quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Mercado da visibilidade atrapalha o progresso no Brasil

LUCIANO HUCK, UM DOS "PRÍNCIPES" DO MERCADO DA FAMA E DO PRESTÍGIO.

O mercado da visibilidade no Brasil é um dos mais injustos do mundo. A predominância de pessoas inexpressivas e incompetentes, incapazes de representar o interesse público de forma plena e sem o compromisso de realizar progressos sociais, faz com que o mercado de gente influente e formadora de opinião e hábitos seja um dos piores do planeta.

Graças a esse mercado, a mediocrização sócio-cultural, que atinge da música brasileira ao serviço público, influíram decisivamente na crise que o Brasil sofre, diferente da leviana e futilmente simplória ideia de que "a culpa é do PT".

O mercado da visibilidade é responsável pela seleção de pessoas que devem influir na consolidação ou mudança de hábitos, nas atitudes cotidianas, na formação do comportamento, na discussão de ideias e tudo o mais que poderia trazer um avanço para a sociedade brasileira. Mas não traz.

São personalidades que variam de jornalistas e apresentadores elitistas, subcelebridades e mulheres siliconadas que "mostram demais", cantores e conjuntos musicais canastrões, pessoas em geral que não têm o que dizer e só aparecem em noitadas e tecnocratas dotados de visões conservadoras mas que querem se meter até em causas e correntes progressistas.

Temos, portanto, um mercado da visibilidade bastante doentio, no qual emergiram até mesmo figuras do reacionarismo midiático, como Danilo Gentili, Rodrigo Constantino, Reinaldo Azevedo, Rachel Sheherazade e Olavo de Carvalho, que influenciaram a imbecilização de extrema-direita, com "revoltados" rasgando a Constituição pedindo "fora Dilma" sem qualquer motivo coerente e pateticamente vestidos com a camisa da seleção, como se não houvesse corrupção na CBF.

Temos um mercado midiático retrógrado, que ainda sofre reflexos da ditadura militar. Aliás, há muitos reflexos da mentalidade ditatorial: os troleiros de Internet lembram o antigo Comando de Caça aos Comunistas. A grande mídia faz autocensura e investe num jornalismo que deforma em vez de informar. E até no "funk" e nas "boazudas" em geral as siliconadas lembram as "musas" de revistas eróticas de "ultimésima" categoria.

Com isso, quem pode formar opinião e influir em hábitos populares é geralmente gente reacionária vinda das elites ou ídolos "populares" que variam entre a canastrice e o oportunismo, pessoas sem talento nem visão de mundo mas que fazem de tudo para ficarem em evidência, mesmo quando tentam contradizer a si próprios e embarcar em mudanças de contextos.

Isso é ruim. E pior ainda quando vemos que, no âmbito nacional, veículos como a Rede Globo, a Folha de São Paulo e a Veja exercem supremacia no mercado da visibilidade, e as trilhas sonoras de novela da Globo, ao lado de rádios FM controladas por grandes grupos empresariais, se impõem como formadoras do gosto musical dos brasileiros.

No âmbito regional, é aberrante o monopólio da Rádio Metrópole e seu proprietário, o canastrão Mário Kertêsz, no mercado da visibilidade regional. O ex-prefeito de Salvador, que criou esta rádio cuja origem remete a um vergonhoso esquema de corrupção, é conhecido pelos "espíritas" por empregar o anti-médium baiano José Medrado.

Temos uma mídia incompetente que investe em formadores de opinião incompetentes. Por isso o Brasil não pode ter grandes artistas, grandes intelectuais e isso cria uma situação impotente para resolver tantos problemas.

Por exemplo, em relação a fraudes religiosas, o Brasil tem equivalentes a Christopher Hitchens para denunciá-las, mas esses equivalentes não possuem a visibilidade que o falecido jornalista britânico teve em sua carreira.

Existem intelectuais com visão de mundo capazes de questionar fenômenos de "massa" de gosto duvidoso e derrubar a supremacia do "mau gosto popular" que vicia a "cultura popular" manejada pelo mercado e pela mídia. Mas esses intelectuais, não bastassem serem boicotados pelo meio acadêmico (são barrados já nas inscrições para o Mestrado), também padecem por não exercer uma visibilidade plena que influencie um grande público.

Temos problemas diversos que vão desde "boazudas" que transformam seus corpos em mercadorias, como Mulher Melão e Solange Gomes, tão arrogantemente exibicionistas. até a falta de coragem dos formadores de opinião de analisar fraudes e irregularidades da trajetória de Francisco Cândido Xavier.

O Brasil se torna o país da complacência fácil, do consentimento confortável, que permite a corrupção e a degradação de valores sócio-culturais e o fanatismo religioso e até esportivo, como a obsessão doentia dos cariocas pelos quatro times de futebol (Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco).

O nosso país torna-se mais vulnerável às armadilhas diversas do que o "velho e decadente" Primeiro Mundo. O "mundo velho" já passou por desilusões que fizeram seus povos se prepararem melhor para questionar as coisas, diferente do Brasil em que as armadilhas deixam muitos deslumbrados, como diante de cavalos de Troia que escondem soldados violentos.

E é isso que prejudica o nosso país. Temos pessoas influentes que nada fazem ou, quando fazem, é no pior sentido. Um Luciano Huck buscando manipular e desqualificar nossa linguagem, através da gíria "balada", que ele criou sob o respaldo da Rede Globo e da ultrareacionária Jovem Pan FM. Ou intelectuais diversos que aproveitam o prestígio facilmente obtido para reivindicar a decadência da cultura popular usando a desculpa da "ruptura do preconceito" contra o "mau gosto".

Também complica, nos casos regionais, o exemplo de Mário Kertèsz se apropriando de personalidades dos mais diversos tipos e se passando por "dono das esquerdas", castrando e usurpando a diversidade social enquanto ele deixa "solto" o coronelismo midiático no qual ele faz parte e que sustenta o mercado "monocultural" da axé-music.

Isso compromete o progresso do Brasil e transforma os debates que ocorrem na Internet em "queixas fúteis de internautas desocupados". Enquanto isso, a imbecilização sócio-cultural prevalece porque são pessoas de muita visibilidade que a difundem, e o mercado da fama do prestígio é corrompido pela supremacia de incompetentes e medíocres, canalhas e canastrões, a tentar nos influenciar de qualquer forma e na marra. Não há país que vá para frente com pessoas desses tipos.

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