sábado, 16 de janeiro de 2016

Milagres de Madre Teresa de Calcutá teriam sido farsas

APESAR DE ADMIRAR MADRE TERESA, MONICA BESRA FOI CURADA DE UM CÂNCER PORQUE FEZ TRATAMENTO MÉDICO RIGOROSO.

O caminho traçado pelo Vaticano para a santificação de Madre Teresa de Calcutá revela o caráter material das canonizações. É apenas um julgamento terreno, feito por um grupo de homens, uma atribuição artificial de perfeição humana que, no fundo, não tem muita serventia. E, no caso de Madre Teresa, revela armações e fraudes.

Para uma pessoa ser considerada santa, é preciso que, pelo menos, haja dois milagres. Milagre é, no vocabulário católico, um tipo de salvação feita por um motivo inexplicável, mas associado à devoção de uma figura religiosa, de uma dificuldade extrema e praticamente irrecuperável.

Um suposto milagre atribuído à Madre Teresa de Calcutá se revelou uma farsa. Em 1998, uma mulher indiana, Monica Besra, que sofria de fortes dores no estômago, descobriu que sofria de câncer no ovário, além de ter diagnosticado tuberculose, e pôde ser curada mediante um tratamento médico rigoroso. No entanto, freiras ligadas à Ordem de Madre Teresa alegavam que ela sobreviveu porque puseram a medalha da madre albanesa no abdome da mulher.

Consta-se que os médicos e o marido da paciente foram pressionados a admitir um milagre à cura da mulher, através de vários telefonemas. Alegavam as freiras que eles deveriam atribuir à cura surpreendente a um milagre de Madre Teresa, e insistiam para que declarassem isso à imprensa. A denúncia foi feita antes deste suposto milagre ser oficialmente reconhecido pela Santa Sé.

No entanto, tanto os médicos quanto o marido de Monica garantiram que a paciente recebeu os devidos cuidados médicos e cumpriu rigorosamente o tratamento para a cura do tumor, com métodos bastante conhecidos da Medicina e num cronograma integralmente cumprido para a cura.

A farsa cria problemas para a canonização de Madre Teresa, embora o Vaticano tenda a atropelar esse obstáculo e santificar a albaneza "na marra". E a coisa poderia terminar por este caso não fosse um outro factoide.

HOSPITAL SÃO LUCAS, EM SANTOS, ONDE OCORREU O SUPOSTO MILAGRE NO BRASIL, É UM HOSPITAL CATÓLICO.

Em 2008, o engenheiro Marcílio Haddad, então com 35 anos, morador de Santos, no litoral paulista, estava em lua-de-mel com a esposa na cidade gaúcha de Gramado, com quem vive hoje com dois filhos no Rio de Janeiro. De repente, ele se sentiu mal e foi internado num hospital católico santista, São Lucas.

Oficialmente, foi diagnosticado uma hidrocefalia grave, que estava em estado terminal. A esposa de Marcílio foi a uma igreja em São Vicente, cidade vizinha a Santos, e falou do caso a um padre, que lhe concedeu uma medalha de Madre Teresa de Calcutá e pediu à mulher para rezar para a albanesa. Ela pediu para enfermeiros deixarem a medalha na cama onde estava o marido.

No dia seguinte, ele, que parecia "inconsciente", acordou sozinho, se levantou e foi tomar o café sem ajuda de outrem. Os médicos do hospital católico alegavam em unanimidade que a cura ocorreu de forma "inexplicável" para a ciência e atribuíram a façanha ao milagre de Madre Teresa.

A situação é estranha pelo fato do hospital ser católico e pelo fato do "milagre" ter levado sete anos para ser divulgado. Como é que uma aparente "boa notícia" levaria tão tempo para ser noticiada? Mesmo que dependesse de exames demorados, eles não durariam tão longo tempo assim, pois com as atuais tecnologias, a cura poderia ser explicada em poucos meses.

Há uma desconfiança de que a estória não seria bem recebida pelo papa de plantão, o alemão Josef Ratzinger, o Papa Bento XVI. Divulgar seria uma forma de confrontar com a visão eurocêntrica do cardeal. Depois que ele se aposentou e foi substituído pelo argentino Jorge Mário Bergoglio, que se tornou Papa Francisco. Sendo argentino, poderia ser mais receptivo a aceitar um "milagre" vindo do Brasil.

O segundo "milagre" não teve ainda uma contestação oficial. A imprensa brasileira aceitou de bom grado. A estrangeira, na sua boa-fé, acreditou na lorota brasileira e até alguns famosos exaltaram a "futura santificação" de Madre Teresa. O "movimento espírita", que por empréstimo tem em Madre Teresa de Calcutá um de seus maiores ídolos, festejou com entusiasmo.

No entanto, pode-se inferir que o que o engenheiro teria sentido era um misto de uma crise de enjoo, uma dor-de-cabeça grave - dessas em que a cabeça parece estar "formigando" e a pessoa acaba vendo pequenas bolinhas transparentes - e um mal digestivo que fez o homem ser internado com urgência num hospital gaúcho, depois foi transferido para um outro em Santos, e o estado de "inconsciência" teria sido, na verdade, um repouso normal de alguém que está em processo de convalescência, que precisa dormir mais horas, mesmo durante o dia.

Portanto, são dois problemas para a santificação de Madre Teresa de Calcutá, não fosse um terceiro, que é o fato da madre albanesa não ter curado os doentes graves, principalmente leprosos, que alojava em suas "casas de caridade", tratados sem higiene e sem alimentação e medicações adequadas. Ela também não quis curar ou ressuscitar os mortos da tragédia de Bophal, causada por uma falha técnica da Union Carbide, que causou um vasamento de gás tóxico, em 03 de dezembro de 1984.

"Acidentes como o de Bhopal, demonstram a falta de respeito ao próximo. Os avanços tecnológicos não podem ultrapassar os princípios da cidadania e da ética", escreveu Líria Alves de Souza, no portal Mundo Educação. Todavia, quanto ao episódio, Madre Teresa de Calcutá esteve no lado dos empresários da Union Carbide, e se limitou apenas a pedir às pessoas: "Perdoe, perdoe, perdoe". Como se os empresários tivessem quebrado copos, e não provocado uma tragédia.

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