segunda-feira, 14 de abril de 2014

Imprensa deveria investigar Espiritolicismo


A liberdade religiosa pode sobrepôr-se aos princípios éticos? Não. As discussões que os debates anti-espiritólicos fazem com a controversa de denunciar ou não as irregularidades do "movimento espírita" brasileiro à imprensa ainda mostram um tom hesitante e cauteloso em levar as denúncias para os jornalistas.

Evidentemente, o próprio jornalismo brasileiro vive uma crise. Como o jornalismo no exterior. São cada vez raras figuras como as dos jornalistas Carl Bernstein e Bob Woodward (foto acima), dos EUA, que se uniram para investigar o esquema de corrupção do então presidente Richard Nixon, acusado de promover espionagem no Complexo Watergate, onde ficava um comitê do Partido Democrata.

Nixon era do Partido Republicano e estava no poder desde 1969, nove anos depois de ter sido derrotado por John Kennedy para a presidência dos EUA. Prepotente, autoritário e corrupto, Nixon teve que deixar o mandato em 1973, sucedido pelo vice Gerald Ford, depois da repercussão das denúncias de espionagem que resultou num dos maiores escândalos de corrupção do país.

Hoje o próprio jornalismo praticado na chamada grande imprensa, salvo honrosas exceções, reduziu-se a um sub-jornalismo de ranço publicitário ou uma atividade articulista de cunho bastante reacionário. Poucos são os que praticam o jornalismo investigativo, mas mesmo assim eles existem e continuam atuantes e dedicados.

O QUE JÁ FOI FEITO

O Espiritolicismo já teve algumas coberturas contestatórias na imprensa. Uma das primeiras foi na década de 1940, mais precisamente na edição de 12 de agosto de 1944, da revista O Cruzeiro, uma reportagem intitulada "Chico Xavier: Detetive do Além", de David Nasser com fotos de seu parceiro Jean Manzon.

Nasser e Manzon eram um tanto traiçoeiros, defenderam até o golpe de 1964 e Nasser, no fim da vida, era amigo de membros do Esquadrão da Morte. Apesar disso, convém dar alguma razão a Nasser quando, mesmo na sua perspectiva ainda católica, como de praxe há 70 anos atrás, via o fenômeno Chico Xavier com algum ceticismo, bem antes do mineiro se tornar uma pretensa unanimidade.

Nessa época Chico causava muita polêmica pelo processo judicial que os herdeiros de Humberto de Campos moveram contra o anti-médium mineiro, por conta da qualidade duvidosa das supostas psicografias. Só que o juiz, naquela situação complexa, não entendeu, disse que a lei de direitos autorais não influía em obras mediúnicas e Chico saiu em vantagem com o empate jurídico.

Só tempos depois ocorriam denúncias aqui e ali sobre plágios de obras "espíritas", fraudes de supostos eventos mediúnicos e tudo o mais. Houve denúncias de plágios em obras de Chico Xavier e até mesmo, há dez anos atrás, o Fantástico mostrou um possível caso de Divaldo Franco (que, dizem, é exímio plagiador de obras literárias) plagiando um livro de Chico Xavier. Mui amigos...

Mesmo assim, não existe um trabalho sistemático de investigação jornalística dos escândalos ocorridos nos bastidores do "espiritismo" brasileiro ou em inúmeros equívocos das obras e atividades ditas "espíritas".

Por outro lado, porém, a FEB, a entidade central do Espiritolicismo, procura estabelecer boas relações com a grande mídia. Se há escândalos, eles são facilmente abafados. Há "tropas de choques" na Internet, ou seja, internautas neuróticos que reagem às críticas dizendo que o "espiritismo" (o da FEB, de Chico e Divaldo, não o original de Kardec) está sendo vítima de inveja e coisa parecida.

Existe até mesmo parceria com a Globo Filmes - das Organizações Globo, empresa dona do jornal O Globo, da revista Época e da Rede Globo que transmite o Jornal Nacional - com a FEB, para produção dos filmes ditos "espíritas". E isso complica bastante as coisas.

Cabe, portanto, unirmos para a investigação das irregularidades do "espiritismo". Ver alternativas na imprensa, no jornalismo, e denunciarmos esses escândalos. Não é a liberdade religiosa que pode permitir que abusos sejam cometidos em nome da fé, e mesmo em nome da espiritualidade. Convém denunciar. O próprio Kardec considera denunciar a mentira uma caridade.

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