quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

O vazio existencial de Divaldo Franco

NINGUÉM ESTRANHA TANTA VERBORRAGIA E DIVAGAÇÃO SOBRE PAZ E ALEGRIA, QUE FAZEM A PROMOÇÃO PESSOAL DE DIVALDO FRANCO EM SUAS AVENTURAS TURÍSTICAS.

Precisamos ter cuidado com a palavra humana. Quantas palavras com sabor de mel, quanta verborragia, quanto apelo igrejeiro, tudo feito em nome da "paz" e do "amor", tanta sobrecarga de mensagens que parecem, à primeira vista, tão belas, mas que só servem para alimentar o estrelato de um ídolo religioso como Divaldo Franco, o maior deturpador vivo do Espiritismo.

Enquanto ele fez turismo pelos quatro cantos do planeta, em troca das premiações da Terra, como um palavreador da "paz" - a "paz sem voz" que os "espíritas" tanto adoram defender - , os sofredores de Pau da Lima, em Salvador, convivem com a miséria e a violência, num contexto em que os "espíritas", moralistas e conservadores, confundem necessidades humanas com paixões materialistas.

Ah, mas quanto materialismo não pode haver nos próprios "espíritas", esperando em sua sonhada ilusão do "porvir" que, no retorno ao mundo espiritual, lhe concedam as benesses análogas às da Terra, arrogando-se a fazer questão da presença do próprio Jesus Cristo, obrigado a receber um "médium espírita" a cada desencarne, mediante autoridades celestiais e até corais de anjinhos.

Divaldo Franco é um dos maiores traidores dos ensinamentos espíritas, não por ter sido um espírita de verdade - ele sempre foi católico - , mas por assumir para si uma responsabilidade da qual não teve o menor escrúpulo em descumprir. Vende uma falsa imagem de "kardeciano autêntico" em programas de TV mas, em suas palestras, derrama igrejismo dos mais gosmentos, como a baba de uma saliva.

Ninguém estranha toda a divagação, tanta verborragia sobre a paz, um tema do qual não há a menor necessidade de se falar muito, de se teorizar em excesso. Devemos desconfiar de tantos discursos pela paz, assim como, nos comícios políticos, desconfiamos dos discursos sobre democracia e cidadania, de oratórias demagógicas cujo teor mirabolante não difere da oratória do "médium" baiano.

Dito isso, os desavisados devem pensar que essa constatação provém de alguma inveja ou algum sentimento de intolerância religiosa. Mas está na obra de Allan Kardec, que preveniu dos oradores oportunistas que, deturpando o Espiritismo, procuram caprichar no mel das palavras, nas evocações a ideias como "amor, caridade, paz e Deus", para iludir as pessoas e dar, de sobremesa, ideias levianas como as "crianças-índigo".

O texto que reproduzimos é de 2008, durante uma reunião "mediúnica" numa "casa espírita" de Salvador. A verborragia de Divaldo Franco apela para mil hipocrisias, condenando a alucinação midiática - Divaldo Franco é protegido da Rede Globo de Televisão, que blinda os "espíritas" - e o culto à personalidade, que é a prática que ele mesmo faz, tornando-se o centro das atenções tanto no Você e a Paz quanto das atividades da Mansão do Caminho.

O que Divaldo Franco não poderia ver de sórdido nas mensagens que dá aos outros, sem observar a si mesmo, um frenético acumulador de prêmios, um inútil malabarista das palavras, alimentador de paixões religiosas que são tão obsessivas quanto as orgias do sexo, do dinheiro e das drogas, criadoras de alucinações e transes tão perversos, que fazem as pessoas se tornarem reféns das palavras com sabor de mel, mas com apelo completamente mistificador.

Divaldo Franco personifica o que, com muita coerência, Allan Kardec reprovava com firmeza: os falsos sábios de textos empolados, de oratória rebuscada e prolixa, que até falam de "coisas boas, bonitas e agradáveis", mas usam isso como gancho para inserir ideias mistificadoras e anti-doutrinárias.

De forma bastante semelhante, Jesus também rejeitaria Divaldo, vendo nele um protótipo dos antigos sacerdotes, que vivem da extravagância da oratória enfeitada, se acham a poucos passos do Céu e se arrogam em sentar na frente de seus templos para, a pretexto de meditação, prestarem bajulação a si mesmos, ainda que sob o disfarce da falsa humildade.

