terça-feira, 6 de outubro de 2015

Pareidolia e mediunidade

MÃOS HUMANAS SIMULANDO SOMBRA DE UM CACHORRO.

Uma pessoa passeia pela rua e, de repente, passando por uma área em que há um hidrante, sua atenção sobrecarregada forja uma imagem luminosa que lhe faz crer que havia alguém sentado no hidrante. A imagem é aleatória, mas tem caraterísticas idênticas com um suposto espírito.

Se a pessoa vai para um "centro espírita" e, num atendimento fraterno, relata o caso, é muito provável que o entrevistador lhe diga que a pessoa sofreu um processo mediúnico. "É quase certo que você viu um espírito. Se ele não lhe é de sua afeição, ore um Pai Nosso e ele não aparece mais", é uma típica resposta a ser dada.

Os "espíritas" sempre empurram qualquer um para trabalhar a mediunidade. Mas, só pela ideia de que, em tese, todos somos médiuns, não significa que as pessoas que se suponham ter algum dom mediúnico precisam trabalhá-lo necessariamente.

Mediunidade existe, mas a verdade é que ela quase nunca é praticada no Brasil. 99% dos que dizem ou disseram médiuns no Brasil, e neles inclui os "renomados" Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco, fora astros daqui e dali como José Medrado e Robson Pinheiro, na verdade praticam falsidade, usando como "mediúnicas" mensagens de proselitismo religioso tiradas de suas próprias mentes.

Existe até mesmo a manobra de que o médium escrevente, o tipo tido como mais comum no Brasil, na dificuldade de se concentrar para receber um espírito, escreve uma mensagem qualquer, tomando como base informações genéricas sobre um morto, e capricha nos apelos religiosos, compensando a falta de veracidade com uma mensagem "amorosa".

Mas estamos falando de mediunidade visual, e eis que uma comparação com o fenômeno psicológico da pareidolia é adequado para entendermos que nem tudo se pode atribuir a fenômenos mediúnicos, não bastasse não sermos obrigados a exercer ou não a mediunidade.

A pareidolia é um fenômeno psicológico que se fundamenta nos padrões de observação restritos a nossos padrões perecptivos, que são capazes de atribuir formas humanas ou de objetos a ilusões de ótica. No som, ocorre a mesma coisa, quando giramos o disco ao contrário e parecemos ouvir "mensagens ocultas", como no caso de supostas mensagens "satãnicas" dos discos de Xuxa Meneghel.

Há também casos notórios como atribuir formatos a nuvens, brincar com as mãos, braços e dedos inventando sombras de animais e também de ver amontoados de pedras, à distância, que parecem formatos de figuras humanas. Na pré-história, a pareidolia era o único meio de homens primitivos se prevenirem contra predadores.

Criamos ilusões visuais, sobretudo quando estamos profundamente estressados e cansados, que fazem com que percebamos "imagens humanas" numa mera combinação de galhos de árvore, pilastras ou faixas de propaganda. e quando passamos perto de um poste e um orelhão, até uma bandeira voando pode parecer um movimento humano dependendo do ângulo e perspectiva que estávamos então.

É claro que existem casos de visões mediúnicas, mas não é qualquer um que pode ter e nem todos os que têm são necessariamente "espíritas". Isso é apenas um grau mais específico de percepção, pouco usual e feito de situações que são identificáveis mediante diversos motivos. O contexto e o argumento lógico é que podem assegurar ou não se isso é mediunidade ou uma ilusão de ótica.

Portanto, antes que qualquer um saia por aí feliz da vida porque viu um fantasma em algum lugar, é bom verificar e observar com muito cuidado, para não levar gato por lebre e achar que uma simples ilusão de ótica.

Ou será que, num contexto do "espiritismo" com falsa mediunidade, as pessoas terão coragem de "psicografar" um monte de pedras visto numa praia distante ou "incorporar" uma nuvem com formato de pessoa descansando?

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