quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Por que cariocas e fluminenses andam indiferentes com a arbitrariedade do PMDB do RJ?


Distraídos com o fanatismo esportivo dos quatro times cariocas - Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo - e com seu entretenimento repetitivo e vazio, de consulta a bobagens cômicas no WhatsApp e na "leitura" de livros para colorir, cariocas e fluminenses andam indiferentes com a própria decadência.

O espírito de imprudência é um dos defeitos típicos do Brasil. Juntamente com o "jeitinho brasileiro" e a "memória curta", costumes que muitos acreditam estarem desaparecidos, só porque ninguém fala mais deles, mas eles estão tão fortes que até quem não crê em sua existência os pratica abertamente, sem saber.

A pior doença se agrava quando seus efeitos não são notados pelo enfermo e ele sonega qualquer tipo de exame. O mal do Rio de Janeiro se agrava porque cariocas e fluminenses se recusam a admitir esse mal, eles mesmos que colaboraram para a ascensão de políticos que estão condenando o Estado ao atraso vertiginoso que o faz aos poucos ser passado para trás até por Estados nordestinos.

O Rio de Janeiro ainda se impõe como "modelo" de modernidade e progresso para o Brasil, mas sucumbe a um grau de provincianismo de fazer nortistas ficarem de queixo caído. Políticos do PMDB carioca como Eduardo Paes, Luiz Fernando Pezão e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, se configuram como o neo-coronelismo que sutilmente acontece no Estado.

Iludido pela imagem urbana e desenvolvimentista da capital, a cidade do Rio de Janeiro, o povo do Estado desconhece que ele também tem seu coronelismo e sua pistolagem, que é o caso da contravenção do jogo-do-bicho cujos chefões, os banqueiros do bicho ou "bicheiros", se equiparam em muitos aspectos aos latifundiários do interior do Brasil.

A cada dia se observa a degradação na cultura, na mídia, na economia e até na mobilidade urbana, marcada não apenas pela omissão das autoridades quanto à segurança e às medidas administrativas, mas mesmo por atitudes "positivas" que escondem prejuízos severos, vide o que se prepara para a segregação social contra a população das periferias cariocas.

Mudanças no sistema de ônibus para dificultar os acessos da população da Zona Norte à Zona Sul, "limpando" praias como Copacabana e Ipanema da presença de gente pobre, a serem implantadas em outubro, são o efeito dessa política segregacionista lançada por alguém sem carisma como o subsecretário de Planejamento da Prefeitura do Rio de Janeiro, o autoritário tecnocrata Alexandre Sansão.

O Rio de Janeiro da Bossa Nova e do samba de raiz de alta definição hoje está subordinado ao império mercantil do "funk" e do "pagode romântico", este um pastiche muito mal feito de samba. se os maiores sambistas da atualidade são veteranos, como Zeca Pagodinho, com 56 anos, Jorge Aragão, com 66 anos, e Martinho da Vila e Paulinho da Viola, com mais de 70 anos, a situação é muito preocupante.

Mas o próprio samba, que era apreciado nos morros, hoje se fecha no consumo privativo de elites abastadas da Zona Sul, que esquecem seus preconceitos sociais tocando CDs de sambistas enquanto bebem, esnobes, suas doses de caipirinha, O próprio povo pobre cujos antepassados criaram e introduziram o samba estão cada vez mais longe dessas raízes, escravizados pela "cultura de massa".

Pior é que o Rio de Janeiro que teve a Silvinha Telles, de brevíssima carreira - apenas 12 anos, ceifados prematuramente com um desastre de carro que matou a jovem cantora aos 32 anos - mas de um talento imensurável, deu lugar a uma Valesca Popozuda metida a ativista sócio-cultural, enquanto grava sucessos medíocres com sua voz de taquara rachada.

E o que isso tem a ver com o PMDB carioca? Muito. Aliás, não só o PMDB, já que os cariocas são capazes de eleger para o Legislativo federal um desordeiro ultrarreacionário como Jair Bolsonaro. Mas o PMDB é em boa parte culpado pela decadência vertiginosa que atinge o Estado do Rio de Janeiro, seja a ex-Cidade Maravilhosa, seja a hoje autista Niterói e a total e eternamente suburbana Baixada Fluminense entre outras cidades.

Um dado insólito dessa tragédia é que, enquanto o historiador Sérgio Cabral denuncia que o "funk carioca" é apoiado pela CIA (agência de informações do governo dos EUA), que financia intelectuais e ativistas comunitários, através de fundações como Ford, Rockefeller e Soros Open Society, para defender o gênero, seu filho do mesmo nome, ex-governador do Estado, não segue o exemplo do pai e fica no lado dos denunciados.

A ignorância a essa tragédia de acidentes, violências, irregularidades diversas, acrescida da mais grave tragédia que é o desprezo de cariocas e fluminenses aos próprios problemas - até porque eles são em parte culpados pelos mesmos - , é preocupante diante da influência que o Rio de Janeiro ainda traz para o Brasil.

Pois a má influência de um Estado decadente, mas que ainda é considerado o "modelo a ser seguido" por todo o país, contribui para a decadência e a crise pela qual passa o Brasil, preso nos seus vícios e retrocessos, vários deles aceitos e apoiados por elites influentes que, somente elas, se beneficiam através das injustiças, desigualdades, transtornos e restrições que tais medidas e valores trazem.

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