quarta-feira, 28 de maio de 2014

Mediunidade irregular no Brasil impede real comunicação de espíritos do além


Um alerta bastante perigoso deve ser feito àqueles que seguem doutrinas que parecem ligadas à espiritualidade no Brasil. A maioria esmagadora dos processos mediúnicos pode ser uma fraude e feitos sem qualquer tipo de regulação.

A comunicação dos espíritos do além torna-se bastante comprometida diante de diversos aspectos dos procedimentos mediúnicos realizados no país, completamente divorciados das recomendações que Allan Kardec prudentemente escreveu a respeito da mediunidade.

Da forma como são feitos, os processos mediúnicos denunciam toda uma série de irregularidades nas mensagens espirituais, que destoam completamente das personalidades dos respectivos falecidos a quem tais mensagens são atribuídas.

Armadilhas diversas, dessas que seduzem os entes queridos e produzem neles uma catarse emocional, são feitas, muitas vezes porque o médium apenas está em transe e finge receber uma alma do além, ou então porque um espírito de algum espertalhão é capaz de se passar pelo falecido conhecendo algumas informações superficiais, porém básicas.

As pessoas do lado de cá se deixam se comover com mensagens que apenas carregam palavras relativas à religiosidade, ao amor, à caridade e fraternidade, e a todo um clima emocional que é produzido nos rituais que antecedem a recepção de algumas dessas mensagens.

Tenta-se "compensar" as falhas de personalidade e, no caso de produções artísticas, de estilo, com falsos contextos de "amor" e "boas energias", o que se tornam um elemento fácil para fazer as pessoas se iludirem com as mensagens supostamente mediúnicas que lhes são enviadas.

ESPÍRITOS DO ALÉM QUEREM SE COMUNICAR, MAS NÃO PODEM

O que é muito mais grave é que os verdadeiros espíritos do além querem se comunicar. Mas não podem. Além disso, é duvidoso que espíritos do além sempre estejam de plantão para dar sua mensagem, como meros garotos de recados de um panfletarismo religioso.

Há espíritos que ficam tempos na erraticidade, há os que não ficam. Dificilmente se sabe ao certo, só muito raramente. E, da forma como são divulgadas as mensagens espirituais, os falecidos são apenas um detalhe, eles se resumem a meros garotos de recados de um panfletarismo religioso e no fundo só servem para alimentar a vaidade dos "médiuns" anti-médiuns.

Daí que os verdadeiros espíritos de gente falecida não pode se comunicar. Não sabem como. Eles querem falar, mandar mensagens e quem sabe até mostrar alguma nova arte, mas são impedidos porque não existem meios confiáveis para eles se expressarem.

Eles são deixados para trás por espíritos ou, em outros casos, pelos próprios médiuns, que se passam pelos falecidos e mandam um engodo de palavras "amorosas" e de cunho "religioso" bastante pegajosas.

O maior perigo é ver os entes queridos deixados pelo falecido se enganarem com o teor supostamente afetivo das mensagens. É como na vida aqui na Terra, quando um farsante se passa por alguém e manda cartinha para os parentes. Nem que fosse para dizer "está tudo bem comigo", o que pode até ser pior.

Imagine se um parente seu, caro leitor, é sequestrado e o sequestrador, imitando a caligrafia de sua vítima, escreve uma carta carregada de palavras de amor, caridade e fraternidade. Na carta, está escrito que está tudo bem com o suposto remetente e o teor supostamente amoroso da mensagem deixa você, leitor, tranquilo, comovido e feliz.

Mas a mensagem tem contradições sérias e, digamos, a imitação de caligrafia falha em alguns detalhes, como o "s" que o falsificador se esqueceu em imitar, ou a forma de escrever "rn". Só que você, leitor, se seguir a reação dos espiritólicos, pensará que tais detalhes não têm importância, porque o que importa são as palavras amorosas nela contidas.

E se a vítima do sequestro estiver em apuros? E se ela tiver sido morta? E se fugiu sem avisar? Será que a carta de palavras melífluas valerá a pena, se você não sabe o desfecho do sequestrado? Será que palavras de amor estão acima da ética, da honestidade, da veracidade e das identidades pessoais?

Nas mensagens espirituais, é a mesma coisa. Isso é muito sério. A falta de critérios permite que se falsifique muito, e o padrão de mensagens carregadas de "palavras de amor" e "religiosidade" permitem todo tipo de fraude, criando um ciclo vicioso em que espíritos farsantes ou pseudo-médiuns obtenham vantagens nessas atividades.

Cabe portanto desconfiarmos do processo mediúnico tal como é feito ou finge ser feito no Brasil. Se ele não é feito de forma regular, que garanta a identificação EXATA da personalidade do falecido, incluindo o estilo de suas produções artísticas, então não existe veracidade. Não serão as dóceis expressões de "caridade", "fraternidade", "luz", "amor" e "boas preces" que garantem essa veracidade.

Pelo contrário. Como diz o ditado popular, quando a esmola é demais, o santo desconfia. Quando há "amor" demais nas mensagens supostamente espirituais, é bom desconfiar. Essa é a advertência que vem desde os primeiros livros de Kardec, mas que remete também aos avisos de Jesus sobre os falsos profetas, que em muitos casos corresponde aos falsos médiuns.

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