quinta-feira, 5 de novembro de 2015

O PMDB carioca e sua aberrante falsidade

EDUARDO PAES, NO CHUVEIRÃO DA PRAIA ARTIFICIAL DE ROCHA MIRANDA, NO PARQUE MADUREIRA - O político elitista fazendo populismo eleitoreiro.

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, vive seu inferno astral. Ele poderá perder seu cargo, porque a referida casa legislativa, em sua Comissão de Ética, instaura processo para destitui-lo do cargo, devido a denúncias de corrupção na Petrobras e nos depósitos de contas na Suíça.

Eduardo Cunha ameaçou mergulhar o Brasil num processo de obscurantismo e retrogradação social. Com suas "pautas-bombas", ele queria combater conquistas sociais históricas, sobretudo referentes à proteção da criança e do adolescente e às garantias trabalhistas, além de ignorar a mudança nas estruturas de composição familiar que ocorrem nos últimos tempos.

Prepotente, arrogante e mentiroso, Cunha, marido da ex-jornalista da Rede Globo, Cláudia Cruz - considerada estonteante pelos fãs da moça, que chegou a apresentar o telejornal Hoje - , era o PMDB carioca levado às últimas consequências e foi longe demais com seu reacionarismo.

É certo que o Rio de Janeiro passa por retrocessos profundos, seguindo a decadência que atinge a São Paulo que antes era referência de desenvolvimento para o país. São Paulo foi abatida pelo malufismo e pelo tucanato e hoje é o Estado das enchentes que se combinam contraditoriamente com a falta d'água nos reservatórios, além dos incêndios nas favelas, da criminalidade do PCC, dos arrastões no Morumbi, do decadente sistema de ônibus, da mídia reacionária e retrógrada.

O Rio de Janeiro tornou-se a "referência alternativa" das elites que não conseguiam transformar a Avenida Paulista na "Meca" brasileira. Mas o Estado e sua ex-Cidade Maravilhosa sofrem um declínio tão grande que se manifesta na supremacia de elites intolerantes e prepotentes que ditam o que deve valer para o país na cultura, na política, no mercado e até na mobilidade urbana.

Antigos parasitas do brizolismo, convertidos de um lado ao direitismo ranzinza da linha César Maia, ao bonapartismo encrenqueiro de Jair Bolsonaro e da tecnoburocracia populista do PMDB carioca, compõem a política mais retrógrada que se observa em um Estado da nação.

A tragédia supera até mesmo a Bahia de Antônio Carlos Magalhães que, com toda a figura prepotente do falecido líder baiano, se permitia haver uma parcela íntegra e atuante da esquerda local, que não se iludia sequer com o oportunismo parasita de canastrões político-midiáticos como o medíocre radialista Mário Kertèsz.

Pois nem essa esquerda que resiste a gralhas políticas fantasiadas de pavões progressistas o Rio tem. Fora figuras realmente íntegras como Jean Wyllys - curiosamente, um baiano - , o ex-jogador Romário e a parlamentar Jandira Feghali, não há alternativas para o avassalador e preocupante populismo tecnocrático do grupo de Eduardo Paes, Luiz Fernando Pezão e Eduardo Cunha.

Envergonhados com a péssima repercussão do político Eduardo Cunha, que elegeram com a esperança de "resgatar a moralidade", os cariocas, que não costumam protestar contra muitos problemas, só decidiram protestar contra Cunha depois que até as Organizações Globo passaram a endossar a oposição ao presidente da Câmara Federal.

Por outro lado, porém, os cariocas parecem subservientes e até felizes com a demagogia e os prejuízos que a falsidade discursiva de Eduardo Paes e outros pavões do palavreado, como Carlos Roberto Osório, José Mariano Beltrame, Rafael Picciani e o sisudo tecnocrata Alexandre Sansão (que não parece uma pessoa que se identifique com qualquer interesse público do povo carioca).

