sábado, 3 de outubro de 2015

Amigo de Allan Kardec já havia pensado em vida em Marte


Essa os "espíritas" não esperavam. Embora a figura do astrônomo francês Camille Flammarion (1842-1925) ser bastante conhecida, até por ele haver sido um grande amigo e discípulo de Allan Kardec (do qual definia ter sido o "bom senso encarnado"), os "espíritas" se esquecem que ele também já descrevia aspectos da vida em Marte.

Embora sua dedicação ainda fosse carregada de crenças religiosas, o que comprometeu em parte sua herança ideológica da Doutrina Espírita, ele trouxe ideias e conceitos possivelmente observáveis em outros planetas.

Ele escreveu livros como Os Mundos Imaginários e os Mundos Reais (Les Mondes imaginaires et les mondes réels), de 1864, Narrações do Infinito, Lúmen, História de um Cometa (Récits de l'infini, Lumen, histoire d'une comète), de 1872 e Mapas da Lua e do Planeta Marte (Cartes de la Lune et de la planète Mars), de 1878, que citam referências relativas a supostas civilizações marcianas.

Sem a ousadia comparável ao estadunidense Percival Lowell, apesar de Flammarion ter acompanhado a repercussão de seus estudos, o francês havia descrito, entre outras coisas, a presença de plantas exóticas que se acreditava poderem existir em Marte.

Ele descreveu sociedades interplanetárias e acreditava na tese de que diversos planetas tinham estágios semelhantes de desenvolvimento, embora não necessariamente em uma mesma época, daí os mundos mais avançados e outros mais atrasados.

Com o tempo, seus conceitos sobre vidas em vários planetas e suas definições sobre reencarnação ganharam influências da Astronomia e da Física, além da teoria evolutiva de Charles Darwin. Por outro lado, Flammarion influenciou autores de ficção científica como Edgar Rice Burroughs (o criador de Tarzan), Victor Hugo e Arthur Conan Doyle.

Flammarion também foi conhecido por estudar a metempsicose, que era o processo de transmigração da alma, relacionado à encarnação, e que era uma crença que vinha desde a Antiguidade. Muitos povos acreditavam na possibilidade de haver metempsicose em animais, daí a tese do oportunista Jean-Baptiste Roustaing da reencarnação de humanos em animais, vegetais e até micróbios.

Se Flammarion, amigo de Allan Kardec e que compareceu ao enterro do pedagogo francês, em Paris, já pensava sobre a possibilidade de vida em Marte, que sentido tem atribuir pioneirismo de 80 anos a Chico Xavier se tudo o que este divulgou sobre Marte era um assunto velho até para a época em que os referidos livros "psicografados" foram lançados?

Simplesmente a tese de que Chico Xavier "descobriu" vida em Marte não faz o menor sentido. Ele não foi o pioneiro, muito pelo contrário, chegando muito atrasado no debate que já era quente e movimentado muito antes do "médium" mineiro nascer.

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