terça-feira, 29 de abril de 2014

FEB demonstrou profundo desprezo à democracia


A Federação "Espírita" Brasileira, segundo aqueles que participaram da instituição e depois a largaram mediante tantos abusos e irregularidades, afirmam que ela trabalha através da concentração de poder de seus dirigentes.

Conforme seus denunciantes, a FEB segue a orientação que lhe deu origem, através do delirante trabalho de Jean-Baptiste Roustaing, advogado francês que deturpou as lições de Allan Kardec em prol de um misticismo surreal, que ideologicamente também significa um poder prepotente e um completo desprezo ao debate racional e à analise questionadora dos fenômenos em geral.

Roustaing foi apresentado aos futuros dirigentes da FEB pelo médico Adolfo Bezerra de Menezes, que passou a posteridade através de uma imagem adocicada do "médico bondoso", de jeito paternal, semblante generoso e séria fragilidade no modo de falar, andar e agir (?!) e cheio de "palavras de amor" para dar.

Desde o começo, o roustanguismo (ou rustanismo) que acreditava que Jesus nunca teve corpo físico e que os homens poderiam reencarnar como vermes e até protozoários - quem sabe, segundo Roustaing, algum faltoso poderia reencarnar como bactéria no sangue de seu inimigo? - criou as diretrizes ideológicas e metodológicas da FEB, que refletem até hoje.

A FEB portanto manteve-se fiel a esses princípios, de transformar o Espiritismo num pastiche de Catolicismo com clichês de espiritualidade e até de ocultismo pseudo-científico, e com isso a direção de sua sede, no antigo Distrito Federal, o Rio de Janeiro, se tornou concentradora durante muitos anos.

A reunião de 1949, o Congresso da FEB daquele ano, demonstrou a sua prepotência quando sua direção central menosprezou a consulta dos representantes regionais e decidiu elaborar o Pacto Áureo praticamente a partir das diretrizes determinadas "de cima" pelos dirigentes de uma federação que, na prática, não age como uma federação.

Durante muitos anos seu presidente, Wantuil de Freitas - que havia se passado pelo "apócrifo" Minimus para divulgar alguns livros "cristãos" - , defendeu o Estado Novo e o Golpe de 1964, e sob influência dele Chico Xavier havia pedido, na sua entrevista ao programa Pinga Fogo (TV Tupi, 1971), para orarmos em favor dos generais que governaram a ditadura militar.

Sim, o "iluminado" Chico, o "homem chamado Amor", pedindo para que rezemos em favor dos artífices do AI-5, dos generais que, sob o pretexto de combater o "comunismo" - tese que muitas vezes soa paranoia direitista - , promoveram a repressão, a tortura, as mortes e a ruptura com a Constituição (a última democrática foi de 1946).

Mas também o próprio "espiritismo" brasileiro guarda paranoia semelhante. Se as forças direitistas civis e militares condenam certas pessoas à morte, à prisão e às torturas julgando-as "comunistas", os dirigentes "espíritas" apostam na tese de que os desafortunados sofrem porque "cumprem resgates" de supostas faltas espirituais do passado.

Só que democracia é caridade. Isso é mais do que óbvio. E se a FEB não valoriza muito a democracia, sobretudo a interna, dentro dos diversos quadros da instituição, e produz dissidentes até mesmo dentro dos limites ideológicos do Espiritolicismo, então a FEB também despreza a verdadeira caridade, dando seu péssimo exemplo àqueles que ainda se apegam a esse "espiritismo" fajuto.

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