Aconselhamos as pessoas a lerem o texto com cuidado, para não se deixarem levar pelo mel das palavras e por paixões religiosas. Deve-se ler esse texto abaixo com senso crítico, com a "frieza da alma" - este conselho vem de Erasto, um dos mensageiros do Espírito de Verdade - , e admitindo o teor rebuscado e prolixo dessa mensagem empolada, tão longa na forma e tão superficial em conteúdo, sendo teoria demais para tão pouco apelo moral.

Em tempo: o texto, que vemos identificação de conteúdo com as palestras de Divaldo, é de sua autoria pessoal, embora atribuída ao espírito Joana de Angelis. Consta-se que Joana, no entanto, nunca foi Joana Angélica, mas uma identidade usada pelo obsessor de Divaldo, o Máscara de Ferro, para fazer pregações igrejeiras. A prática é rejeitada por Kardec, que chamava a atenção da gravidade de uso de nomes ilustres para seduzir as pessoas ante a mistificação religiosa.

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VAZIO EXISTENCIAL

Divaldo Franco - Atribuído ao espírito Joana de Angelis reunião mediúnica (sic) de 29 de outubro de 2008, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia. 

A alucinação midiática, a serviço do mercantilismo de tudo, vem, a pouco e pouco, dessacralizando o ser humano, que perde o sentido existencial, tombando no vazio agônico de si mesmo. 

Numa cultura eminentemente utilitarista e imediatista, o tempo-sem-tempo favorece a fuga da autoconsciência do indivíduo para o consumismo tão arbitrário quão perverso, no qual o culto da personalidade tem primazia, desde a utilizaçào dos recursos de implantes e programas de aperfeiçoamento das formas, com tratamentos especializados e de alto custo, até os sacrifícios cirúrgicos modificando a estrutura da organização somática.

O belo, ou aquilo que se convencionou denominar como beleza, é um dos novos deuses do atual Olimpo, ao lado das arbitrariedades morais e emocionais em decantado culto à liberdade, cada vez mais libertina.

A ausência dos sentimentos de nobreza, particularmente do amor, impulsiona o comércio da futilidade e do ilusório, realizando-se a criatura enganosamente nos objetos e utensílios de marca, que lhe facultam o exibicionismo e a provocação da inveja dos menos favorecidos, disputando-se no campeonato da insensatez.

Em dias de utopia, nos quais se vale pelo que se apresenta e não pelo que se é, o eto convencional, os ideais que dignificam e trabalham as forças normais cedem lugar aos prazeres ligeiros e frustrantes que logo abrem espaço a novas mentirosas necessidades.

O cárcere do relógio, impedindo que se vivencie cada experiência em sua plenitude e totalidade, sem saltar-se de uma para outra apressadamente, torna os seus prisioneiros cada vez mais ávidos de novidades, por se lhes apresentar o mundo assinalado pela sua fugacidade. 

Exige-se que todos se encontrem em intérmino banquete de alegrias, fingindo conforto e bem-estar nas coisas e situações a que se entregam, distantes embora da realidade e dos significados existenciais. 

A tristeza, a reflexão, o comedimento já não merecem respeito, sendo tidos como transtornos de conduta, numa exaltação fantasiosa e sem limite em relação aos júbilos destituídos de fundamentos. 

Certamente, não fazemos apologia desses estados naturais, mas eles constituem pausas necessárias para refazimento emocional nas extravagâncias do cotidiano.

Sempre quando são recalcados e não logram conscientização, inevitavelmente se transformam em problemas orgânicos pelo fenômeno da somatização.

Muito melhor é a vivência da tristeza legítima e necessária, em caráter temporário, do que a falsa alegria, a máscara da felicidade sem conteúdos válidos.

Nesse contubérnio infeliz, tudo é muito rápido e passa quase sem deixar vestígio da sua ocorrência.

O agora, em programação de longo alcance, elaborado ao amanhecer, logo mais, à tarde, transforma-se em passado distante, sem recordações ou como impositivo de esquecimento para novas formulações prazerosas.

Quando não se vivencia o presente em sua profundidade, perdem-se as experiências que ficaram arquivadas no passado. E todo aquele que não possui o passado nos arquivos da memória atual é destituído de futuro, por faltarem-lhe alicerces para a sua edificação.

Nessa volúpia hedonista, o egotismo governa as mentes e condutas, produzindo o isolamento na multidão e a solidão nos escaninhos da alma.

Todo prazer que representa alegria real impõe um alto preço pela falta de espontaneidade, pela comercialização dos seus valores e emoções.