A falsidade é tanta que eles impõem medidas que transformam o Rio de Janeiro num mero balneário para as elites ou num sistema de transporte coletivo que de coletivo nada têm, acobertando a corrupção político-empresarial com pintura padronizada nas frotas de ônibus para acobertar outras aberrações decididas para o sistema (como o encurtamento de percursos de linhas), e usam de qualquer desculpa para esconder suas cruéis intenções.

Eduardo Paes, que governa como se fosse um sub-síndico de condomínio de luxo, e trabalha o Rio de Janeiro para ser uma caricatura de Barcelona, é um artífice nas desculpas que faz tentando fazer o povo convencer que suas medidas arbitrárias são "em favor do interesse público".

Ele se diz capaz de tudo, de fazer grandes projetos de habitação, de promover o urbanismo com sustentabilidade, de garantir bem-estar para todas as classes sociais, e aparece brincando de skate com adolescentes e tomando banho de chuveirão com suburbanos como forma de parecer bonzinho para a população.

Outros políticos de seu grupo, como Rafael Picciani, Alexandre Sansão, Carlos Roberto Osório, Sérgio Cabral Filho e José Mariano Beltrame também são dados a dar um discurso "generoso" eventualmente aliado a argumentações pretensamente técnicas e objetivas.

Como atual secretário municipal de Transportes, Rafael Picciani tentou em vão desmentir que as mudanças impostas às linhas de ônibus, eliminando gradualmente a ligação direta Zona Norte-Zona Sul, eram formas de segregação social e, mentindo descaradamente, tentou argumentar que apenas 20% da população sofreria impacto negativo com as mudanças.

Carlos Roberto Osório, com seu ar militaresco, tenta parecer paternal e simpático recebendo um grupo de jovens vinculados a Fetranspor através de um projeto de aparentes propostas de melhorias para o sistema de ônibus, que no fundo só trocarão seis por meia-dúzia deixando tudo na mesmice do sistema retrógrado implantado na capital fluminense em 2010.

Enquanto o Rio de Janeiro sofre o crescimento da violência fora dos índices aceitáveis para uma metrópole, além de um retrocesso sócio-cultural que é patrocinado até pela grande mídia - uma Rádio Cidade que trata os jovens como "débeis-mentais" e um mercado do "funk" que faz o mesmo com a juventude das periferias - , o país corre um sério perigo.

Afinal, todos esses deslizes vertiginosos da vida carioca podem se impor, como já se impõem, como modelos a serem seguidos pelo resto do Brasil. A ameaça que isso representa tende a impedir que regiões como Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que começam a despertar contra os retrocessos que décadas de dominação coronelista impuseram a elas, tendem a retroceder novamente.

Isso porque os retrocessos vividos por essas regiões, na medida em que passam a valer também no Rio de Janeiro - como valeram em São Paulo, nos anos 90 e 2000 - , podem reciclar seus paradigmas que são "devolvidos" ao resto do país como se fossem uma "novidade".

Desta forma, valores típicos do coronelismo mais matuto, na medida em que se "realimentam" no eixo Rio-São Paulo, voltam para as regiões não mais como valores decadentes, mas valores "modernos" e "universais", voltando ao mesmo quadro de retrocessos e humilhações que as regiões estavam cansadas de sofrer.

E muito disso se deve à falsidade do PMDB carioca, que impõe arbitrariedades se dizendo defensora do interesse público e comete ilegalidades dizendo que agem sob o rigor da lei. Se Eduardo Cunha deixar a Câmara dos Deputados, restará a supremacia carioca de seus pares.

E o perigo que Cunha representava continuará a valer, porque com a retrógrada atuação de Eduardo Paes e companhia, o país continuará à mercê de tantas decadências e prejuízos, já que eles partem de um modelo político antiquado, mas que vigora numa cidade como o Rio de Janeiro, ainda considerada referencial para todo o país. O PMDB carioca é todo Eduardo Cunha.

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