O "SANTO" JOSÉ DE ANCHIETA AGIU COMO UM TORTURADOR DA "OPERAÇÃO BANDEIRANTES", ÓRGÃO BRASILEIRO PATROCINADO PELO EMPRESÁRIO HENNING BOILESEN, DA ULTRAGÁS.
O que é o ato de canonização quando partem de homens ainda dotados de fortes paixões materiais? O que é canonizar alguém para um clube de religiosos dotados ainda de dogmas preconceituosos, crenças antiquadas e um moralismo que nada contribui em caridade, e muito contribui em castração?
Conforme escrevemos dias atrás, José de Anchieta, o "bondoso" jesuíta que agora, na galeria de celebridades religiosas, agora faz dupla com o "espírito de luz" Emmanuel - o antigo Padre Manoel da Nóbrega, o "Ermano Manoel" ou "E. Manoel" do catolicismo ainda medieval do reino de Portugal - , na condição de "santo" católico, cometeu um crime que poderia pôr em xeque sua "santidade".
José de Anchieta teria enforcado, com seus próprios punhos, o huguenote (francês seguidor do protestantismo de Jean Calvin) Jean Jacques Le Balleur, depois de pedir a prisão e a condenação à morte de sua vítima, apenas porque ela seguiu outra religião que não a católica.
Só esse aspecto negativo teria derrubado qualquer chance de considerar José de Anchieta um santo católico, se os critérios adotados pelo clube de sacerdotes liderados pelo Vaticano fossem mais justos e transparentes. E pouco importariam milagres, fossem ou não fossem comprovados pela "Santa Igreja".
José de Anchieta se comportou como um truculento torturador. Ele e seu amigo Manoel da Nóbrega - o mesmo Emmanuel que mandava Chico Xavier calar a boca toda vez que o mineiro tentava dar uma opinião - queriam ver Le Balleur morto só porque adotava um outro sistema de crenças, o que lembra muito a intolerância dos torturadores da ditadura militar brasileira, por exemplo.
A truculência de Anchieta em enforcar Le Balleur é comparável ao dos militares que, em 1975, enforcaram o jornalista Vladimir Herzog, da TV Cultura de São Paulo, só porque ele seguia uma orientação ideológica diferente daquela permitida pelo regime militar.
Herzog estava preso no DOI-CODI, que era o nome posterior da Operação Bandeirantes (OBAN), entidade patrocinada por gente como o empresário dinamarquês naturalizado brasileiro, Henning Boilesen, da Ultragás, depois assassinado por militantes da esquerda armada, em 1971.
Com um ato digno de um Sérgio Paranhos Fleury - o brutal torturador do DOI-CODI que ia pessoalmente bater em prisioneiros políticos e contribuir ele mesmo com a tortura - , Anchieta mesmo assim teve a chance de ser elevado a "santo", sem qualquer verificação de seus atos negativos.
E isso é que é pior. Pois não são os aspectos positivos não-verificados - como os supostos milagres - que tornam discutível a santidade de Anchieta, mas o aspecto negativo não-verificado, que é a intolerância religiosa, que não deve ser confundida com a liberdade que se tem de questionar os erros das religiões.
Católicos e protestantes erraram muito em seus pontos de vista e defendem ideias e fatos (ou mitos) de caráter lógico duvidoso, como a exagerada visão do dilúvio de Noé ou a suposta "partição" do Mar Vermelho pelo profeta Moisés, que se não tem o menor fundamento hoje, em tempos de piscinões controlados por computador, não tinha o menor cabimento naqueles tempos bíblicos.
Portanto, existe uma diferença enorme entre criticar uma religião e proibir sua expressão. Anchieta e Manoel, que chegam à posteridade gozando de "alta reputação", tiveram esse aspecto da intolerância religiosa, da proibição de expressão de outras crenças.
Eles se tornaram extremamente cruéis num único exemplo, cujo nível de rancor desmereceria a promoção de títulos superiores no âmbito da religiosidade, seja o de "santo" para José de Anchieta, seja o de "espírito de luz" para Manoel da Nóbrega, na figura do suposto pregador espírita Emmanuel.
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