SÓ DESVANTAGENS - Ônibus com uma mesma identidade visual confundem os passageiros, contrariam a transparência no serviço dos transportes e favorece a corrupção político-empresarial no setor.
Você sai de casa, tomando o café da manhã, depois de acordar cedo com muito sono, preparar a refeição, escolher sua roupa para enfrentar uma jornada de trabalho, no qual há muitos compromissos pendentes os quais quase lhe tiraram o sono diante das pendências que têm que ser resolvidas com menos demora e bem menos erros.
De repente, você sai de casa, olhando para todos os lados para ver se não há alguém suspeito em sua direção e, andando para um ponto de ônibus próximo, encontra ainda mais um desafio: diferir a empresa de ônibus que vai pegar, prestando muita atenção no letreiro digital, que às vezes alterna a informação do destino com saudações tipo "bom dia", "muita paz" e outros dados, como a marca do letreiro digital ou o bairro por onde passa a linha.
Os ônibus que passam na área possuem a mesma identidade visual, embora percorram trajetos bem diferentes e sirvam regiões de bairros muito diversas. O cidadão, cheio de coisas para fazer e já atento ao seu redor para ver se não há gente suspeita na área, ainda tem que dividir suas atenções múltiplas para identificar o ônibus para não embarcar no veículo errado.
No caminho de volta, a coisa se complica. É noite a luminosidade é maior, e o cidadão sai do seu lugar de trabalho, às vezes tendo que identificar o ônibus ao longe. Em muitos casos, há um amontoado de ônibus num ponto, com diferentes empresas exibindo a mesma pintura e usando a mesma carroceria.
O cidadão precisa correr e não pode identificar o ônibus à distância, porque a pintura é comum a outros ônibus. E, sendo de noite, ele precisa ter ainda mais atenção, porque, se pegar o ônibus errado, pode ser desperdício de créditos do Bilhete Único e, em certos casos, o desembarque pode dar num bairro bastante perigoso, o que pode ameaçar até a vida do referido cidadão.
São situações como estas que autoridades e tecnocratas que defendem a pintura padronizada nos ônibus de várias cidades brasileiras - uma obsessão surgida na ditadura militar, mas que várias cidades, até hoje, resistem desesperadamente em abolir, trocando apenas a "embalagem" da pintura padronizada para travestir de novidade algo muito velho e decadente - não conseguem perceber, pela sua natural vivência cotidiana de passageiros de ônibus.
Tudo que é anunciado pelo discurso tecnocrático, com o uso da pintura padronizada nos ônibus, é falacioso e não tem resultado prático: disciplina do transporte coletivo, adequação ao interesse público, facilidade de identificação das empresas, estímulo à mobilidade urbana etc. A prática, muitas vezes, contraria o discurso, mostrando desvantagens que são o extremo oposto da teoria.
EDUARDO PAES - O prefeito que impôs a pintura padronizada no Rio de Janeiro, à revelia da lei e do interesse público, quer ser governador do Estado e é tido como "favorito" em supostas pesquisas de opinião.
Quem observa o Espiritismo, autêntico ou bastardo, sabe a questão do apego e do desapego. E a pintura padronizada nos ônibus brasileiros expressa a lamentável prática do apego doentio a uma ideia que nunca vale a pena, não traz vantagem alguma, não tem o menor pingo de funcionalidade e só traz sérios incômodos para os cidadãos que vão e vêm de seus compromissos pessoais nada fáceis, mas existem pessoas que querem manter essa ideia na marra, perpetuando à força.
DISCURSO DE ÓDIO
Há relatos de busólogos (admiradores de ônibus) que surtaram e alguns até viraram psicóticos, partindo para a intolerância, o ódio, a agressão pessoal nas redes sociais. Um busólogo, morador da Baixada Fluminense, teria feito um blog de ofensas, o "Comentários Críticos", no qual usava, a princípio, textos de uma dupla de irmãos que eram busólogos emergentes, reproduzidos pelo perverso blogueiro para fins de difamação (os tais "comentários críticos").
