IMAGENS COMO ESTA, ENTRE O VICE-PRESIDENTE MICHEL TEMER E A PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF SÃO COISA DO PASSADO.
O Brasil não vai se tornar o "coração do mundo" nem a "pátria do Evangelho". Nem se melhorar. Primeiro, porque é um grande equívoco atribuir a determinadas nações uma posição de domínio no planeta e, quando ocorreu, gerou perigos bastante lamentáveis. Segundo, porque, quando o Brasil melhorar, não será em função nem sob a necessidade de qualquer receituário religioso.
O que se observa hoje é uma grave crise. Sob todos os aspectos. Existe até mesmo a crise cultural, no qual a música sucumbe a expressões do grotesco, o teatro sucumbe a franquias norte-americanas e a literatura se subordina à fé religiosa de sempre ou a bobagens tipo Minecrafts, vampiros, zumbis etc.
Em muitos casos, a crise é superestimada, como a econômica. Afinal, se temos recessão é porque os ricos é que estão pegando o dinheiro para si e não distribuindo para os brasileiros. Em outros, a crise é subestimada, como a cultural, um fato preocupante diante da "felicidade" excessiva dos jovens no entretenimento, como se vivessem seus "melhores momentos". Só que não.
Há dois dias, mais um capítulo da crise do governo da presidenta Dilma Rousseff aconteceu, com a rápida reunião do PMDB, que, em menos de dez minutos, resolveu sair da base aliada do governo e assumir a oposição. Por razões estratégicas, o vice-presidente Michel Temer permanece no governo, até porque, em caso de impeachment, quem assume o Executivo é ele.
São tantas crises, principalmente no Estado do Rio de Janeiro, antes considerado referência para o país, hoje mergulhado numa decadência tão grande que os próprios fluminenses nem dão conta dessa existência. Pior: há aqueles que ainda insistem que a crise que atinge o Estado é só um "efeito natural da complexidade da vida urbana", o que é um contrassenso, pois a crise vai muito além.
O "espiritismo", que vive a sua mais grave crise, com a sua fase "dúbia" posta em xeque, há quatro anos apostava num grande otimismo. O Brasil viveria uma fase de muita paz em 2012, se tornaria vitorioso e próspero em 2014 e, em 2016, se prepararia para, em 2019, dar entrada ao processo de regeneração e transformação na nação-líder da fraternidade planetária.
Em vez disso acontecer, o que se viu foi a arbitrariedade política, os vandalismos sociais e digitais (trolagens), a corrupção, a prepotência, a ganância dos ricos e outros desastres. E o "espiritismo", tão metido a ter uma missão e um messianismo "impecáveis", foi o mais imprudente e impotente para oferecer respostas e soluções para a sociedade.
Abismados, os ídolos e palestrantes "espíritas" agora se "recolhem" em orações, mendigam "fraternidade" e, assustados, pedem apenas que "demos as mãos" e "não discutamos". Tudo em vão. As injustiças, as desigualdades, os conflitos de interesses são muito complexos para que a solução venha num simples ato de "dar as mãos".
Não há como conciliar se a ideia, neste caso, é deixar tudo para lá. Os privilegiados continuam abusando de seus direitos e os sofredores continuam suportando desgraças sem fim. Mesmo quando se pede, fraternalmente, para os privilegiados tomarem jeito e pensarem no "outro", estes fingem que concordam e só fazem coisas paliativas, sem que coisa alguma se resolva em definitivo.
Até agora, o "espiritismo" apenas buscou evitar que as desgraças vividas pelos sofredores atinjam níveis insustentáveis. Mas o que se viu foi apenas manter as desgraças em níveis suportáveis, o sofrimento continua até pleno, e as soluções nem sempre são as melhores.
Imagine uma pessoa implorando por um prato de comida e no entanto recebe pasto? Um homem que quer uma companheira com afinidade e o destino lhe oferece uma mulher sem afinidade, apenas "boazinha" e "encalhada"? Ou uma mulher que pede um companheiro com afinidade e o "destino" lhe dá um político corrupto que apenas é "bom provedor" e lhe permitirá fazer viagens por todo o mundo?
Tantas energias ruins trazem os tratamentos espirituais, e isso não é invenção, pois o "espiritismo" brasileiro é movido por contradições ideológicas, desonestidades doutrinárias e paranormalidade de faz-de-conta, que as pessoas que recorrem a essa seita religiosa acabam obtendo mais infortúnios, além de não poderem resolver os problemas que já lhes afligiam antes de apelar para esse "socorro".
Tudo no "espiritismo" parece ir no oposto a seu discurso. "Centros espíritas" se instalam em antros de crime, violência e materialismo mórbido, sob o pretexto de resolvê-los, mas acabam tragados por esse clima insano. As "boas energias" sempre trazem azar, e suas promessas sempre caem no cumprimento inverso de seus enunciados.
Por isso, o "espiritismo" brasileiro vive a mais aguda crise, e seus palestrantes mal conseguem resolvê-la. Há muita tristeza entre seus membros, enquanto há também a impotência dessa doutrina em resolver problemas e apresentar soluções. Uma crise que, pelo que tudo indica, é irreversível, para o desespero dos próprios "espíritas".
Isso é um efeito da própria trajetória do "espiritismo", com sua desonestidade doutrinária, suas mistificações, seu ocultismo, suas práticas e procedimentos duvidosos. O bom-mocismo que adotam como último recurso só serve para mascarar seus vícios, e a "caridade" que alegam fazer não trouxe até agora um único efeito concreto e definitivo.
Pelo contrário. O que se observa é a crise avançando cada vez mais. E não é por falta de religião ou desprezo a Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco. Muito pelo contrário, é por excesso de Chico Xavier e Divaldo Franco nos corações que faz com que as pessoas se afoguem nas águas profundas do deslumbramento religioso.
É com excesso de fé que ninguém mais raciocina para ver o que realmente está errado com o país. A simples fórmula de uma fraternidade complacente, que não desafia privilégios de poder, e uma caridade paliativa, que não compromete a estrutura de desigualdades propositalmente estabelecidas, fracassa diante de uma realidade complexa que exige a nós não a crença, mas o raciocínio.
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