quinta-feira, 3 de setembro de 2015

As encrencas dos parceiros dos encrenqueiros digitais


As campanhas de desmoralização feitas nas mídias sociais são típicas. Uma pessoa divulga um ponto de vista que vai contra a ideia dominante e, como reação, recebe uma série de mensagens, enviadas em conjunto, com recados ofensivos, ameaças e gozações.

As mensagens são despejadas de maneira incessante, alternando sarcasmo e fúria, revelando o ódio e o desrespeito de muitas pessoas. No entanto, sabe-se que tais campanhas sempre contam com algum líder ou uns poucos líderes.

Geralmente, tais
campanhas surgem da cabeça de alguns poucos. Um ou dois combinam alguma trolagem e depois eles chamam pessoas que fazem parte de seu rol de seguidores ou são colegas seus em alguma comunidade das chamadas redes sociais.

São uns poucos, dois ou três, que comandam a campanha de calúnias e difamações. Eles fazem comentários jocosos, a princípio irônicos, e chamam as pessoas que não necessariamente são amigas íntimas deles para aderir.

A coisa cresce como uma bola de neve, as ironias aos poucos dão lugar a ofensas pesadas e, num grau extremo, um dos líderes da campanha passa a fazer sérias ameaças. Em seguida, um deles prepara um blogue de ofensas pessoais que usurpa todos os referenciais da vítima, até fotos de álbuns de família e tudo.

Sabemos que os líderes da campanha se tornam os culpados diretos e, depois de tanto tempo "vitoriosos", um dia veem a encrenca voltar contra eles e, uma vez denunciados, são objeto de investigação no Ministério Público e seus IPs - protocolos de Internet, espécie de "impressão digital" ("digital" no sentido da anatomia humana) do mundo digital ("digital" no sentido da Informática) - passam a ser investigados por peritos e advogados.

Sem perceberem, os líderes da trolagem acabam sendo criminalmente investigados, cada mensagem ofensiva que eles divulgaram - e não só para uma vítima, mas para outras - ou mesmo piadas íntimas com seus parceiros passam a ser conhecimento da polícia e do Judiciário, a analisarem até mesmo os "huahuahuah" e "kkkkkkk" escritos nas mídias sociais.

O Orkut e o Facebook está cheio de pessoas que, num primeiro momento, parecem sádicos descontrolados e, em seguida, por sua própria imprudência, tornam-se vulneráveis de maneira tão descontrolada que um troleiro (troll) pode, encerrando sua atividade no computador, ir para a faculdade no dia seguinte e, na volta para casa, saber que seu computador foi recolhido para a polícia, que investigará TUDO que estiver gravado nele.

Em certos casos, o troleiro pode também ser baleado na rua, mesmo num horário de bastante movimento na rua, quando ele exagera nas trolagens e pega gosto em comprar briga com qualquer um. Ele pode não sofrer atentado por parte de muitas vítimas, mas talvez por outros por algum outro motivo. É bom deixar claro que muitos troleiros são jovens fanfarrões que só querem curtir a vida de forma abusiva e podem "zoar" com os times de outros ou roubar a namorada de outrem.

E os parceiros do encrenqueiro digital? Aqueles que, achando o líder da trolagem "divertido" e "muito irreverente", vão na carona das humilhações e participam de tais campanhas, em muitos casos por boa-fé, como aqueles colegas que se divertem, rindo, quando um valentão humilha alguém na escola com 'bullying'.

O grande problema está nesses "amigos" da trolagem. Eles passam a fazer parte da quadrilha, porque o ato que os líderes de trolagem fazem ao juntar gente para a humilhação digital corresponde à "formação de quadrilha", segundo a interpretação criminal. Forma-se um grupo para realizar um crime, o que constitui este termo, e quem adere acaba sendo criminalmente enquadrado, independente de serem ou não amigos muito próximos do líder encrenqueiro.


Margarida (nome fictício) é aquela moça divertida, alegre, mas de boa-fé. Estava numa comunidade do Orkut com uma quantidade muito grande de seguidores. De repente, um internauta publicou um comentário contestando alguma coisa que estava na moda, e um membro influente dessa comunidade decidiu escrever:

"Que coisa ridícula", escreveu ele.

"O cara tá com m**** na cabeça", escreveu um outro.

"Huahuahuahuahuah", comentou um terceiro.

"Absurdo! Um cara implicar com os valores da galera", reagiu uma internauta.

"Vamos zoar com esse cara. Amanhã, toda a galera unida flw?", disse o primeiro.

"Tô dentro", disse um quinto, contando com o apoio dos demais.

No dia seguinte, à noite, o pessoal já começava a encher a página de recados da vítima. No começo, fingiam analisar o problema, com carregada ironia. Depois, vieram com gozações e ironias mais jocosas.

O internauta que criticou o modismo então começa a reagir, apagando as primeiras mensagens, mas é bombardeado com novas humilhações. De repente a vítima faz um comentário dizendo para o pessoal parar e, de repente, é ameaçado pelo líder, que dizia querer invadir a conta da vítima.

A vítima teve que recuar, apagou a conta no Orkut, mas antes descobriu que o líder das humilhações preparou uma página ofensiva, um fotologue, tirando fotos da galeria pessoal da vítima e reproduzindo-a de maneira ofensiva. A vítima teve que denunciar para o SaferNet (especializado em receber denúncias criminais), que ordenou ao servidor a eliminação da página ofensiva.

Com o tempo, o grupo passou a ser denunciado. Margarida, que só entrou na onda porque achou divertido, acabou recebendo também mensagens raivosas. Foi quando ela tentou dar uma informação séria numa comunidade e outra internauta revoltada lhe escreveu: "Você só sabe zoar com os outros. Não tem moral para dizer isso ou aquilo".

Ela foi convidada a depor e a notícia chegou aos pais dela. A garota tomou uma bronca violenta. Seu computador havia sido recolhido pela polícia. Ela teve que depor dizendo que só entrou na onda porque achava divertido e só conhecia o valentão pela comunidade do Orkut, ele nem a seguia em sua conta pessoal.

A moça foi liberada e, depois, ficou sabendo que o líder das humilhações teve a conta bloqueada e, depois, havia brigado, em luta física, com seu ex-amigo, seu principal cúmplice nas trolagens, por algum outro desentendimento não esclarecido. O outro também teve conta bloqueada.

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