ILUSTRAÇÃO ESPIRITÓLICA DO MÉDICO ADOLFO BEZERRA DE MENEZES.
A foto acima mostra um Bezerra de Menezes vestindo uma roupa que mais parece a de um monge católico, em traje de cor branca, sentado numa escadaria "fluídica" numa paisagem que lembra um bosque, com vários anjos do sexo feminino enfileirados, em olhar submisso e invariável a cada uma dessas moças em pose de oração.
Bezerra parece pensativo - ou talvez alguém sugira que está entediado - com a mão direita com o punho sob a face e apoiada a um velho livro de capa marrom intitulado "Evangelho". As jovens angelicais, posicionadas às costas de nossas vistas e do médico, não mostram seus rostos, parecendo todas entes sem qualquer personalidade.
Nota-se também que Bezerra está vestido como se fosse um santo católico, e a roupa lembra uma batina de um padre. O que diz muito não só à formação católica do médico e deputado como também pela própria influência do Catolicismo vigente no Brasil imperial como suporte ideológico do "espiritismo" brasileiro.
Mas toda essa mitificação, assim como as supostas mensagens sonoras e textuais atribuídas a Bezerra de Menezes podem simplesmente não serem verdadeiras. Tudo indica que Bezerra não se tornou espírito "de luz" - como os espiritólicos definem os espíritos "puros" - e já estaria na sua segunda ou terceira reencarnação depois daquela que ocorreu entre 1831 e 1900.
MITO FOI CRIADO PELA FEB
Um dos fundadores e dirigentes da Federação "Espírita" Brasileira, Adolfo Bezerra de Menezes, que dirigiu a instituição por duas gestões, foi um conhecido político do Segundo Império, além de médico e figura ilustre nos círculos sociais da antiga capital federal, o Rio de Janeiro, onde o cearense Bezerra vivia há muito tempo.
Bezerra participou dos debates abolicionistas no Legislativo da época, e até lançou um livro em 1869, A escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a Nação , entre outros livros de temáticas sociais de natureza laica, e outros ligados ao Espiritolicismo.
Bezerra de Menezes estaria longe de ser a figura excepcional que a FEB tanto trabalhou, criando um mito de "espírito puro" que superestimava sua generosidade. Talvez Bezerra tivesse sido mesmo uma pessoa afável, um senhor bonachão e alegre, e dado a ser generoso e gentil com as pessoas, independente da situação social. Mas nada que chegue ao nível de espírito superior.
Pelo contrário, Bezerra era um político como outros, tendencioso e oportunista dentro da dicotomia liberais e conservadores, análoga ao que vemos, nos EUA de hoje, entre o Partido Democrata (liberal) e Partido Republicano (conservador). E, como espírita, Bezerra preferiu trair Allan Kardec ao demonstrar sua preferência às ideias delirantes e catolicizadas do advogado Jean Baptiste Roustaing.
Nesses tempos, a FEB, com suas distorções que pasteurizavam a Doutrina Espírita numa ideologia mística e moralista, com tantos conceitos e rituais absurdos que foram inseridos ao longo dos tempos, era combatida por Afonso Angeli Torteroli, italiano radicado no Brasil e que era um dos que se indignavam com a deturpação do Espiritismo patrocinada com gosto pelo doutor Bezerra.
Torteroli foi deixado de lado pela posteridade, já que o poderio da FEB queria levar adiante toda a deturpação do Espiritismo. Canuto Abreu, também seguidor de Roustaing, percebeu a fidelidade de Torteroli com as ideias originais de Kardec e resolveu pôr o ítalo-brasileiro à margem, se limitando a divulgar sua figura apenas pelo vago codinome de "professor T".
BEZERRA REENCARNADO E MATERIALISMO
Consta-se que as aparições de Bezerra e o chamado cheiro de éter não seriam mais do que meras encenações, não só dos espíritos encarnados, como também nos desencarnados que são dotados de um forte materialismo.
O cheiro de éter não seria outra coisa senão um recurso materialista de espíritos do além chamarem a atenção das pessoas, o que rende também uma exploração sensacionalista do Espiritolicismo, à maneira do Catolicismo em relação às imagens de santas "chorando lágrimas de sangue".
Quanto a Bezerra, é bem provável que ele tenha se reencarnado e já estivesse hoje em sua segunda ou terceira reencarnação. Esta seria sua missão espiritual, vide o caráter mediano em que ainda se encontrava o médico, do contrário que se diz oficialmente.
Há até mesmo a "lenda" de que Maria, mãe de Jesus, teria chamado Bezerra para juntar-se a Deus, por causa da "evolução máxima" que ele teria atingido, e este havia se recusado porque queria assistir, como espírito desencarnado, os "miseráveis da Terra", alegando que não estaria satisfeito enquanto houver uma única lágrima caindo dos rostos dos desemparados.
Mas Bezerra teria voltado à Terra, depois de 1900. Pelo seu nível evolutivo, ele teria levado, no máximo, uma década para regressar à vida terrena, e levando em conta o prazo de cerca de 80 anos para uma encarnação se completar, Bezerra teria reencarnado, pelo menos, duas vezes. Possivelmente ele estaria hoje vivo, no corpo material de um jovem de cerca de 24 anos.
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