quinta-feira, 10 de março de 2016

Malba Tahan considera fraude "psicografia" atribuída a Humberto de Campos


Importante escritor, professor e pedagogo, o carioca Júlio César de Melo e Souza, conhecido pelo pseudônimo de Malba Tahan (1895-1974), também matemático e autor de várias obras infanto-juvenis, disse coisas duras sobre a suposta psicografia de Humberto de Campos lançada por Francisco Cândido Xavier.

Com comentários contundentes que demonstram a fraude dos trabalhos de Chico Xavier, Malba Tahan, entre outras coisas, pensava em proibir a publicação de obras desse tipo e ele, que frequentou "centros espíritas", já ouviu uma conversa de dois "médiuns" discutindo qual seria o escritor mais rentável depois de morto.

O comentário pode chocar quem se acostumou com a falsa psicografia como se fosse "autêntica", e blinda Chico Xavier de qualquer maneira, até em relação aos seus piores erros. O comentário de Malba Tahan é um soco na barriga dos que pensam que se pode ser desonesto em nome do "pão dos pobres".

As declarações abaixo não partem, portanto, de alguém invejoso ou um caluniador barato contra o "trabalho do bem", mas alguém que, como integrante da classe dos escritores, se sente constrangido com obras "espirituais" que não correspondem ao estilo original que os autores deixaram em vida, e que, podendo ler atentamente, identificam fraudes severas nestas obras "mediúnicas".

Seguem as declarações de Malba Tahan, dadas à Revista da Semana de 08 de julho de 1944, a respeito do caso Humberto de Campos, que tomava conta dos noticiários brasileiros daquela época, devido ao processo judicial movido pelos herdeiros do autor maranhense:

"É um pastiche grosseiro. Sobram lugares comuns e pululam incorreções que Humberto não cometeria. Aliás, tentando impedir tais mistificações, apresentei à Sociedade Brasileira de Escritores um projeto de lei, proibindo a publicação dessa espécie de obras, sem a autorização expressa do autor, dada quando em vida. Trata-se de uma exploração da obra de um escritor. Livros como esses viriam comprometer o valor do conjunto, pois não há exemplo de uma obra desse gênero à altura do escritor durante a vida.

Os médiuns escolhem estilos inconfundíveis e facilmente imitáveis como os de Humberto, Augusto dos Anjos etc. Aliás, já surpreendi uma conversa na qual dois deles discutiam as desencarnações mais proveitosas, e, entre outros, incluíam Marques Rebelo, Catulo da Paixão Cearense, Olegário Mariano, Álvaro Moreyra e este seu criado... Não discuto da doutrina espírita, mas todas as sessões a que assisti, aqui no Rio, como em Minas, S. Paulo e na Bahia, me pareceram mistificações".

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