sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Por que as mulheres da geração 1970-1971 são mais estáveis no casamento?


Das mulheres que hoje têm em torno de 44 ou 45 anos, de um total de dez sete vivem um casamento estável, uma ou duas não estão casadas mas têm namorado e uma ou nenhuma está sem namorado. Se usarmos como critério grupos de vinte mulheres, teremos cerca de quinze casadas, quatro namorando e uma simplesmente sozinha.

Pesquisas feitas nas mídias sociais ou buscando personalidades femininas famosas no Internet Movie Database (IMDb), observa-se que a geração de mulheres nascidas entre 1970 e 1971, e algumas nascidas em 1968 e 1969 ou em 1972 e 1973 (em certos casos, em 1974 e 1975), predominam as casadas estáveis, não necessariamente esposas dos "homens de seus sonhos".

As mulheres dessa faixa etária se dividem entre aquelas que se mantém estáveis no primeiro casamento ou aquelas que só buscam a estabilidade no segundo ou terceiro casamentos. Até o perfil de seus maridos tem dado predominante: geralmente de dois a cinco anos mais velho, com algum cargo influente. Os casais costumam ter de dois a três filhos.

A presença de mulheres solteiras é excepcional. Evidentemente várias solteiras brasileiras vão reclamar, afinal, nesse país louco como o Brasil a exceção quer ser a regra. A verdade é que as solteiras de 44, 45 anos ou algo em torno dessa faixa etária são muito raras e há possíveis aspectos sociológicos para tal constatação.

Em 1969, o movimento hippie se consagrava como o auge da ideologia juvenil da liberdade plena, do hedonismo puro. Consta-se que os hippies começaram a surgir por volta de 1963, na Califórnia, com as caraterísticas observadas na chamada "nação Woodstock". 1969 foi apenas o apogeu disso tudo, o que deixou a sociedade "normal" bastante horrorizada.

De certo, a liberdade juvenil começou a decair então, pois Woodstock parece ser o canto de cisne de um sonho juvenil que percorreu os idos de 1963 a 1969. Pouco depois, haveria a violência do festival de Altamont e a chacina da seita de Charles Manson, o que derrubou toda a mística que os hippies e outros grupos sociais da Contracultura transmitiram para a sociedade, através do mito do "Poder Jovem".

No começo dos anos 1970, a alta sociedade tinha que se reinventar e a época foi marcada por um ideal de resgate de aspectos glamourosos de riqueza, etiqueta social e valores moralistas. Homens com paletó, carrões de luxo do tipo muscle car (como o Opala ou SS, da General Motors, que consagra o formato antecipado em 1959 pelo Impala), as bebidas alcoólicas, as festas de gala etc.

A alta sociedade queria se reafirmar e se impor como um modelo de vida para as pessoas. No Brasil, o "milagre brasileiro" apenas foi uma tímida reprodução do que acontecia nos EUA, que fazia uma campanha maciça para desmoralizar os hippies e similares com o ideal de "ser granfino". Até surgir o punk rock e os seriados de TV que denunciavam os "podres" do mundo granfino, já por volta de 1976, a alta sociedade vendia uma imagem de perfeição e superioridade.

Na classe média, a ideia era retomar o ideal de vida da busca profissional, da realização familiar e do respeito às convenções sociais. Não é difícil imaginar que as mulheres nascidas em 1970 e 1971 voltaram a serem educadas para serem mães e formarem famílias, sem a "irresponsabilidade" de ficarem solteiras na vida adulta plena, ainda que passassem por algum casamento, isso quando não é a ideia de ficar solteira sempre, que o anedotário popular define como "ficar pra titia".

Por isso as mulheres de 1970 e 1971 acabaram, em maioria, sendo educadas para ficarem sempre em algum casamento estável. A ideia é formar uma família sólida, com um marido que, por mais insosso que seja, tenha capacidade de sustentar mulher e filhos e ter uma rotina com um mínimo de paz e tranquilidade possíveis.

A educação não temia pregar o alpinismo social. Pais e mesmo mães diziam para suas meninas que ficar solteira o resto da vida ou optar pela solteirice após um casamento fracassado eram um tipo de perdição, e a mulher não se daria conta de cuidar dos filhos sem a companhia e o sustento de um marido.

Até valores da vida moderna mudarem os conceitos, sobretudo com o feminismo crescendo nos anos 1980, a ideia da mulher depender de um marido prevaleceu e até criou uma situação híbrida da mulher nascida em 1970 e 1971 buscar a emancipação social, mas sem abrir mão de viver com um marido geralmente insosso, mas capaz de sustentar e participar da vida dela com os filhos.

Somente gerações posteriores se tornaram ainda mais flexíveis. É curioso que o número de solteiras após os 30 anos aumentou em mulheres nascidas sobretudo a partir de 1977. Os valores de vida amorosa se tornaram, aos poucos, mais moderados e hoje muitas mulheres podem se casar ou não sem se preocupar com alpinismo social, e as estruturas familiares se diversificaram de forma surpreendente.

Há casos de casais homoafetivos, que incluem mulheres lésbicas. Há mulheres que se tornam mães sem se casarem com seus namorados. Há mães solteiras que arrumam um jeito de se virarem sozinhas. O mundo mudou, embora haja ainda, nas mentes de muitas mulheres de 44, 45 anos ou em torno dessa faixa etária, a lembrança da educação maternal que as aconselhava a formarem uma concepção tradicionalista de família, com marido e filhos.

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