domingo, 8 de novembro de 2015

O que acontecerá com o "movimento espírita" brasileiro?


A crise que atinge o "movimento espírita" brasileiro, com reflexo em outros países que seguem essa religião, da qual se destaca a figura do anti-médium Francisco Cândido Xavier, deixa seus líderes e simpatizantes numa situação de impasse.

Perdidos na escolha que fizeram, eles têm que suportar os efeitos drásticos da opção feita, de desenvolver um "espíritismo" brasileiro que tem mais a ver com Catolicismo do que com a doutrina de Allan Kardec e cuja prática mediúnica não passa de um monte de simulacros.

Combinando valores doutrinários do Catolicismo português de linha medieval - que continuava influente no Brasil na época da fundação da Federação "Espírita" Brasileira - com práticas hereges ocultistas, os primeiros visando "atenuar" o cientificismo de Allan Kardec, as segundas a compensar toda a falta de estudo sobre mediunidade, o "espiritismo" simplesmente estagnou de vez.

Mergulhado no atoleiro em que se envolveu, o "espiritismo" não consegue mais justificar sua existência. Tentou usar, em causa própria, ideias trazidas pelo espírito Erasto ou pelo Controle Universal dos Ensinos dos Espíritos, como se quisesse dar a impressão de que mantém profunda coerência com a doutrina kardeciana.

Mas é só apresentar análises sérias, comparações, questionamentos, para demolir os posicionamentos que os líderes "espíritas", de maneira chorosa, tentam escrever em textos produzidos em baixa quantidade, porque lhes faltam argumentos lógicos para suas teses.

A tendência vigente nos últimos 40 anos, de postura dúbia em declarar suposta fidelidade a Allan Kardec e endeusar anti-kardecianos como Chico Xavier e Divaldo Franco, está sofrendo uma dura prova, perdendo a batalha diante do costume de "acender a vela" para duas correntes opostas entre si.

Simular cientificismo, evocar Erasto, C.U.E.E., bajular José Herculano Pires e, sobretudo, atacar Jean-Baptiste Roustaing, torna-se em vão na medida em que seus retóricos também fazem comentários e declarações entusiasmadas em favor de Xavier e Franco.

Eles chegam mesmo a reproduzir textos de Emmanuel em seus blogues. Tentam, também, evocar André Luiz e toda a bibliografia "selecionada" trazida por Chico Xavier. Só que, nesse caminho cercado de árvores frondosas e flores brilhantes, eles se atolam no buraco da falta de lógica que se encontra em algum momento de seu asfalto que lhes parecia uma rota segura para sua caravana triunfante.

Isso porque os livros de Chico Xavier, lidos com atenção, se revelam aberrações que contrariam frontalmente as ideias trazidas por Allan Kardec, em contradições gravíssimas que nenhuma desculpa do tipo "mas Chico atualizou o pensamento kardeciano" conseguem sequer ser consideradas.

Não convence o malabarismo discursivo em que, num momento, se "admite" que muitos dos "espíritas" teriam sido padres em outra encarnação, como meio de "justificar" a catolicização da doutrina brasileira, e, em outro, "aceitar" que Allan Kardec equilibrava Ciência, Filosofia e Moral em sua Doutrina Espírita e depois, feliz da vida, comemorar uma homenagem dada a Divaldo Franco.

Exaltar o caráter religioso, de um lado, mas de outro, reprovar a "vaticanização do Espiritismo" também é inconvincente. Como tantas e tantas desculpas, em que as irregularidades da prática da Doutrina Espírita são "justificadas" pela promoção da bondade, da fraternidade e da caridade.

Não se sabe até que ponto os "espíritas" usarão os mesmos argumentos de suposta fidelidade a Kardec e exaltado apreço a Xavier e Franco. Até quando essas contradições permanecerão de pé. Enquanto isso, o lado dos contestadores do "espiritismo" brasileiro se observam cada vez mais exemplos que comprovam que criticá-lo nada tem a ver com calúnia nem com inveja contra "homens de bem", mas de cobranças reais da coerência que a doutrina brasileira se recusa a ter.

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