MEIMEI E SEU VIÚVO, ARNALDO ROCHA.
Arnaldo Rocha era ingênuo ou ele compactuou com o oportunismo de seu amigo Francisco Cândido Xavier em relação à jovem Irma de Castro Rocha, a Meimei, de quem Arnaldo, falecido há três anos, era viúvo?
O então marido de Meimei era há muito tempo ligado ao "espiritismo", e demonstrava ter sido um apaixonado companheiro da professora mineira, que morreu em 1946 com apenas 24 anos, devido a uma grave doença.
Ao passar a frequentar um "centro espírita" em Belo Horizonte, cidade onde vivia o casal, Arnaldo passou a ser palestrante - ele se definia como um "dialogador", não como "doutrinador" - e, até o fim da vida, estava à frente do Grupo "Espírita" Meimei, sediado em Pedro Leopoldo, terra de Chico Xavier, instituição fundada em memória à saudosa esposa.
Arnaldo esteve ao lado de Chico Xavier em algumas atividades de "materialização". Uma delas, em 1954, evocava o espírito de Emmanuel, mas a forma como foi feita já indicava evidente fraude, com uma maquete cujo "corpo" imitava o desenho do Cristo Redentor, como se fosse uma maquete da estátua carioca, mas com a "cabeça" montada com um molde em que era colocada uma foto impressa do famoso desenho de Emmanuel, disponível hoje no Google Images.
Na mensagem, o suposto Emmanuel, envolto em luz de neon em cor azulada, era exposto aos observadores num palco semi-escuro, enquanto uma voz em off, provavelmente de algum locutor, pedia para Chico Xavier parar com as materializações, já que a atividade dele era "lançar livros".
Chico aparentemente acatou a suposta sugestão - consideramos a existência do espírito Emmanuel na vida do anti-médium, mas a "materialização" é fraudulenta e um locutor encarnado foi feito para fazer a voz em off, pelo microfone - , mas uma década depois estava feliz da vida apoiando a farsa da ilusionista Otília Diogo, aquela que se fantasiou de Irmã Josefa e outros personagens.
Não é preciso comentar que Arnaldo Rocha se deliciava com os livros atribuídos a Meimei que Chico Xavier lançava de vez em quando. É certo que Meimei tinha sido católica fervorosa, mas é pouco provável que ela tenha, em espírito, decidido escrever livros espirituais feito uma beata, e ainda por cima com um estilo de texto que mais lembra o do próprio "médium" que o punha no papel.
O que chama a atenção, todavia, é a ênfase que Arnaldo Rocha dá às "psicofonias" atribuídas a Chico Xavier. É uma atividade que outros adeptos do anti-médium não costumam sequer mencionar, mesmo sem muita ênfase. Mesmo o histórico oficial de Chico Xavier não costuma apontar essa "outra habilidade".
O que faz o lado "médium psicofônico" de Chico Xavier ser pouco mencionado é algo estranho. Só Arnaldo Rocha destaca essa atividade, e olha que ele era bem relacionado com outros líderes "espíritas". Arnaldo era também amigo do anti-médium baiano Divaldo Franco, por exemplo, com várias fotos registradas ao lado deste.
O que se sabe é que, segundo Arnaldo Rocha, Chico Xavier assumiu essa "atividade", entre 1954 e 1956, e divulgava isso na própria cidade de Pedro Leopoldo, no Grupo Espírita Meimei. Arnaldo teria lançado, em parceria com Chico, um livro chamado Instruções Psicofônicas, no qual o viúvo de Meimei, na condição de organizador, selecionava mensagens do amigo.
O livro foi lançado no mesmo ano de 1956, época das manifestações mais recentes. Segundo um DVD Instruções Psicofônicas & Vozes do Grande Além, que foi lançado pouco antes da morte de Arnaldo, em 2012, Chico Xavier teria evocado "vozes" de Emmanuel, André Luiz, Batuíra, Meimei, Cairbar Schutel, Teresa d'Ávila, Guillon Ribeiro, Leopoldo Cirne, Augusto dos Anjos e outros.
É muito estranho que pouco alarde se fez com tais eventos, e sabemos que o baixo alarde não quer dizer uma demonstração de humildade, porque a divulgação honesta de uma atividade pouco importa se tem publicidade ou não, porque, no caso de uma atividade honesta, ela fala por si mesma, não pelo modo que ela é mostrada para poucas ou mais pessoas.
Neste caso, a baixa divulgação traz um aspecto sombrio de fraude, porque se essa "outra faceta" de Chico Xavier não foi tão celebrada quando a da sua suposta psicografia, é porque a atividade era pouco convincente, e divulgá-la faria aumentar as desconfianças de fraudes, sobretudo naquela época, o ano de 1956, pouco antes do sobrinho Amauri Xavier denunciar as atividades do tio.
O aspecto que fica nebuloso também é se Arnaldo Rocha não se tornou um aproveitador do prestígio de Meimei, aceitando colaborar com o esperto Chico Xavier na sua usurpação da imagem da falecida professora. Ele parecia dedicado e apaixonado pela esposa, mas depois teria visto a oportunidade de se promover com o legado dela, juntando-se ao anti-médium que se achava "dono dos mortos".
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