sábado, 15 de março de 2014
Sociedades mais atrasadas são as mais religiosas
As religiões são criações dos homens, "pontes" que estes constroem para chegar a um Deus que suas limitações de caráter moral e cognoscitivo acreditam existir. Aparentemente, isso nada tem de mais, mas os interesses humanos mesquinhos produziram desvios gravíssimos sob o manto da fé.
Religião é uma expressão da infância da humanidade, uma espécie de "babá" que as pessoas menos preparadas precisam para terem alguma esperança na vida. É uma espécie de muleta para pessoas "paralíticas" nos aspectos morais, o que mostra o estágio em que se encontra a humanidade, ainda sem a consciência desenvolvida para traçar seu caminho evolutivo independente.
O que chama a atenção, segundo muitas pesquisas (sobretudo de escritores como o neurocientista Sam Harris), é que as áreas de maior presença de religiões são as moralmente mais atrasadas, apresentando mais conflitos e crimes violentos e maior ocorrência de atos desonestos.
Mas aí alguém dirá que as religiões estão para isso mesmo, para socorrer áreas mais atrasadas. Em tese, isso faz sentido. Mas, na prática, as religiões, como criações humanas, pouco contribuem para evoluir a humanidade e, salvo exceções, até fazem para agravar a situação de atraso.
Isso é tão certo que muitos adeptos de religiões, que se julgam moralmente evoluídos e dotados de muita paz de espírito, reagem com muita fúria quando são contrariados. Alguns chegam a renegar a amizade das pessoas só porque estas não lhes compartilham de crenças de sua religião.
Em contrapartida, muitos dos ateus revelam-se dotados de moral elevada, embora ateísmo e evolução espiritual também não estejam necessariamente interligados. Mas há a tendência de pessoas que dispensam a crença em algum Deus ou totem religioso terem maior capacidade de entender as pessoas em sua volta e, usando a razão, poder trabalhar o altruísmo de forma mais objetiva e segura.
Não se fala que as pessoas tenham que largar a religião em si. Se alguém se sente confortável em seguir uma religião, que esteja à vontade, embora, sempre que necessário, outras pessoas devam alertar seus entes sobre os perigos de determinadas correntes religiosas dotadas de qualquer irregularidade séria.
Isso é o que fazemos quando questionamos o "espiritismo" brasileiro, denominado Espiritolicismo. Ele regrediu gravemente em relação às lições originais de Allan Kardec, traindo o professor francês com uma série de inserções místicas, pseudo-científicas, moralistas e de outras naturezas ideológicas que o transformaram numa religião mentirosa, charlatã e cheia de fantasias e pretensiosismos.
Ela mesma é o reflexo de um Brasil atrasado, surgida no seio de uma sociedade escravista, provinciana, patrimonialista, patriarcal, deturpando as ideias de Kardec com crenças e conceitos herdados do catolicismo jesuíta vigente em 1884 (ano de surgimento da FEB, Federação "Espírita" Brasileira), que por sua vez ainda mantinha muitos aspectos ideológicos do catolicismo medieval.
A religião, que inicialmente serviria para ligar o homem a Deus, transforma Deus num escravo do homem, e muitas correntes se corrompem pelos interesses mesquinhos, pela fraude historiográfica, pelas mentiras ideológicas, pelas fantasias e pelo moralismo ao mesmo tempo punitivo e paternalista. Se a religião é a "muleta moral" do homem, muitas dessas "muletas" se encontram quebradas e seus fiéis, moralmente "paraplégicos".
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