, que consiste em, uma folha de papel, escrever, em posição de quadrinha, as expressões "Sim" e "Não" duas vezes, posicionadas em diagonal, e entre elas colocar dois lápis, um sobre outro, em posição transversal, formando uma cruz.

Nela, é feita uma pergunta, qualquer que seja, podendo ser coisas fúteis como uma menina indagar "quando aquela colega chata vai largar aquele namorado lindo?" ou então inutilidades como "o Vasco da Gama será campeão do Brasileirão?", entre tantas outras coisas, as mais diversas.

Para responder a essas perguntas, é evocado um espírito, chamado de "Charlie", que supostamente se dispôs a dar a resposta, através do movimento do lápis posicionado em cima. Se o lápis atingir a resposta "Sim", a resposta é atribuída à opção afirmativa. Se atingir "Não", a resposta é negativa.

Em uma escola pública de Manaus, a brincadeira gerou um grande mal estar entre os alunos que se envolveram com a brincadeira. Vários estudantes ficaram traumatizados e uma garota alegou "ter visto o demônio". Várias meninas tiveram convulsões e desmaios, e outros alunos eram vistos se batendo ou se enforcando.

Duas meninas chegaram a serem socorridas, uma delas sendo levada de maca. A que não foi levada na maca dizia coisas absurdas e apelava para "ninguém deixar levar ela (sic). Muitas cenas chocam pela gravidade das obsessões.

CHICO XAVIER E SUA FORMA LEVIANA DE EVOCAR ESPÍRITOS

A prática do "Desafio Charlie" corresponde a uma modalidade de necromancia, cujo exemplo é a tábua Ouija, em que pessoas tentam a todo custo evocar espíritos do além para obter respostas sobre qualquer questão, mesmo as mais fúteis e traiçoeiras.

O caso de Manaus revela o perigo dessa brincadeira, o que indica que os espíritos zombeteiros se divertem muito com essa prática. O "movimento espírita" brasileiro, aparentemente, corrobora esse questionamento, afirmando que o "Desafio Charlie" é uma porta aberta para espíritos obsessores.

No entanto, quem pensa que o "espiritismo" brasileiro é um oásis de responsabilidade e disciplina, é bom desistir. Mesmo os "renomados" e "altamente prestigiados" Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco fizeram práticas não muito diferentes do "Desafio Charlie".

Chico Xavier, com as mensagens supostamente espirituais, criava um espetáculo de ostentação e exploração leviana das tragédias familiares, convidava os parentes dos entes queridos falecidos a atividades e sentimentos que não diferem muito do perigoso jogo.

Se no "Desafio Charlie" as crianças e adolescentes evocam espíritos para responderem perguntas diversas, na "psicografia" de Chico Xavier as famílias são convidadas a evocar espíritos de seus entes queridos, com a mesma histeria do jogo infanto-juvenil.

Em ambos os casos, espíritos zombeteiros se divertem muito. E, no caso de Chico Xavier, a diversão chega a ser maior ainda, pois o verniz de seriedade da "brincadeira mediúnica" - feita em completo desconhecimento da Ciência Espírita - causa muito entusiasmo nos espíritos obsessores, que podem, se for o caso, se passarem pelos entes queridos ou intuir o "médium" a produzir uma mensagem apócrifa.

As mensagens padronizadas, com aquele mesmo roteiro "morri, sofri, fui socorrido e encontrei Jesus" seguido do mesmo propagandismo religioso, escritas com a caligrafia do próprio "médium", sem apresentar uma letra confiável do suposto respectivo espírito, dão o tom leviano e fazem a "brincadeira" se tornar perigosa para os familiares.

O próprio "espiritismo" brasileiro, pela glamourização dos mortos prematuros, traz energias negativas para muitas famílias, já que não raro as mortes de jovens ocorrem quando seus familiares já seguem essa doutrina religiosa.

A indústria da "mediunidade" teve como exemplo recente um livro que seis familiares dos mortos do incêndio da Boate Kiss financiaram para divulgar supostas mensagens "espirituais". Apesar do pretexto "filantrópico", a iniciativa tem o mesmo caráter perigoso do "Desafio Charlie", tanto que foram observadas irregularidades até nas escritas e no teor das mensagens.

"DESAFIO DIVALDO"

O anti-médium baiano Divaldo Franco - aquele que é festejado com um certo exagero por uma "filantropia" que beneficia menos que 0,1% da população de Salvador e ainda quer promovê-la como uma "grande façanha mundial" - também se insere nesse contexto do "Desafio Charlie".

Isso porque Divaldo fez as mesmas atividades "mediúnicas" de Chico Xavier. Cada um poderia ser chamado de "personal Ouija", já que eles se tornam "tabuleiros humanos", dando respostas supostamente do além, que se tornam levianas tanto pela duvidosa procedência - não raro vinda das mentes dos dois "médiuns" - como pela oportunidade que abrem para a ação de obsessores.

Os dois ainda são aproveitados da projeção que têm - mesmo com Chico Xavier morto desde 2002 - para bancarem os dublês de "filósofos" num país como o Brasil, sem grandes nomes da Filosofia. E tudo isso com pseudo-sabedoria, lamentável até mesmo para servir de "filosofia de almanaque", já que tal gênero de publicação, por mais simplório que pareça, procura transmitir um saber mais útil.

Se Chico Xavier é lembrado nas mídias sociais através de suas frases dóceis vistas como "filosofia" por pessoas que não têm o hábito de ler bons livros, Divaldo Franco reforça o mito através do estereótipo do ar "professoral" e do seu pedantismo que, aliado à esperteza e sutileza discursiva, o faz pensar que é capaz de ter respostas para todas as coisas.

Tanto Chico Xavier quanto Divaldo Franco tornaram-se pseudo-sábios, mas Divaldo exerce um estereótipo mais verossímil, porém não menos hipócrita que o outro. E Divaldo se torna ele mesmo o próprio "Desafio Charlie" encarnado, através de sua pretensão de responder a tudo, nem sempre com verdadeiro entendimento e, certamente, muito aquém da doutrina kardeciana que diz seguir.

Afinal, há uma diferença muito grande entre Allan Kardec promover o debate, discutir ideias, analisar e procurar a coerência das coisas, sem a pretensão de querer ou supor entender tudo, e um Divaldo Franco com respostas prontas para todas as coisas, levando a postura do falso sábio às últimas consequências.

Divaldo Franco, dessa forma, age em completo desconhecimento da doutrina kardeciana. É risível que ele diga que "não tenha tido tempo" para ler Jean-Baptiste Roustain. Seria mais honesto que o baiano tivesse dito que nunca teve tempo para ler Allan Kardec, autor que, sinceramente, o anti-médium nunca teve a menor identificação em coisa alguma.

As respostas prontas de Divaldo Franco parecem apenas extensões do "Sim" e "Não" do "Desafio Charlie", da mesma forma que a busca de mensagens dos entes falecidos por intermédio de Divaldo e Chico Xavier têm o mesmo valor de risco que a busca de mensagens do "Charlie, Charlie", da tábua Ouija e similares. Os espíritos obsessores agradecem por tamanha espécie de diversão "espírita".

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