O uso desses irmãos era apenas um aperitivo que o busólogo "crítico", pseudônimo usado pelo indivíduo, para possível chantagem àqueles que não apoiarem o busólogo da Baixada, fanático por Eduardo Paes e Sérgio Cabral Filho (este atualmente preso). Mas o propósito do "Comentários Críticos", surgido em 2012, era derrubar a busologia do Rio de Janeiro como um todo, a ponto de sobrar apenas ele e quem se dispuser ser seu subordinado, e com a busologia, de preferência, reduzida a um gabinete da Secretaria Municipal de Transportes, na gestão de Alexandre Sansão.
O busólogo da Baixada estava tão paranoico e irritado, porque poucos concordavam com seu fanatismo pelos "ônibus iguaizinhos", que quando ele era contrariado ele ia para a cidade do desafeto, a pretexto de tirar fotos de ônibus, para fazer ameaças. Em Niterói, ele aproveitava as visitas constantes para intimidar busólogos emergentes e tentar barrar a ascensão de um grupo de busólogos de São Gonçalo. A busologia de Niterói e SG quase seria um monopólio de um busólogo da Baixada.
Só que o ódio e a valentia tinham limites. Segundo vários busólogos, o "Comentários Críticos" passou a ser denunciado pelo portal SaferNet, responsável por receber e enviar denúncias de crimes digitais para a Polícia Federal, tendo sido registrado em mais de uma ocorrência.
Por outro lado, a "busologia-ostentação" do "crítico", em Niterói, despertou a atenção de milicianos que se escondem nos arredores do antigo Carrefour que o confundiram com um miliciano de um grupo rival. Ligados à "máfia das vans", os milicianos de Niterói já haviam se envolvido no assassinato de uma juiza. Segundo alguns busólogos, "isso quer dizer que matar um busólogo, para eles, é como matar um mosquito".
A intolerância do busólogo da Baixada - que, usando de valentia para impor seu poder, atraiu para si o ódio até de quem ele queria conquistar - causou efeitos contrários, e as circunstâncias acabaram desvantajosas para ele: a cidade onde ele mora vive explosão de violência, a página de fotos dele no Wordpress e no Ônibus Brasil virou alvo de repúdio e ele, que chegou a ter cartaz em alguns veículos da mídia, saiu desmoralizado.
Além disso, vários internautas com atitudes semelhantes a ele - criam páginas caluniosas ou de notícias falsas, as fake news - já foram detidos pela polícia, tornaram-se alvo de execração pública e até viraram inimigos de antigos aliados, quando a prepotência de um grupo de encrenqueiros aumenta a ponto de haver disputas de privilégios, quando um quer ter mais que o outro. O ídolo de alguns busólogos reacionários, o fascista Jair Bolsonaro, também sofre infortúnios semelhantes.
Se ele insistir com o "Comentários Críticos", atualizado a cada "raivinha" do busólogo, ele está dando tiro no pé, ignorando as consequências graves da valentia sem limites, que tanto pode fazer com que ele tenha o computador pessoal apreendido pela polícia como o seu celular roubado pelos milicianos, se tentar mais uma vez visitar a cidade de um desafeto. Isso para não dizer perder a vida ou ter seu fotolog de ônibus hackeado, em casos mais extremos. O caçador obstinado de um dia, pelos seus impulsos, é a caça indefesa do dia seguinte.
APEGO DE AUTORIDADES
O apego neurótico de um busólogo, que perdeu a cabeça com sua intolerância cega e sem limites, querendo forçar o apoio unânime a uma ideia impopular que é a pintura padronizada nos ônibus (que se limitou a ser uma roupagem para a decadência do setor em diversos e trágicos motivos), é um exemplo de como mentes desequilibradas surgem para forçar o apoio a medidas sem qualquer benefício para a maioria das pessoas.
Todavia, existem exemplos vindos de autoridades aparentemente "equilibradas" e "sensíveis ao interesse público", que defendem a pintura padronizada nos ônibus com a mesma obstinação, talvez obsediados em colocar em empresas particulares a logomarca da prefeitura de um município ou de uma paraestatal criada para administrar o transporte metropolitano ou estadual. Chegam a apelar para o juridiquês para defender a permanência da pintura padronizada e rejeitar qualquer medida que permita cada empresa de ônibus de mostrar a sua identidade visual.
