MAIS QUEIMADAS QUE O CIRCO DE NITERÓI, FORAM AS ACUSAÇÕES DE CHICO XAVIER CONTRA AS VÍTIMAS, USANDO O NOME DE HUMBERTO DE CAMPOS.
A religião "espírita" brasileira não consegue superar suas crises. Em primeira instância, reagiram às denúncias de irregularidades como se fosse o mais do mesmo. Muito coitadismo feito para apoiar suas convicções, sob as desculpas da "coerência" e da "compaixão".
Acusam os líderes "espíritas", em suas palestras, que sua doutrina está sendo "alvo de perseguição" e de "muitas e lamentosas intrigas", "vítima de campanha difamatória contra aqueles que só trabalham pelo bem do próximo", numa interminável choradeira na qual usam como "represália" as "orações a Deus pedindo misericórdia infinita aos irmãos pouco esclarecidos da doutrina".
Bancar o coitado é fácil. Muitos detentores do poder não contam com esse artifício para perpetuarem seus domínios. Trata-se de um artifício habilidoso, que faz com que os dominados se esqueçam que aqueles que os dominam exercem tal condição.
As deturpações em relação à doutrina de Allan Kardec, imensas e gravíssimas, em prol de velhas práticas místicas e moralistas trazidas pela combinação do Catolicismo medieval com práticas hereges clandestinas - a primeira, criando o repertório ideológico do "movimento espírita", a segunda estabelecendo o "método mediúnico" - , criaram um aberrante movimento religioso.
A maior crueldade dessa religião "fraterna" marcada pelo "amor e luz" é a deturpação que durante décadas se fez, inserindo nessa doutrina supostamente espiritualista e falsamente vanguardista valores moralistas retrógrados e práticas ocultistas de valor e procedimento duvidosos.
Usa-se a "fraternidade" como desculpa para acobertar e propagar a fraude e cria-se um impasse na medida em que a ilusão de atribuir como "honesta" e "sincera" a prática irregular feita "em amor do próximo" não consegue responder às contradições que são denunciadas.
O claro exemplo disso é Francisco Cândido Xavier, associado a tantas práticas confusas, contraditórias e fraudulentas, às quais contaram com seu apoio entusiasmado e explícito. Seu caso de impunidade se torna o mais aberrante e o mais tenebroso, porque ele, quando queria, colaborou para transformar o Espiritismo numa grande e preocupante bagunça.
Suas práticas confusas, contraditórias e fraudulentas dariam longos livros para análise e denúncia. Querer que Chico Xavier saísse imune e impune a tudo isso, atribuindo a ele uma "incompreendida coerência e perfeição humana" é ser, no mínimo, um trouxa, porque nunca alguém que se envolve em tantos escândalos e confusão pode ser assim reconhecido, por mais "bonzinho" que possa parecer.
Um caso estarrecedor é o dedo acusador de Chico Xavier, que, usando o nome de Humberto de Campos - muito mal dissimulado pelo pseudônimo Irmão X - , através do livro Cartas e Crônicas de 1966, acusou as pobres vítimas do incêndio do Gran Circo Norte-Americano, instalado em Niterói em dezembro de 1961, de terem sido romanos sanguinários que viveram na Gália, no século II da nossa era.
Quanto desrespeito se vê nessa pretensão de julgamento, partindo de um suposto médium que nunca entendeu de Doutrina Espírita, nunca foi com a cara de Allan Kardec e nunca se interessou pelas ideias do pedagogo francês, e que teve a arrogância e o descaramento de supor quem os pobres coitados teriam sido em encarnações distantes e julgar cruelmente o sofrimento que tiveram.
Caso semelhante, feito pelo suposto médium de São José do Rio Preto, Woyne Figner Sacchetin, que usou o nome de Alberto Santos Dumont para acusar as vítimas do acidente com um avião da TAM em São Paulo, no ano de 2007, de também terem sido romanos sanguinários que viveram na Gália no século II, rendeu um grave processo judicial contra o autor, devido aos danos morais.
Chico Xavier cometeu a sua maior crueldade, que nenhum pretexto de bondade pode salvá-lo. Julgar as vítimas pobres do incêndio de 1961, de terem sido gauleses sanguinários, nenhum processo judicial rendeu, o que pode parecer consolador para o "bom médium", mas não é. A ausência de processo judicial revela a maior crueldade feita pelo anti-médium mineiro.
Pois a ausência de processo se deve tanto à baixa escolaridade das famílias das vítimas, enganadas pela aparência "humilde" do anti-médium e sua suposta filantropia e incapazes de compreender o que é uma ação judicial. Sofriam danos morais sem saber, achando que rezas e sacramentos pudessem salvá-las de tão grave humilhação.
Chico Xavier cometeu muitas crueldades, como usurpar os nomes e os legados dos mortos, famosos ou não, se tornando "dono" dos espíritos de Humberto de Campos, Irma "Meimei" de Castro Rocha (sob a complacência do viúvo desta, Arnaldo Rocha, falecido há poucos anos) e Auta de Souza, uma apropriação indébita de seus legados simbólicos.
Outra crueldade, por decisão da FEB mas por consentimento de Chico, foi o "sacrifício" imposto ao sobrinho Amauri Xavier Pena, que teria sido morto por "queima de arquivo" num incidente que pode até ter sido prescrito como crime (se passaram 54 anos e o prazo legal é de 20), mas que surpreende pela campanha difamatória que se antecedeu à morte do sobrinho que denunciaria as irregularidades do tio, dando-lhe o risco de enfrentar mais uma vez os tribunais.
A confusão que Chico Xavier causou em toda sua trajetória não é atenuada com o apoio "generoso" que a grande mídia dá ao seu "exemplo de amor e bondade". Pois é a mesma mídia que criminaliza os movimentos populares, trata de forma humilhante e depreciativa os trabalhadores, as classes populares, os índios, os líderes comunitários e as famílias humildes, e apoia o "exemplo de humildade e fraternidade" atribuído ao anti-médium mineiro.
E isso sem falar que as "lindas frases" de Chico Xavier são um convite ao mais mórbido masoquismo humano, com a glamourização do sofrimento e a recomendação de que nós não devêssemos sequer gemer de dor nem ficar orando em voz alta, sofrendo as piores coisas em silêncio e até agradecendo por isso.
Através desse ideal, Chico acabava consentindo que as pessoas tenham que se prejudicar para obterem algum "consolo" não se sabe quando nem como. Uma crueldade, um sadismo enrustido, que nada contribui para a verdadeira transformação dos indivíduos humanos e que não mede escrúpulos em defender que encarnações se desperdiçassem numa coleção de infortúnios, mesmo os mais graves.
A conclusão que se tem é que, se alguém se envolveu em escândalos, com forte indício de que ele contribuiu de forma proposital para sua ocorrência, não pode ser associado aos valores superiores de bondade, coerência e perfeição moral.
Chico Xavier prejudicou a Doutrina Espírita, e por isso nem de longe pode ser considerado o maior brasileiro. Pelos erros, gravíssimos que cometeu, ele merece apenas desprezo. Não ler os seus livros, mais do que um dever, é uma necessidade para evitar a ilusão de suas ideias retrógradas. Evitando a "chicuta" dos seus livros, teremos condições para buscar fontes melhores de aprendizado e evolução.
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