domingo, 29 de março de 2015

"Espiritismo" e a "religião" do futebol

TIMES CARIOCAS SÃO CONHECIDOS PELO FANATISMO LOCAL QUE FAZ COM QUE TORCER POR UM DOS QUATRO MAIORES TIMES SEJA VISTO COMO "OBRIGAÇÃO" SOCIAL.

No dia do "amistoso" entre as seleções do Brasil e da França, as mídias sociais sofreram mais um ato de vandalismo feito por torcedores fanáticos de futebol. Uma comunidade dedicada a questionar o fanatismo no esporte foi "invadida" por membros que publicaram, em ação coletiva combinada, mensagens grosseiras ou sarcásticas em defesa do esporte. O responsável pela comunidade, no dia seguinte, já informou que deletou as mensagens e expulsou os bagunceiros.

Isso mostra o quanto o Brasil sofre com o fanatismo futebolístico. E isso mostra o quanto a ideia de "religião" se estende para outras coisas. Pode ser uma emissora de rádio, como a Rádio Cidade, no Rio de Janeiro, em que seus seguidores nem sabem direito o que é rock (para eles é uma barulheira feita só para "extravasar" os instintos nervosos), mas veem a palavra como uma "seita" em que a palavra "rock", tendo a Rádio Cidade como "templo eletrônico", é sua profissão de fé, mesmo que a ideia de rock se reduza a um programa de besteirol, por exemplo.

E a própria Rádio Cidade tem um besteirol esportivo, o Rock Bola, que seus fanáticos intransigentes - que julgam a cultura do rock de acordo com seus próprios umbigos - consagram como uma promoção do futebol como "esporte rock'n'roll", mesmo quando a quase totalidade dos jogadores não se interessa por esse ritmo que os ouvintes da Cidade não sabem direito o que é, senão "mera sonzeira".

E aí entra também a "religião" do futebol, que faz com que, no caso do Rio de Janeiro, o cidadão seja obrigado a torcer por algum dos times de futebol mais populares (Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo), sob pena de ser visto como antissocial e sofrer até mesmo bullying ou qualquer tipo de vandalismo digital (trolagem e cyberbullying).

É conhecido o fanatismo pelo futebol brasileiro, um hábito cultivado pela ditadura militar através do ufanismo da Copa do Mundo de 1970. Antes disso, era crescente a popularidade pelo esporte, mas era uma coisa mais opcional, o futebol não era considerado um esporte de valor totalitário como se observa hoje.

Há quem veja no futebol a medida de todas as coisas. E as mulheres fanáticas por futebol devem isso aos pais machistas que as levavam desde pequenas aos estádios de futebol e constituem também numa massa para o faturamento dos clubes esportivos que precisam atrair um público eclético para as partidas. Cria-se a "religião da bola" para transformar os jogos de futebol em verdadeiros cultos, garantindo faturamento permanente e poderio para os "cartolas" (dirigentes esportivos).

A FEB GOSTA DE FUTEBOL

Existem analogias de práticas e ideias tanto da Federação "Espírita" Brasileira quanto da Confederação Brasileira de Futebol. A prepotência, a propaganda sensacionalista, a "devoção", o culto a totens e dogmas, tudo isso faz com que FEB e CBF sejam irmãs em muitas causas.

E não é apenas isso. A própria FEB parece gostar muito desse fanatismo futebolístico, só faltando dizer que as torcidas organizadas cometem violência para promover "reajustes espirituais" para determinados indivíduos em "provação".

Há o caso do falecimento de Francisco Cândido Xavier, em 30 de junho de 2002, que sacramenta a aliança CBF e FEB. A morte de Chico Xavier evoca uma declaração que ele teria dado, de que só morreria num dia em que o povo brasileiro estivesse "muito feliz". E aí veio a morte no dia do "penta".

Claro, essa noção de "felicidade" atribuída ao futebol, sobretudo numa das piores, rabugentas e trapaceiras competições mundiais, a sórdida Copa do Mundo Japão e Coreia de 2002, em que a seleção vencedora foi a Seleção Brasileira que não estava nos melhores dias e fez uma das piores campanhas de toda sua História, revela esse lado "religioso" da histeria futebolística.

Essa devoção exagerada, que como todo sentimento de fanatismo religioso só expressa amor quando tudo está favorável para seus seguidores, no entanto é capaz de gerar ódio e violência à menor contrariedade. Esse é o sentimento dos fanáticos. Eles só são "puro amor" quando tudo está de acordo com o que eles acreditam, mas se não está, eles se enfurecem.

Os seguidores de Chico Xavier também são assim. Vide as reações daqueles que são contrariados de uma forma ou de outra por alguém que questiona os valores e práticas associados ao anti-médium mineiro. O caso Amauri Pena foi um exemplo de como os chiquistas podem ser rancorosos, quando o falecido sobrinho ameaçou revelar irregularidades nos bastidores do "espiritismo" brasileiro.

Já se analisa o perigo desses fanatismos. Ninguém vai dizer abertamente que cria grupos extremistas para fazer terrorismo e pregar a violência. Todos vão dizer somente que se agrupam em nome do "amor" e da "paz", mas tão logo surge alguma adversidade, eles reagem com violência e rancor.

 O perigo do fundamentalismo já faz, no caso do futebol, com que nos ambientes de trabalho pessoas façam bullying contra quem não curte futebol, que está sujeito às piores humilhações ou o mais surdo desdém. Por outro lado, as torcidas organizadas praticam violência até contra quem nada tem a ver com as brigas entre torcidas, criando insegurança e medo para a população em volta.

No "espiritismo", o fundamentalismo já é uma realidade. A irritação que muitos seguidores de Chico Xavier sentem quando há algo que vai contra o mito do anti-médium mineiro é algo preocupante, como se observam em casos diversos ao longo dos anos, em que desde Amauri Xavier até jornalistas que investigaram o caso Otília Diogo receberam ameaças violentas dos seguidores do dito "homem chamado Amor".

Por isso, convém tomar cuidado com os fanatismos, que só são alegres quando todo mundo compactua com seus seguidores, sempre desejando uma unanimidade forçada. Se ela não é possível, os fanáticos tornam-se violentos, sarcásticos, chantagistas, gozadores, variando as reações negativas conforme o contexto, mas sempre humilhando alguém.

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