quinta-feira, 26 de março de 2015

As pessoas buscam a semente de uma árvore pela erva daninha


O grande mal dos brasileiros nas últimas décadas é sempre buscar a semente de uma árvore pela erva daninha. Isso acontece em várias áreas das atividades humanas, em que parasitas se tornam senhores de seu hospedeiro e penetras se tornam anfitriões da festa que invadem.

Desde 1964, o Brasil parece sofrer de uma queda vertiginosa de qualidade de vida. Tivemos mais prejuízos que benefícios, e tão somente lutamos para sobreviver e a acomodação das pessoas hoje, que envergonhariam os brasileiros dos primeiros anos da ditadura militar,

Aceitamos absurdos que seriam inconcebíveis há 50 anos, somos prejudicados sem saber, feridos sem que possamos gemer de uma dor que temos sem sentir. Exaltamos canastrões, aprovamos incompetentes, reabilitamos algozes, endeusamos canalhas.

A acomodação ocorreu de tal maneira que qualquer coisa pode nos ser prejudicial, desde que permita alguma condição mínima de sobrevivência. Nem que seja só para almoçar, jantar e dormir, enquanto o prejuízo se acumula nos últimos 50 anos, distribuídos em doses homeopáticas.

Há o caso extremo do povo do Rio de Janeiro, à mercê de aceitar ou se conformar com as arbitrariedades que existem na política, nos meios de comunicação, na cultura, transportes, alimentação e tudo o mais. Já se fala até que carioca endeusa até cocô de passarinho, devido ao estigma de aceitar tudo que é decidido "de cima".

O Brasil se tornou surreal que a gente imagina que, com o falecimento do jornalista Sérgio Porto em 1968, com apenas 45 anos, seu FEBEAPÁ - Festival de Besteiras que Assola o País - obra de três volumes (que teria continuidade, não fosse a morte de seu autor) sob o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, simplesmente saiu do papel e continua produzindo absurdos até hoje.

Isso cobra um preço muito caro, diante de tantas coisas que os brasileiros têm que aguentar. Nem precisamos fazer uma relação de todos eles, porque os problemas são conhecidos. Só o racionamento de água já é uma aberração, se comparar que os povos do Egito Antigo eram capazes de aproveitar áreas desérticas para produzir agricultura, com admirável sistema de irrigação.

É preocupante. O Brasil decaiu em 50 anos, que voltamos ao tempo do Segundo Império e da República Velha, talvez até antes, em que o "novo" não passa de uma máscara para reciclar ideias decadentes e práticas retrógradas. E ainda esperamos uma família real desembarcar no país para que algum progresso relativo fosse implantado.

E A DOUTRINA ESPÍRITA?

O caso da Doutrina Espírita, então, é aberrante. É assustador o número de pessoas que desejam recuperar as bases científicas de Allan Kardec com... Chico Xavier e Divaldo Franco! Sim, isso mesmo! E assim os "espíritas" brasileiros correm atrás dos próprios rabos.

Buscar a semente de uma árvore através de erva daninha é, infelizmente, uma mania nacional. Com casos mais extremos ocorrendo no Sul e Sudeste e, em especial, o Rio de Janeiro, pela primeira vez, em cem anos, experimentando um novo surto de provincianismo de fazer qualquer acreano ficar de queixo caído.

No caso da Doutrina Espírita, o que se observa é que as pessoas criticam os descaminhos do "movimento espírita", o excesso de religiosismo, as deturpações de ideias e os dogmas cada vez mais fantasiosos, mas tudo acaba reduzindo a uma queixa, corretíssima mas insuficiente, de que os "espíritas" simplesmente "leram mal Allan Kardec".

O problema do erro do "movimento espírita" vai muito além da "má leitura" de Kardec. Tanto que o que se viu foi a repetição de mesmos erros, de fraudes supostamente mediúnicas, de deturpações religiosistas, de pregações moralistas da pior espécie, e todo mundo fingindo que a fase roustanguista passou e todos estão vinculados às cases científicas de Kardec.

Presos à falta de discernimento, que atribui mediunidade autêntica a fraudes referentes a mensagens "psicográficas" que só apresentam a caligrafia do "médium", "psicofonias" de gente cujas vozes desconhecemos e tudo o mais, os "espíritas" e mesmo os genuinos, mas pouco vigilantes, espíritas autênticos, ainda se perdem, num caminho ou em outro, no religiosismo mais confortável.

Assim, eles mesmos colocam frases de Chico Xavier no Facebook, pensando que isso "não faz mal", quando traem sua própria vigilância na fidelidade às bases de Allan Kardec, que recomendava que rejeitemos pretensos espíritas que cometeram muitos e graves erros.

Na medida em que se prendem na dependência psicológica do religiosismo "espírita" e na falta de verificação de irregularidades mediúnicas, o "espiritismo" só se afasta ainda mais das bases originais de Allan Kardec, o que faz que mesmo as leituras das honestas traduções de José Herculano Pires sejam em vão, diante da desobediência, consciente ou não, dos ensinamentos kardecianos.

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