sábado, 15 de agosto de 2015

"Espiritismo" se perde em práticas não necessariamente espíritas


Extremamente confuso como doutrina, o "espiritismo" brasileiro se perde em práticas que não são necessariamente espíritas, como a assistência moral e filantrópica. Não que essas práticas deixassem de ser essenciais, mas, da forma como elas são feitas, se reduzem a meros artifícios para mascarar a incompetência do "espiritismo" em entender corretamente o pensamento de Allan Kardec.

A maioria das atividades dos "centros espíritas", não bastasse o desvirtuamento da doutrina kardeciana em prol de ritos, dogmas e procedimentos herdados do Catolicismo medieval, é simplesmente de rasteiros receituários morais para os indivíduos.

Pretextos como "bondade", "humildade", "caridade" e "recuperação moral do indivíduo" servem como desculpas para o péssimo entendimento da doutrina de Allan Kardec, o que faz os interessados em conhecer o pensamento do pedagogo francês ficarem desnorteados.

A demagógica retórica da falsa fidelidade ao pensamento de Allan Kardec, orientação que segue o "movimento espírita" nos últimos 40 anos, após o desgaste extremo do roustanguismo assumido, hoje restrito a uns poucos chefes da Federação "Espírita" Brasileira, dá a impressão de que as pessoas são devidamente esclarecidas em torno do pensamento kardeciano. Mas não são.

Enquanto não conseguem resolver as contradições de seu profundo igrejismo e uma superficial e confusa apreciação da doutrina de Kardec, dá-se uma ênfase exagerada em fotos de crianças, flores, céus ensolarados e todos os recursos de pieguice que inutilizam o sentido de Doutrina Espírita a essa religião brasileira.

Não existem pesquisas científicas sérias. Mas há muitas palestras moralistas, muitos temas familiares, apresentações musicais e até projetos sócio-educacionais sem muito significado, já que são projetos de alfabetização, recreação e instrução convencionais e até medianos, que apenas ensinam as pessoas a serem apenas mais uns na multidão.

Não se observam grandes transformações, pois o máximo que se vê é a produção de pessoas inofensivas, porém inócuas, o que não invalida a filantropia e o projeto educacional em si, mas o faz perder toda a relevância dentro do confuso sistema ideológico do "movimento espírita".

Tudo acaba se reduzindo a um marketing institucional e ideológico. O Espiritismo com E maiúsculo, sério, estudado por Allan Kardec, simplesmente não existe. O "estudo" de seu pensamento em palestras tendenciosas nos "centros espíritas" só serve como disfarce e como recurso de pedantismo de seus expositores.

E isso tudo se multiplicou em práticas anti-doutrinárias que se estenderam para além da marca da FEB, atingindo dissidências e grupos que se fazem "divergentes" dos líderes "espíritas", proclamam no discurso a "fidelidade a Allan Kardec" e enrolam as pessoas com igrejismo enfeitado com fotos de crianças, de céu ensolarado, do universo cósmico e outros recursos visuais apelativos.

Daí a perdição em que se encontra o "movimento espírita", com seus danos praticamente irreparáveis, com seu igrejismo no qual nada pode ser aproveitado, nem mesmo Chico Xavier nem Divaldo Franco, se caso houver um esforço de recuperação das bases kardecianas.

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