CENA CÔMICA DO AVIÃO, NO FILME CHICO XAVIER, CONTOU COM A PARTICIPAÇÃO DO ATEU FÁBIO PORCHAT (DE AZUL).
O ateísmo é uma realidade, mesmo num país católico como o Brasil. A história registra personalidades como Oscar Niemeyer, Paulo Freire, Darcy Ribeiro e Chico Anysio de um passado contemporâneo, veteranos do presente como Ricardo Boechat e Chico Buarque, e nomes mais recentes ainda como Fábio Porchat e Clarice Falcão, como pessoas que não creem na existência de Deus.
No entanto, o "movimento espírita" tentava também pegar carona nos ateus e juntá-los a seu rebanho. O ateu é tido como um "virgem de religião", sob o ponto de vista dos defensores da fé religiosa. E não por acaso algumas das supostas psicografias de Francisco Cândido Xavier usurparam autores ateus como Humberto de Campos e Augusto dos Anjos, além de alguns pintores "mediúnicos" terem usurpado a figura de Cândido Portinari, criando pastiches grotescos da obra do falecido pintor.
Nota-se que um dos principais ateus da atualidade, o humorista Fábio Porchat, do grupo Porta dos Fundos, é ateu, mas mesmo assim participou de uma cena cômica de Chico Xavier - O Filme, de Glauber Filho, que se passa no avião (consta-se que Chico Xavier tinha medo de viagens aéreas).
Os ateus aparentemente "respeitam" o "espiritismo" brasileiro e seus totens, acreditando ser uma religião "independente" e "ecumênica", e um episódio insólito, para não dizer surreal, aconteceu nas mídias sociais, reduto de muitos fanáticos por Chico Xavier na Internet.
Um internauta foi para uma comunidade de ateus no Facebook fazer o seu questionamento do mito de Chico Xavier, achando que seria bem sucedido na iniciativa. No entanto, a maioria das respostas ao internauta foi de profunda indignação contra uma "figura que trabalhou pelo bem". Talvez eles se irritassem até ao saber que o ateu Christopher Hitchens chamou Madre Teresa de Calcutá de "anjo do inferno".
O grande problema é que a recíproca não é a mesma. Nem Chico Xavier apoiava o ateísmo. Há uma famosa passagem de sua biografia em que uma pessoa se dirige ao anti-médium e declara "Eu não acredito em Deus". Chico, com aquela "benevolência" católica, responde, "simpático": "Não faz mal. Deus acredita em você".
Mas isso não é grave. O mais grave foi o artigo lançado pelo ideólogo "espírita" Richard Simonetti, "Os que matam a esperança", que é uma das mais sérias ofensas feitas aos ateus por um autor brasileiro.
O texto é endereçado ao biólogo estadunidense Richard Dawkins, militante ateu como Hitchens (com o qual fez a última entrevista dada ao jornalista inglês) e o "alegre" Simonetti de muitos artigos dá lugar a um autor revoltado, que acusa indevidamente o ateísmo de "estimular o suicídio".
Este é um juízo de valor muitíssimo grave, e Simonetti comete muitas asneiras, como se ele tivesse a certeza do "incerto", como se ele acreditasse em Deus como se fosse um familiar seu e atribuindo comprovação em algo que ainda não se pode provar a existência.
A gravidade consiste em atribuir a um simples ato de não acreditar em uma divindade a incitação ao suicídio. Como se acreditar em Deus fosse sinônimo de esperança e força. Não é. Tantos crentes e tementes a Deus também se suicidam quando são acuados em tantos infortúnios e barreiras em suas vidas!! E quantos ateus viveram muito e em paz, como Oscar Niemeyer!
A complacência com a figura "bondosa" de Chico Xavier, objeto de obsessão e apego de seus fanáticos e extremados seguidores, cria armadilhas diversas por conta dessa religião mistificadora e hipócrita que é o "espiritismo" brasileiro.
Os ateus acenam para os "espíritas", na sua boa-fé (é o contexto brasileiro), achando que é uma religião "independente" e "despretensiosa". Só que os "espíritas" reagem chamando ateus de "incitadores de suicídio", num julgamento leviano, precipitado e muito, muito preconceituoso.
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