* * *

Não seja de estranhar-se que a juventude desorientada, sempre arrebatada pela música de mensagem rebelde e agressiva, de conteúdo deprimente e aterrorizante, com a INTERNET exibindo as imagens de adolescentes suicidas em demonstração de coragem e desprezo pela vida, ignore as possibilidades de um futuro risonho, que lhe parece falacioso.

Os esportes que os gregos cultivavam, assim como outros povos, como meios de recreação, arte e beleza – exceção feita aos espetáculos grosseiros nos circos de Roma imperial – vemos alguns deles hoje transformados em campos de batalha, nos quais os seus grupos de aficionados armam-se para rudes refregas com os opositores e em que os atletas não têm outro vínculo com os seus clubes, senão o interesse pelos altos rendimentos, favorecem a brutalidade e a barbárie com a destruição de imóveis, veículos e vidas, quando um deles perde na disputa nem sempre honorável… 

Aprendendo com os adultos a negar as qualidades do bem e da paz, na azáfama exclusiva do desfrutar, essa aturdida mocidade entrega-se à drogadição, em busca do êxtase que logo passa trazendo-a à realidade decepcionante. O desencanto, que se lhe instala, de imediato deve ser diminuído no tempo e no espaço, facultando-lhe buscar novos estimulantes ou entorpecentes para esquecer ou para gozar.

Nesse particular, a comercialização do sexo aviltado com os ingredientes do erotismo tecnicista, exaure os seus dependentes, consumindo-os.

É inevitável, nesta cultura pagà e perversa, a presença do vazio existencial nas criaturas humanas, suas grandes vítimas. 

Apesar da ocorrência mórbida, bem mais fácil do que parece é a conquista dos objetivos da reencarnação. 

Pessoa alguma encontra-se na indumentária carnal por impositivo do acaso ou por injunção de um destino cego e cruel. 

Existe uma finalidade impostergável no renascimento do Espírito na organização carnal, que se constitui da oportunidade para o autoburilamento por colisões e atritos, qual ocorre com as gemas preciosas que necessitam da lapidação para libertar a luminosidade adormecida no seu interior. 

Uma releitura atenta dos códigos de ética e de justiça de todos os tempos proporciona o reencontro com os reais valores que devem nortear a vida humana. 

O tecido social ora esgarçado e tênue ante uma revisão sistêmica dos objetivos de elevação moral em favor da aquisição da alegria real, sem as máscaras da mistificação, adquiriria resistência para os enfrentamentos, abrindo espaço para a justiça social, para o auxílio recíproco. 

Esse ser biopsicossocial é, antes de tudo, imortal, criado por Deus para viver em plena harmonia durante a viagem orgânica. 

Indispensável, pois, se torna a elaboração de programas educacionais e labores que propiciem a autoconsciência. 

As conquistas tecnológicas e midiáticas são neutras em si mesmas, considerando-se os inestimáveis benefícios oferecidos à sociedade terrestre, que saiu da treva e da ignorância para a luz e o conhecimento. 

A ganância e os tormentos interiores de alguns dos seus executivos e multiplicadores de opinião respondem pela fabricação de líderes da alucinação, de exibidores da rebeldia, de fanáticos da agressividade e da promiscuidade. 

Usadas de maneira adequada, encaminhariam com saudável conduta os milhões de vítimas que arrasta, especialmente na inexperiência da juventude rica de sonhos que se transformam em hórridos pesadelos. 

O vazio existencial consome o ser e atira-o na depressão, empurrando-o para o suicídio. 

Em uma cultura saudável, a alegria nào impede a tristeza, nem essa atormenta, por constituir-se um fenômeno psicológico natural do ser, profundo em si mesmo. 

* * *

Se experimentas esse vazio interior, desmotivado para viver ou para laborar em favor do bem-estar pessoal, abre-te ao amor e deixa-te conduzir pelas suas desconhecidas emoções que te plenificarão com legítimas aspirações, oferecendo-te um alto significado psicológico e humano. 

Reflexiona, pois, na correria louca para lugar nenhum e considera a vida a oportunidade de sorrir e produzir, descobrindo-te útil a ti mesmo e à comunidade. 

Mas, se insistir essa estranha sensação, faze mais e melhor, esquecendo-te de ti mesmo, auxilia outrem a lograr aquilo por que anela, e descobrirás que, ao fazê-lo feliz, preenchido de paz, estarás ditoso também. 

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