terça-feira, 15 de março de 2016

"Espíritas" consideram Internet "perigosa"


A Internet é um pequeno universo. Tem de tudo, da mais brilhante sensatez à mais preocupante estupidez. Tem de páginas bastante benéficas a outras tão infectadas que o vírus simplesmente liquida com o computador de alguém.

Isso é indiscutível. O bom senso e a prudência têm que selecionar o que realmente é bom e benéfico na Internet, tarefa não muito fácil, e isso requer a pessoa tomar cuidado com vários imprevistos.

O "movimento espírita", no entanto, embora "corrobore" com tais visões - sobretudo na retórica de suposta lucidez de Divaldo Franco, sempre preocupado em roubar o título de "bom senso encarnado" de Allan Kardec, mas sem ter metade da coerência do pedagogo francês - , anda mais aflito com a forma que a Internet divulga a doutrina brasileira.

Os "espíritas" estão preocupados com a multiplicação de questionamentos difundidos por blogues e mídias sociais, que estão revelando irregularidades da atual fase da doutrina brasileira, marcada pela postura dúbia, a de bajular Kardec e praticar a deturpação igrejista reprovada pelo francês.

Assustados com a crise que sofre o "movimento espírita" hoje, no qual seus membros não conseguem mais explicar suas posições contraditórias aqui e ali, eles tentam espalhar nos "centros espíritas" que a Internet se transformou numa arena de "lamentáveis combates movidos pela calúnia e pela intolerância".

Fica muito fácil se omitir em explicar equívocos e deslizes graves e acusar os outros de "calúnia e intolerância". Se esconder na zona de conforto das próprias contradições e se passar por vítima é a reação típica de quem teme as consequências e não faz a coisa limpa.

Quando não havia a força da Internet e a grande mídia exercia supremacia absoluta sobre a opinião pública, os "espíritas" poderiam gozar felizes o seu festival de contradições, despejando o mais viscoso igrejismo moralista num momento e, em outro, bajular a Ciência e a busca do Conhecimento.

A "paz forçada" de antes, o consentimento com várias contradições, que pareciam "inexplicáveis" e eram "justificadas" pelo mito de que "a razão é incapaz de identificar certas coisas", começa a sentir seu fim.

Encerra-se o tempo em que tranquilamente os "espíritas" diziam que "determinadas coisas" escapavam da lógica, "desafiando" a compreensão humana e, por isso, era "mais recomendável" acreditar do que questionar.

Pois é esse "espiritismo" que se julgava acima da lógica e imune a qualquer questionamento que teme ficar à deriva quando questionamentos na Internet começam a rebater antigos dogmas, que nas suas contradições aberrantes repousavam na fé confortável de seus seguidores.

Quando se começa a alertar da disparidade com que Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco representam, tidos como "fiéis seguidores de Allan Kardec" e cometendo traições doutrinárias severas, algo que pode ser, sim, comprovado pela coerência e pela lógica, os "espíritas" ficam com medo.

Daí o apelo desesperado e choroso para "não ler a Internet" ou, na melhor das hipóteses, para "tomar cuidado" diante de páginas "maliciosas" tomadas de "intriga" e de "combate impiedoso" ao "trabalho do bem".

Esse é o "perigo" que os "espíritas" alertam na Internet: incapazes de trazer argumentos consistentes, diante de tantas contradições cometidas, eles agora pregam que a Internet virou o "reduto da calúnia" e, aos choramingos, reclamam que "estão sendo perseguidos e escorraçados sem perdão".

Esquecem eles de que, se Chico Xavier e Divaldo Franco fizeram o "espiritismo" desviar-se do caminho kardeciano, com mais radicalismo que nos tempos de Dias da Cruz, Elias da Silva e Bezerra de Menezes, quando o roustanguismo era assumido e explícito, não há como eles ficarem livres de questionamentos.

As obras dos dois são do mais gosmento moralismo igrejista, e uma simples leitura dos livros de Xavier e Franco pode revelar, com facilidade, passagens que contrariam rigorosamente o pensamento de Allan Kardec, através das contradições das mais aberrantes.

O que fazer, diante disso? Deixar para lá? Achar que os muitos livros deturpadores "erraram", mas "trazem outras lições de sabedoria"? Ou deixar a lógica para lá e "acreditar"? Aceitar tudo porque é "trabalho do bem"? Achar que a desonestidade doutrinária é válida porque os deturpadores são "bondosos"?

É por isso que se questiona. E é por isso que existem páginas na Internet que contestam aquilo que nem a mídia, nem a comunidade acadêmica e nem a Justiça se encorajam em questionar, presos a estereótipos de "amor e bondade" que revelam o vício do deslumbramento fácil com as aparências.

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