quarta-feira, 25 de março de 2015
"Espiritismo" também tem sua "Torre de Babel"
Já descrevemos que os "espíritas" vivem de especulação, entendendo os processos mediúnicos e a vida espiritual através de suposições que, na preguiça de se estabelecerem estudos realmente sérios sobre o contato com espíritos, não somente tomam como "verídica" meras impressões da imaginação como criam divergências dentro do "movimento espírita".
Sim, existem divergências de toda ordem. O caso do "Jesus fluídico" de Jean-Baptiste Roustaing, defendido até por Chico Xavier (isso mesmo), cria divisões sérias entre os "espíritas". E mesmo a suposta condição espiritual do primeiro presidente da República brasileira, Marechal Deodoro, criou divergência séria entre o próprio Chico e seu amigo e parceiro Divaldo Franco.
Chico Xavier dizia que Marechal Deodoro reencarnou em Fernando Collor de Mello, só pelo fato deste político corrupto (recentemente mencionado na lista da Operação Lava-Jato), ex-presidente da República e hoje senador, tem domicílio político na Alagoas onde nasceu Deodoro. Já Divaldo Franco, nos seus falsetes pseudo-psicofônicos, alegava que Deodoro ainda estava no mundo espiritual.
As pessoas não se entendem em muitos ritos e dogmas "espíritas". Um exemplo é o tempo que se deve fazer o "Evangelho no Lar", rito religioso que o "movimento espírita" recomenda às famílias realizarem num horário e dia fixos, em suas casas.
Esse rito é feito através da leitura do livro Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec (de preferência, evitando a tradução de José Herculano Pires, que desmascara os "espíritas", e abrindo aleatoriamente para evitar a leitura do Controle Universal do Ensino dos Espíritos que Kardec publicou no começo do livro), com um copo de água fluidificada "agindo" durante a leitura.
Há uma grande divergência quanto ao horário de duração do "Evangelho no Lar". Alguns "centros" recomendam a duração de 10 minutos, outros 15 minutos, outros adiante falam em meia-hora, e há quem diga que deva durar uma hora, mas neste caso é mais raro. Não há um consenso "espírita" quanto ao tempo que essa prática, que Kardec, em verdade, nunca recomendou, deveria durar.
A visão do umbral ou das colônias espirituais também cria divisões entre os "espíritas". Numa analogia aos "mundos espirituais" grosseiramente estabelecidos pelo moralismo do Catolicismo medieval, que dividem esses "mundos" em Céu, Purgatório e Inferno, em ordem decrescente de mérito moral, não há um consenso sobre como se dá essa analogia no "movimento espírita".
Algumas fontes definem o umbral como a analogia do Inferno, como o lugar pleno para os espíritos endurecidos experimentarem o sofrimento. Outras fontes já definem o umbral como um Purgatório, um ambiente mediano de expiação dos sofrimentos.
A obra Nosso Lar, arremedo de ficção científica que retrata a suposta vida espiritual do fictício André Luiz, embora defina o umbral como um "inferno" povoado de espíritos mórbidos (no filme eles mais parecem zumbis pós-modernos vindos de alguma peça do Living Theatre), ele parece um estágio provisório típico de um Purgatório.
Enquanto isso, o próprio Nosso Lar, a tal "colônia espiritual" que o "movimento espírita" jura com os pés juntos que existe sobre o Rio de Janeiro, é visto ao mesmo tempo como um "purgatório", no sentido de um grande complexo igrejista-hospitalar, como uma morada de "espíritos superiores", conforme indicam os seus gélidos, bondosos mas insensíveis membros da cúpula.
Há controvérsias quanto a presença ou não de animais domésticos nos mundos espirituais. Há quem diga que existem práticas sexuais no mundo espiritual. Há lanchonetes, restaurantes e há quem sugira haver até motoqueiros rebeldes, tipo Hell's Angels, ou cassinos nos mundos espirituais. Tudo sem estudo, sem pesquisa, todo mundo supondo ao sabor de suas convicções.
Depois todo mundo se julga fiel ao cientificismo de Allan Kardec, mesmo quando rebaixa a Doutrina Espírita a um espetáculo de suposições e simulações (quase toda a "mediunidade" praticada no país não passa de um faz-de-conta sem ligação com os contatos espirituais) que se nivela às mais fúteis práticas de mesas giratórias e das tábuas Ouija que divertiam os místicos no Primeiro Mundo.
É isso que se reduziu o "espiritismo" brasileiro, a uma prática de frivolidades, suposições, fantasias e delírios que acabam criando um clima de desentendimentos diversos entre seus membros, criando dissidências diversas (como as de Waldo Vieira, Alamar Régis Carvalho, os Gasparetto e outros) e transformando a doutrina brasileira numa tradução bagunçada da Torre de Babel que gerou desentendimento entre seus construtores sobre que forma alcançar a plenitude do céu.
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