segunda-feira, 31 de março de 2014

Allan Kardec teria aprovado Jango e reprovado a ditadura militar

ALLAN KARDEC TERIA SENTIDO SIMPATIA POR JOÃO GOULART, POR CAUSA DE SEUS PROJETOS PELA JUSTIÇA SOCIAL.

O professor Allan Kardec, se fosse brasileiro e vivesse, ao menos, no século XX, teria adotado uma postura completamente diferente da de Chico Xavier. Com sua paciência de cientista mas sua firmeza de homem questionador, ele não iria medir as palavras a respeito do que ele acharia da ditadura militar brasileira.

O mestre lionês, para começar, definiria o regime militar como inválido, por se fundamentar na opressão e ser movido pelo egoísmo dos homens. Ele não faria como o anti-médium mineiro, que numa entrevista ao programa Pinga Fogo, da TV Tupi, em 1971, pediu para que os brasileiros orassem pelos generais da ditadura, como se desejássemos boa sorte para eles na conduta do país.

Kardec, na hipotética condição, teria partido para o exílio, já que ele seria, como tantos outros, "condenado" pelo crime de dar ao país algo além que o poderio dos EUA, que controlavam a América Latina no período da Guerra Fria, permitia a seus países "clientes".

Pensando de forma objetiva, Kardec definiria o período da ditadura militar como lamentável, danoso e nocivo para a população. Como educador, ele veria no regime militar uma barreira para o progresso social da população, uma vez que o estímulo ao pensamento, um dos pilares da Educação, seria completamente comprometido pelo regime de autoritarismo, censura e repressão.

Kardec também teria aprovado o governo de João Goulart, derrubado pela ditadura militar, pelas ideias propostas pelas reformas de base propostas pelo então presidente e reafirmadas no seu último discurso, na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, em 13 de março de 1964. Kardec veria nas reformas uma forma de promover a justiça social que o professor lionês havia defendido.

Primeiro, porque a reforma agrária é uma ideia de grande simpatia para a natureza de uma pessoa como Kardec, que veria nela o sentido positivo de restringir a propriedade de terra e promover a democratização do campo através da justa distribuição de terra e o estímulo ao trabalho solidário.

Segundo, porque a redução da remessa de lucros para o exterior proposta por Jango representa um limite para a exploração econômica dos países desenvolvidos. Esta exploração significa uma série de injustiças tão conhecidas do sistema capitalista na história da humanidade.

Terceiro, porque o projeto de educação pública de Jango, baseadas nas ideias e método do educador Paulo Freire, estavam completamente de acordo com as ideias educacionais do professor lionês, para os quais educar e esclarecer as pessoas é tarefa chave para ajudar na evolução espiritual dos indivíduos.

"Jango era uma figura carismática, e torna-se admirável ele ter sido bastante popular, da mesma forma que ele tentava reduzir as desigualdades sociais existentes no país", é o que provavelmente diria Allan Kardec a respeito do presidente.

Allan Kardec era, acima de tudo, um homem racional, altruísta e via os fatos cotidianos de maneira mais objetiva possível. Não se sujeitaria a louvar uma ditadura que claramente se mostrava desumana, cruel, ineficiente, para não dizer corrupta, hipócrita e prepotente.

Portanto, a postura do "iluminado" Chico Xavier é completamente equivocada, mas de acordo com seu perfil subserviente às deturpações e manobras feitas pela Federação "Espírita" Brasileira, para a qual as injustiças humanas são apenas um "detalhe" que enriquece seus dirigentes às custas da exploração do sofrimento humano.

Daí considerar que um regime de tortura e repressão estaria "construindo um Reino de Luz", às custas de tantas vidas destruídas ou, se não extintas, arruinadas. Nem a Folha de São Paulo e sua "ditabranda" teria ido tão longe.

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