domingo, 20 de setembro de 2015

O "espiritismo" em crise apela para o receituário moral


Perdido em suas próprias contradições, o "movimento espírita" tenta resistir a todo custo, sempre acendendo velas para duas tendências contraditórias, o igrejismo de Chico Xavier e o cientificismo de Allan Kardec.

Recentemente, dois exemplos mostram o quanto o "espiritismo" brasileiro que não consegue resolver coisa alguma, já que se volta para a apologia do sofrimento humano, agora tenta alguma "contribuição" para a reforma moral do indivíduo, nesta sociedade cheia de conflitos.

Um exemplo é o blogue do líder "espírita" Orson Peter Carrara, ligado à FEB, num texto que mostra um psiquiatra paulista radicado em Cascavel, no Paraná, Vlamir Pereira, presidente do Grupo Espírita A Caminho da Luz, que estabelece um receituário de "mudança de pensamento" para uma "melhor qualidade de vida".

Outro exemplo é o blogue do Instituto Cultural Kardecista de Santos, da famosa cidade paulista, em que um texto de Ricardo Nunes, um dos membros da instituição, estabelece 20 ítens para a pessoa "viver bem". O texto foi reproduzido na boa-fé pelo Blog do Turquinho, um dos blogues de esquerda desavisados de que o "espiritismo" tem como astro maior o direitista Chico Xavier.

Em princípio, são duas iniciativas bastante bem intencionadas, não fosse o contexto em que tais mensagens se encontram. Elas refletem a tentativa do "movimento espírita" em tentar superar a crise dando a impressão de que "faz alguma coisa".

O grande problema é a contradição que essas mensagens que evocam a consciência de que o indivíduo "não veio para sofrer" e que "pode viver bem com prazer e alegria" e a apreciação dos respectivos "centros espíritas" à "iluminada figura de Chico Xavier, que dizia que "deveríamos sofrer amando".

Ultimamente, a contradição acaba contaminando o "movimento espírita", que tenta uma "fidelidade absoluta" a Allan Kardec, mas comete traições o tempo todo. Tenta, no discurso, apelar para a coerência do seu pensamento, mas dá tratamento preferencial aos traidores da Doutrina Espírita, como o próprio Chico e outros, como Divaldo Franco, Bezerra de Menezes, Yvonne Pereira etc.

Essa traição se deu porque estas personalidades sempre valorizaram mais o religiosismo trazido pelas obras de Jean-Baptiste Roustaing, apenas extraindo os pontos polêmicos. Primeiro os "espíritas" traem Kardec inserindo conceitos mistificadores e ideias anti-doutrinárias, para depois jurar fidelidade absoluta, rigorosa e inabalável a ele.

No caso do Instituto Cultural Kardecista de Santos, a lista de itens comete o equívoco de se definir como "reflexões espíritas", porque o que se observa é um receituário moral comum. Se essas "reflexões" fossem lançadas pela Igreja Universal, seriam "ensinamentos evangélicos". Se fossem lançadas pela Igreja Católica, seriam "receitas para a vida cristã". Qual é a diferença?

Mesmo citando a reencarnação, isso não quer dizer que tais "reflexões" sejam espíritas. Outras crenças religiosas acreditam em reencarnação, e há vestígios históricos comprovados que mostram que a ideia vem muitos séculos antes de Allan Kardec.

A contradição entre a reprovação do sofrimento, pelos "espíritas" modernos e a apologia do sofrimento de Chico Xavier cria uma grande confusão doutrinária, o que torna pertinente o fato de que tratamentos espirituais trazem mais azar do que sorte na vida.

O receituário moral acaba tendo um efeito inócuo para a vida do indivíduo e não traz eficiência para o "movimento espírita", com os vários erros que incluem o religiosismo de base católica-medieval e a mediunidade nunca devidamente feita. Tudo acaba servindo apenas para o "espiritismo" brasileiro bancar o bonzinho, sem que possa dar uma contribuição séria para a sociedade.

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