O próprio Eduardo Paes é um exemplo, hábil criador de desculpas e argumentos "objetivos", como se fosse um Luciano Huck da política fluminense. Ele impôs a pintura padronizada se valendo de um modismo tecnocrático vigente em cidades como São Paulo, Curitiba e Brasília, criando uma falsa novidade na medida de pintar os ônibus com a mesma identidade visual, mediante pequenas variações de cores, sem escrúpulos de prejudicar e contrariar os interesses do povo carioca.
Para piorar, Eduardo Paes é tido como "favorito" para a corrida governamental do Estado do Rio de Janeiro, apesar de sua corrupção política que o fez inelegível para cargos públicos (ele recorreu da sentença condenatória) devido a um crime eleitoral. Graças aos ônibus padronizados - que ele defendeu sem escrúpulos de ofender a comunidade portuguesa por causa da estória dos "ônibus com embalagem de azeite português" - , ele criou o pesadelo sobre rodas para o povo carioca.
As autoridades veem na pintura padronizada nos ônibus uma forma de propaganda política subliminar, como uma espécie de mershandising governamental. Paliativos como aumentar o logotipo da empresa de ônibus ou exibir o nome da mesma no letreiro digital ou na janela são inúteis, porque os ônibus, vistos à distância, continuam iguaizinhos.
A exibição de logotipos soa mais ou menos que uma pessoa usar um capuz para esconder o seu rosto e exibir um crachá com o nome pessoal. Nem isso adianta, num sistema de ônibus que, colocando diferentes empresas de ônibus sob uma mesma identidade visual, só traz desvantagens e prejuizos a uma maioria de pessoas, e só é defendida por uma pequena minoria por questões de vaidades pessoais e interesses políticos estratégicos.
Sob muitos aspectos, os "ônibus iguaizinhos" só estão degradando o transporte público, causando pavor e insegurança aos passageiros. O Rio de Janeiro se torna o caso mais explícito, mas a decadência do setor mostra seus graves danos em São Paulo, Curitiba, Florianópolis, Belo Horizonte, Brasília e Recife, entre outras cidades, não necessariamente as capitais.
A pintura padronizada trouxe mais burocracia, mais custos para o transporte - que, com as passagens congeladas, também sucateiam as empresas, que entram em falência - , mais corrupção político-empresarial, mais poder político dos empresários de ônibus, menos conservação nos ônibus, mais tempo de espera nos pontos de ônibus, entre tantos prejuízos que a mania dos "ônibus iguaizinhos" traz com sua tragédia rodoviária sem freio.
E pensar que isso também estimula o ódio na Internet, com a ação kamikaze de um busólogo e sua ação suicida em tentar combater a discordância do outro (que, discordando da pintura padronizada, nem pensa apenas para si, mas pelas demais pessoas da sociedade), sem medir escrúpulos em produzir um blog visitado por delegados de polícia.
Isso ensina o que realmente é o apego. O pior dos apegos acontece a coisas que não valem a pena permanecerem, mas que, na visão do seu indivíduo, tem que permanecer na marra, sob pena dele reagir com distúrbios emocionais graves.
É a cegueira emocional que também move autoridades políticas, que ignoram o sofrimento alheio e as limitações das mais diversas que os "ônibus iguaizinhos" trazem aos cidadãos que já têm muita coisa a resolver na vida e precisam de muita atenção para não errarem, sobretudo no duro cotidiano de trabalho em que se vive, com o emprego sem estabilidade de muitos, e a atenção fica sobrecarregada quando se tem que discernir diferentes empresas sob a mesma pintura.
Daí que a pintura padronizada nos ônibus simboliza o pior do egoísmo humano aplicado à mobilidade urbana, revelando uma série de chantagens, demagogias e inverdades que uma minoria social que adora ver ônibus "iguaizinhos" usa para forçar, se não o apoio, mas o consentimento ou a resignação da opinião pública. E, como isso envolve o nosso direito de ir e vir, a pintura padronizada é um pano de fundo para a tragédia do cotidiano de muitos.
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