terça-feira, 15 de setembro de 2015
O "espiritismo" e sua noção equivocada de caridade
Faz sentido que o "movimento espírita" e sua ideologia moralista não tragam boas energias para pessoas de personalidade mais diferenciada, que se recusam a fazer o papel subordinado da "multidão solitária" que segue os ditames do "sistema".
A religião "espírita" é que tem uma noção equivocada de caridade, muito mais próxima da servidão do que de qualquer desejo de progresso e de resolução das injustiças sociais. O ideal de Francisco Cândido Xavier de aguentar o sofrimento em silêncio - é desaconselhável até gemer de dor - diz muito nisso.
A única forma de caridade prevista por esse "espiritismo" de Chico Xavier, que diz que o sofrimento "é lindo" é servir ao opressor e se unir a pessoas sem afinidade, testando a paciência como meio de evolução e, não raro, criminalizando o prazer, a vontade e o desejo, vistos pela doutrina roustanguista como "fontes de males".
Você não pode ser uma pessoa inteligente com uma função ou trabalho à sua altura, como forma de testar seu grande potencial e ajudar as pessoas de forma criativa, mesmo fugindo dos clichês da "caridade religiosa", únicos comumente aceitos pela sociedade.
Se o indivíduo é dotado de inteligência peculiar, ele que arrume uma função subordinada e inferior e que tenha como chefe alguém estúpido ou arrogante, ou quando muito um mentiroso aproveitador e demagogo, que terá a inteligência de seu subordinado como um trampolim para a promoção pessoal do mau patrão.
Se o indivíduo de personalidade diferenciada quiser se casar com alguém, não deve ser com uma pessoa de sua afinidade, mas alguém com menos afinidade possível, de preferência com divergências que não resistem ao conflito.
Vale até mesmo um homem nerd se casar com uma "miss bumbum" que acabou de se separar de um chefe miliciano, com sede de sangue e já combinando com seus comparsas um plano de emboscada para assassinar o primeiro que acreditar estar envolvido com sua ex-namorada.
Aguentar tais coisas, suportar infortúnios e abusos diversos, só pelo ideal de "paciência" e "resignação", mostram que o "espiritismo" brasileiro não consegue entender o que mesmo é a justiça da vida, porque o que ele prega como "processo de evolução humana" é o flagelo pessoal, o que nivela seus ideólogos não no lado de Jesus de Nazaré, mas no de seus condenadores.
Afinal, se o "espiritismo" defende que a pessoa tem que sofrer para obter, não se sabe quando nem como, as "graças futuras", ele não está defendendo os ensinamentos positivos e progressistas que Jesus apresentou em seu tempo e, nem de longe, compartilha da verdadeira caridade do ativista judeu.
Por outro lado, querer que as pessoas hoje, à maneira de Jesus, sofram todo tipo de infortúnio para obterem "graças" ou "bênçãos" no futuro - ainda que postumamente - é, isso sim, rebaixar o indivíduo à mesma condenação sofrida por Jesus, o que configura numa crueldade de parte da doutrina.
Essa crueldade faz com que a pessoa desperdice uma encarnação com sofrimentos, limitações e outros problemas. Perde muito tempo sem poder mostrar seu potencial, sem aproveitar positivamente a vida material para trazer progresso a si e a outrem.
Enquanto isso, o sofredor é obrigado a "emprestar" seu potencial para alimentar a vaidade de pessoas presas na sua mediocridade, sob o pretexto de "ajudá-las a progredir". Só que tais pessoas não sabem o que é esse progresso e apenas fingem entendê-lo, mas dentro dos limites do pretensiosismo e do envaidecimento em se vincularem a causas e valores que não compreendem nem se identificam.
Com isso, o "espiritismo" acaba prejudicando aqueles que possuem justamente uma personalidade mais evoluída, dentro desse mundo ordinário e degradado chamado Terra. A doutrina roga aos diferenciados não a evolução através do desenvolvimento dos seus potenciais, mas pela imposição de limitações pesadas na vida que acabam comprometendo tarefas de progresso social e individual.
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