sexta-feira, 4 de setembro de 2015
A discriminação que está por trás da incompreensão nas mídias sociais
A sociedade brasileira padece da incompreensão e arrogância de pessoas que, nas chamadas redes sociais, adotam posturas preconceituosas e estereotipadas sobre outros grupos sociais e defendem tais posições como se fossem a "verdade" sem entender direito o "outro" e querendo fazer etnocentrismo "na marra" com tais interpretações.
É verdade que renomados psicólogos, sociólogos e demais especialistas se preocupam com a arrogância com que certas pessoas, nas mídias sociais, defendem visões deturpadas e ainda ridicularizam quando são contestadas, geralmente com chacotas ou então com argumentações confusas, porém convictas e persistentes.
O que se vê em relação a negros, nerds, prostitutas, homossexuais, roqueiros, nordestinos e outros grupos sociais que destoam do limitado horizonte das classes dominantes e do espetáculo publicitário-midiático vigente, é algo estarrecedor e o grau de intolerância quanto a visões realistas que os preconceituosos nas mídias sociais não aceitam é preocupante.
Para esses preconceituosos, a realidade é aquilo que o mercado, a mídia e o poder tecnocrático impõem. Acham que o verdadeiro mundo é aquele decidido em escritórios, colegiados e agências de publicidade. Se irritam quando alguém apresenta uma visão que, por mais realista que seja, difere de sua "convicta compreensão" e reagem de toda forma possível, da "racional" à brutal.
Chegam a argumentar que tal interpretação da realidade é distorcida porque é desta forma que ela será bem sucedida, irá render mais dinheiro e o público aceita com mais facilidade. Arrumam mil desculpas e, quando questionados, se perdem em argumentações até partirem para baixarias ou desaforos.
É o que se observa em espaços como o Facebook e o YouTube, assim como no extinto Orkut. E essas visões preconceituosas tornam-se ninhos de "serpentes" virtuais, como os encrenqueiros virtuais que variam entre os "ecumênicos" troleiros (trolls) até os cyberbullies e, em casos extremos, hackers.
A diversidade social não é tolerada, e as visões que prevalecem sempre seguem a orientação etnocêntrica de ver o "outro" não como ele é, mas como ele é "seguramente" trabalhado oficialmente pela mídia, pelo mercado, pela política e pela tecnocracia "para o bem do desenvolvimento social e do sucesso financeiro".
Com isso, intelectuais e acadêmicos chegam a ver as prostitutas como um alegre extrato social que se pretende permanente com a "afirmação do sexo" como "ideal de libertação", mesmo quando o corpo se reduz a uma mercadoria e as "profissionais do sexo" sofram humilhações e outros infortúnios, para não dizer tragédias, além de serem prejudicadas quando buscam um outro horizonte social.
Os nerds, tipo famoso nos EUA pela personalidade inconvencional e pela discriminação que sofre na sociedade, são vistos pelo etnocentrismo brasileiro como fanfarrões, no qual até o visual destoa do original, já que os "nerds" difundidos no Brasil mais parecem valentões que se esqueceram de manter a forma e cortar a barba e passam mais tempo no computador que o necessário.
Os roqueiros trabalhados pela mídia, sobretudo por veículos como a Rádio Cidade carioca, aparecem como débeis-mentais que fazem sinal do diabo com os dedos das mãos, ficam com língua para fora, pulam nos concertos de seus ídolos são ideologicamente niilistas e conservadores, que não se sentem interessados em resolver os problemas sociais, ainda que admitam sua existência.
O "funk", que tanto clamava "contra o preconceito", na verdade era um fenômeno ideológico que tratava a população pobre de maneira preconceituosa e caricatural, inserindo nelas valores moralmene negativos como se fossem seus contrários, como o machismo travestido de "novo feminismo" das dançarinas e "musas" do gênero.
Homossexuais, negros e nordestinos sofrem as discriminações mais conhecidas, sobretudo de grupos fascistas ou de desordeiros na Internet, que impõem sua "verdade indiscutível" através de comentários jocosos e ofensivos.
Essas pessoas preconceituosas se revelam dotadas de muita incompreensão da sociedade. Querem manter estereótipos e posições sociais "pré-determinadas", e isso causa problemas sérios, porque as mídias sociais se tornam reduto de pessoas tão retrógradas que pensam o mundo de acordo com seus umbigos.
E como resolver isso? Muitas pessoas se conformam com esses preconceituosos porque muitos desses internautas preconceituosos ainda gozam de boa reputação social, geralmente integrantes ou simpatizantes de pessoas influentes ou poderosas. Só reagem quando eles vão longe demais.
A baixa educação escolar e a educação midiática que chega ao ponto do deplorável fazem com que os preconceituosos de toda ordem, que preferem que a diversidade social fique presa a estereótipos visando a manutenção de privilégios sociais garantidos pela estabilidade forçada.
E esses preconceitos também revelam o que o egoísmo humano pode fazer, tentando se valer tanto por argumentações falsamente lógicas, motivos supostamente nobres ou ações agressivas que tentam forçar a prevalência desses pontos de vista sem coerência.
Se perdermos a complacência para tais pessoas, questionando-as com firmeza, é possível que resolvamos os problemas combatendo tais posturas sem medo, através da contestação e da contra-argumentação que possam ser bem difundidas para a sociedade, para assim as visões retrógradas, antes triunfantes, percam sua força através do esclarecimento.
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