segunda-feira, 18 de maio de 2015

O Brasil e a glamourização dos erros


O Brasil se encontra numa grande crise de valores e isso faz com que haja uma grande insegurança aconteça na Internet. E isso faz com que muitos internautas fiquem agressivos porque temem que seus totens e valores, antes considerados "sagrados" pelo establishment dos anos 1990, sejam um dia reduzidos a pó.

De repente, vieram pessoas declarando, mesmo sobre o "espiritismo", a mesma apologia dos erros, perguntando "Quem nunca errou na vida?". Evidentemente, dizer que todos nós erramos é chover no molhado, daí que essa pergunta acaba sendo mais uma apologia dos erros do que uma consciência autocrítica dos mesmos.

A pergunta acaba servindo como desculpa para que certos totens sejam mantidos no seu pedestal. Perguntar "quem nunca...?" serve mais para satisfazer vaidades pessoais do que expressar alguma humildade. Acaba sendo uma grande demonstração de falsa modéstia.

Perguntas assim são dadas quando determinados totens, como políticos, celebridades, religiosos ou outras pessoas dotadas de poder e prestígio são duramente criticadas. Ninguém quer trair a sua idolatria, e usa a falsa modéstia como forma de atribuir uma "imperfeição humana" a alguém ao qual é atribuída uma "perfeição divina".

Sim, a "perfeição da imperfeição" é uma ideia maluca que vem desde os anos 1990, uma maneira de defender o "estabelecido" que expressa, não obstante, a mediocridade. Um "estabelecido" que vai contra a ética, contra a coerência, contra a qualidade de vida e outras coisas.

É aquele papo de que "não é 100%, mas é cem por cento". "Não é aquela maravilha, mas é melhor do que nada", que inclui a alegação de que tal fenômeno, ideia ou personalidade representam aquilo que é o básico de alguma causa ou tendência. Sempre a desculpa de que isso, aquilo ou alguém atendem ao "básico" das necessidades humanas.

Só que isso cria armadilhas que fazem com que o básico de hoje passe a ser visto como "sofisticado demais" e aí a vida se nivela por baixo de tal forma que, querer o básico sucessivas vezes é, na prática, querer abaixo do básico. Como andam dizendo por aí, "de básico em básico, ficamos aquém do básico".

O Brasil passou por retrocessos sucessivos. E as pessoas acabam acostumando tanto que não toleram que a normalidade forçada dos últimos 50 anos seja rompida ou questionada. Que aceitemos os totens que estão aí, os ídolos e pretensos sábios que o mercado e o status quo determinam que idolatremos, "com suas imperfeições".

No país que é paraíso astral das desculpas e meias-verdades, que é o nosso, o "espiritismo" se vale também dessas desculpas e de todo o malabarismo de palavras em que até o pior é visto como se fosse o melhor.

Dai que, mesmo com a divulgação e a denúncia de muitos e gravíssimos erros cometidos pelos "espíritas" brasileiros - alguns fariam o pastor Valdomiro Santiago cair da cadeira de tanto rir - , há quem tente alegar que "quem nunca errou que atire a primeira pedra".

O que está em jogo é a fogueira de vaidades travestida de humildade que cerca o "espiritismo" e sua capacidade de usar as palavras e os argumentos como quem mexe numa massa de modelar. Sobretudo em relação a Chico Xavier, um totem que anda bastante abalado por denúncias que vem não só de protestantes e católicos, mas também de espíritas.

A verdadeira consciência dos erros é dada de maneira discreta, e não pela revolta ostensiva movida pela vaidade ferida. O problema é que o "espiritismo" erra, erra e insiste que 75% dos seus erros são "acertos" e 20% são "coisinhas de nada", só sobrando os 5% dos quais admitem terem sido erros sérios que "não devem ser repetidos".

Vivendo sua maior crise após o declínio da adoração roustanguista, o "movimento espírita" tenta dar desculpas diversas para os erros hoje cometidos e tenta obter coerência onde não existe, E acham que estão acertando com sua deturpação grosseira da doutrina de Allan Kardec.

Daí a falta de estudo em relação à Ciência Espírita. Continuam e continuarão entendendo a mediunidade de forma improvisada, como alguém que não sabe de uma coisa e tenta entendê-la assim mesmo. Fingem fidelidade a Allan Kardec, mas continuarão traindo o seu pensamento de forma constante e permanente.

Dessa maneira, o "espiritismo" continuará "de pé" reduzindo-se a um receituário moralista religioso, com ênfase na instituição Família, e a arremedos de filantropia que não trazem soluções permanentes para a miséria que atinge as classes populares. Seus líderes julgam que isso é uma conduta "equilibrada" e "coerente", mas não é mais do que a conduta estável de uma deturpação.

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