segunda-feira, 4 de maio de 2015

O "espiritismo" do "jeitinho brasileiro"


Em vez de se assumir como um verdadeiro diferencial nas crenças espiritualistas, o "espiritismo" virou a expressão máxima do "jeitinho brasileiro", aquela mania incessante e teimosa de dizer uma coisa e fazer outra, conforme os interesses e as conveniências.

Isso é que faz o "espiritismo" brasileiro ser desmoralizado e sofrer um sério desgaste. E, o que é mais grave, o coloca abaixo das seitas religiosas mais espúrias, porque promete um grande progresso e um diferencial expressivo, mas não cumpre e ainda comete irregularidades terríveis.

Seus maiores erros foram o afastamento dos ensinamentos científicos de Allan Kardec e o improviso diante da incapacidade de exercer a mediunidade. Os "espíritas" acharam que poderiam contornar isso criando um aparato que acobertasse e permitisse fraudes, dando à sua doutrina uma confiabilidade e uma imunidade infinitas e inabaláveis. Mas não conseguem.

Isso porque as irregularidades aparecem e a mentira tem pernas curtas. Num momento ou em outro as fraudes são desmascaradas, embora, em primeiro momento, os "espíritas" reajam com coitadismo, com vitimização excessiva, se achando os "perseguidos", só porque "têm um projeto de amparo e amor ao próximo".

E nem tem tanto assim. As "caridades" dos "espíritas" são pequenas e inexpressivas, todas paliativas. Distribuição de cestas básicas em que parte do excedente é desviado para o usufruto pessoal dos líderes "espíritas". Projetos de ensino e formação profissional que apenas lecionam o básico do básico do básico, apenas para criar pessoas "cordeirinhas" que sobrevivem mediocremente na sociedade "mundo cão", insossas e inócuas.

Nenhum desses projetos faz transformar as pessoas. Se elas se tornam inofensivas, não é pela consciência da moral e do altruísmo, mas tão somente pela intimidação que o moralismo religioso faz com as ameaças surreais do "umbral" e dos "reajustes espirituais". As pessoas se tornam pacíficas não porque querem, mas porque são obrigadas a isso, mediante ameaça moralista.

A falsa mediunidade, com suas inúmeras irregularidades, já aqui descritas, acaba criando não os tão alardeados benefícios, mas sérios prejuízos. Expõe as famílias dos mortos à exploração sensacionalista de suas tragédias pessoais. Usurpa os nomes dos mortos através de mensagens que eles não seriam capazes de escrever. E estimula as vaidades dos supostos médiuns etc.

As religiões neopentecostais são irregulares porque cometem erros tão toscos que não dá para esconder. A intolerância religiosa, a corrupção menos sutil, as crendices mais ridículas, seitas como a Renascer e a Igreja Universal do Reino de Deus não possuem o "profissionalismo" que o "movimento espírita" tem para fazer a sua corrupção.

A corrupção "espírita" é mais sutil. Mas ocorre. E muito, com maior gravidade. Porque a pior corrupção é aquela que se disfarça sob o verniz da pretensa honestidade e usa dos pretextos mais nobres, como caridade, cidadania, filantropia e amor ao próximo. Diz a sabedoria popular que as piores armadilhas são aquelas que as presas não percebem.

Daí que denunciar os erros e males do "espiritismo" nem de longe é um ato de intolerância religiosa. Pelo contrário, é uma prestação de serviço de alertar as pessoas sobre fraudes e erros cometidos. A liberdade religiosa em nenhum momento dá às seitas e crenças o direito de usarem práticas desonestas para atrair fiéis,

Ninguém aceita uma mentira, mesmo que ela seja feita "por amor". E não será o "espiritismo" que irá permitir que "palavras de amor" acobertem fraudes e que a falsidade ideológica das falsas psicografias seja feita impunemente sob o pretexto das "lições de fraternidade" e da "caridade".

Pelo contrário. Usar pretextos nobres para acobertar práticas fraudulentas torna-se até um crime, e a exploração da dor e das tristezas daqueles que perderam entes queridos, transformando as tragédias dos jovens falecidos num circo sensacionalista para encher "centros espíritas" e promover o estrelismo de "médiuns" (Chico Xavier e Divaldo Franco incluídos) é coisa realmente deplorável.

Mas aí o "jeitinho brasileiro" encontra desculpas como o "mistério da fé", a "ação do bem" para acobertar tais fraudes. Ou então tenta desmentir as fraudes usando como desculpa "fenômenos que a razão humana é incapaz de reconhecer", argumentação ridícula que faz com que nossa capacidade de raciocinar encontre limites naquilo em que nosso questionamento é proibido de penetrar.

Ou seja, a "fé espírita" brasileira não quer que pensemos. Daí a lógica ser o maior inimigo dos "espíritas". Pensar é perigoso porque derruba os totens que o "espiritismo" cria, os "velochicos" e "bezerras de ouro" endeusados pelo materialismo "espírita" e que transformam as tragédias juvenis num culto mórbido e sensual aos jovens mortos.

E tudo isso acobertado pelas palavras dóceis que escondem atos irregulares. Daí que o "espiritismo" não quer que questionemos, conforme se nota nas "recomendações" do traiçoeiro espírito Emmanuel. Que aceitemos seus absurdos e suas aberrações, acreditando na tola crendice do "mistério da fé", essa mistificação medieval que permanece intata na religião "espírita" brasileira.

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