sexta-feira, 18 de abril de 2014

Mitifica-se demais a figura de Jesus


As religiões mitificam demais a figura de Jesus, e o Espiritolicismo não é exceção à regra. Embora o "espiritismo" brasileiro prometa trazer a nós uma visão mais realista da figura do mestre judeu, ele reaparece ainda preso a dogmas trazidos pelo Catolicismo medieval e que não haviam sido rompidos sequer pelas crenças protestantes.

Na verdade, pouco se sabe de Jesus, a não ser de traduções medievais que restaram dos antigos registros bíblicos (que se perderam), ou de registros posteriores feitos por historiadores como Flávio Josefo (37-c. 100 d.C).

Além disso, muito do que se atribui à vida e as atividades de Jesus foi inventado a partir do tendenciosismo do Império Romano em pegar carona na reabilitação de Jesus, já no período entre o declínio do Império Romano e o auge da Idade Média.

A apropriação do carisma de Jesus pelos romanos provavelmente teria sido uma forma de conter a ascensão dos chamados cristãos primitivos, ou seja, pessoas que seguiram os ensinamentos originais que ele transmitiu, em suas estadias nas diversas residências durante suas caminhadas pela Judeia.

Esses ensinamentos não eram formais. Jesus, como toda pessoa amigável e bem informada, fazia desde piadas até comentários políticos. Isso é natural. Jesus era descontraído, calmo e até brincalhão, bastante jovial e que curtia festas e dançava. O catolicismo medieval é que tentou deturpar a imagem de Jesus, transformando-o num moralista sisudo e quase melancólico.

O grande problema é que muito desse contato com Jesus se perdeu. Muito do que se transmitiu dele veio de terceiros, que já eram descendentes daqueles que conviveram pessoalmente com o eventual visitante. E os textos originais desses relatos estão perdidos, sobrando apenas traduções medievais de credibilidade bastante duvidosa.

A QUESTÃO DO SOBRENOME "CRISTO"

Jesus não queria criar sistemas religiosos, que hoje se conhece por "religiões", porque seria um obstáculo para a justiça social que ele tanto defendeu. Era uma pessoa bastante inteligente, de um refinamento de ideias quase inexistente naqueles tempos.

Nascido provavelmente entre os 15 primeiros dias de abril, entre os anos 5 e 6 antes de Cristo (?!), conforme relatam várias fontes históricas, Jesus não teria tido originalmente o sobrenome Cristo, que veio por causa de uma interpretação de um ritual místico realizado pelo primo João Batista.

Cristo seria então "aquele que realizou a crisma", uma etapa do ritual de João Batista, que posteriormente veio a ser conhecido, através do Catolicismo, como "batismo". Mas o sobrenome, através da divulgação católica, ficou tão marcado que há quem afirme que ele veio do nascimento, o que é equivocado. Jesus não tinha sobrenome, e a alcunha Jesus de Nazaré seria referente à sua origem.

A APARÊNCIA

A aparência de Jesus tornou-se tão variável que justifica a paródia da foto acima, com Jared Leto na cerimônia do Oscar. Se qualquer um cria um Jesus ao seu bel prazer, pouco se importando sobre quem realmente teria sido Jesus, a aparência então torna-se alvo de interpretações bastante surreais.

Jesus foi judeu e, vivendo no Oriente Médio de temperatura muito quente e sob a intensa luz do Sol, tinha pele áspera e bronzeada. Como árabe, ele não poderia aparecer ora como tenista sueco, ora como galã italiano, ele não poderia ser qualquer um que tivesse cabelo comprido e barba.

A aparência de Jesus, a rigor, ainda é muito desconhecida. Seria preciso exames sérios, não no duvidoso Santo Sudário - que muitos garantem ter sido uma armação da Idade Média - , mas através de pesquisas científicas, históricas, antropológicas e arqueológicas.

Só estes estudos podem trazer informações que pudessem ajudar na descrição física de Jesus, além de revelar aspectos de sua personalidade e obra que o simples "mistério da fé" se torna não apenas inútil, mas impotente para descobrir a verdadeira essência do mestre judeu.

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