quarta-feira, 4 de março de 2015

Nosso Lar e a fria hospitalidade dos espíritos "socorristas"

LEONARD NIMOY COMO SPOCK EM JORNADA NAS ESTRELAS E OS PERSONAGENS EMMANUEL E ANDRÉ LUIZ NO FILME NOSSO LAR.

No último dia 27 de fevereiro, faleceu, com 83 anos - na verdade, 84 incompletos - o ator, cineasta, poeta, fotógrafo e pintor Leonard Nimoy, um dos mais populares atores de seriados antigos de TV, marcado pelo personagem Spock do seriado Jornada nas Estrelas (Star Trek).

Spock era oficial e cientista que integrava a tripulação da nave USS Enterprise, comandada pelo capitão James T. Kirk (William Shatner, ao longo dos anos grande amigo de Nimoy). Spock era natural do planeta Volcano, aparentemente sisudo e insensível, mas eventualmente tentando viver sentimentos de emoção humana.

Leonard, no entanto, era bastante alegre e jovial na vida real. E, através da popularidade de Spock, acumulada desde 1966, o ator pôde interagir com várias gerações de fãs, sobretudo as mais recentes, nos seus últimos anos de vida.

Star Trek é um dos maiores sucessos do filão de ficção científica da história da televisão, tendo se originado de um roteiro que o escritor e roteirista Gene Roddenbery (1921-1991) preparava desde 1964. E, como nas grandes obras de ficção científica, há uma preocupação em mostrar uma realidade extra-terrena verossímil, quase sempre em compreensão próxima à lógica científica.

E aí, entra o caso do livro Nosso Lar, do suposto espírito "André Luiz", que parece ter sido criado a partir de sugestões do adolescente e fã de Chico Xavier, Waldo Vieira, fã de ficção científica e depois parceiro do anti-médium mineiro.

Nosso Lar se autoproclama não uma ficção científica, mas um relato "realista" do mundo espiritual. Ou seja, é quase um "diário de viagens" ou mesmo uma "reportagem", na interpretação dos "espíritas" chiquistas.

A obra, de 1943, é considerada "ambiciosa", mas não portadora da suposta "façanha" que uma classe de acadêmicos "espíritas", através de um trabalho monográfico, atribuíram ao livro seguinte, Missonários da Luz, de 1945, aparentemente uma continuação do "relato anterior" de "André Luiz".

Os acadêmicos, sem verificarem rigorosamente os conteúdos dos livros sobre anatomia humana publicados na época de Missionários da Luz,existentes no seu período de elaboração, provavelmente da primeira metade dos anos 1940, eles se basearam em fontes recentes e interpretações genéricas para supor que "André Luiz" havia antecipado conhecimentos complexos sobre a glândula pineal.

Dentro de critérios confusos e imprecisos, atribuiu-se aos livros "biográficos" sobre a "vida espiritual" do suposto médico, não apenas um relato supostamente realista e verídico, mas um documento de "pioneiras descobertas científicas".

E tudo isso dentro de obras que, entre outras coisas, apresentam formas de suposto auxílio humano nas ditas "colônias espirituais". Notaram que, através da forma personificada pelo filme Nosso Lar, o comportamento dos espíritos "socorristas é, apesar de sereno, frio e insensível?

Mesmo que uns reclamem que esse estereótipo "só é" trabalhado pelo filme, a verdade é que ele mesmo é trabalhado pelo "movimento espírita" como um todo. Pessoas gentis mas de personalidade "gélida", ao mesmo tempo paternalistas e quase autômatas, que parecem sugerir que o ideal espiritólico de "superioridade espiritual" requer frieza de emoções.

E isso dentro de um cenário em que aparecem hospitais que lembram shopping centers, que adotam uma pedagogia igrejista, uma disciplina de internato escolar e um asséptico ambiente social que lembra um "campo de golfe".

Ser hospitaleiro com um comportamento gélido mais parece um arremedo de ficção científica ruim do que de uma demonstração de suposto aprimoramento moral e intelectual do povo das "colônias espirituais". Se isso é ser "da mais alta elevação moral" segundo o "movimento espírita", então nós não sabemos mais o que estamos fazendo.

Isso nos faz constatar que o Spock de Star Trek era muito mais humano e sensivel do que os "espíritos elevados" de Nosso Lar. E, vendo o que o saudoso Leonard Nimoy foi, uma pessoa jovial e alegre, concluímos que há muito mais boas vibrações e alegrias fora das tétricas pregações "espíritas".

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