quinta-feira, 13 de março de 2014

Espiritolicismo e religião

CENA DE UM CONFLITO NO ORIENTE MÉDIO

Diz o aparente senso comum que os lugares onde há mais presença de correntes religiosas são os mais evoluídos e os mais protegidos das energias maléficas. No entanto, o que se nota, na prática, é que essa tese não corresponde à realidade.

Pode parecer um absurdo, para muita gente, e isso irrita bastante muitas pessoas, na medida em que eles preferem acreditar que, quanto mais religião, maior será o progresso da humanidade. Mas, se existem religiões para proteger a humanidade, porque os locais onde elas mais existem são os mais vulneráveis a conflitos e tragédias?

Com o respeito digno e admirável a correntes religiosas diversas que se esforçam em minimizar a brutalidade de muitos seres humanos, admite-se que a religião é uma criação do homem, que em muitos casos pode revelar também culturas admiráveis, como a arquitetura católica de beleza indiscutível, os ritos muçulmanos e os rituais africanos cuja expressividade é também de grandioso valor social.

No entanto, elas por si só não garantem a evolução da humanidade. As mais evoluídas são aquelas que abrem mão de interesses materiais e pessoais, não fazem questão de proselitismo e renunciam ao fanatismo e à intolerância, e se elas não levam a humanidade para um plano moral perto do considerado "puro", pelo menos impulsionam alguma evolução moral.

Infelizmente, porém, muitas religiões são tomadas pela ganância, por interesses mesquinhos, crenças absurdas, disputas e vaidades pessoais, e elas se multiplicam por causa das dissidências que a menor discordância e o menor conflito podem causar.

O "espiritismo" brasileiro não está imune a isso. Pelo contrário, leva isso às últimas consequências, com o agravante de que promete um diferencial de crenças, ritos e princípios que não cumpre, além de forjar uma aproximação com a ciência que não existe.

Desde o começo, a traição às ideias de Allan Kardec e a deturpação mesquinha de seu árduo trabalho de transmitir novos conhecimentos, dentro de um processo desonesto e oportunista, fez do "espiritismo" brasileiro uma religião como as piores, corrompida pelo ideologismo fácil, pela verborragia, pela demagogia e pelas mentiras e fraudes movidas pelo sensacionalismo místico.

E, assim como toda pior religião, o "espiritismo" nada contribuiu para evoluir a humanidade, só fazendo os efeitos mais brandos do que as formas distorcidas de judaísmo e da religião muçulmana, que criam "fundamentalistas" que se enfrentam em confrontos sangrentos no Oriente Médio, há mais de 50 anos.

Mesmo assim, o "espiritismo" brasileiro já provoca o reacionarismo de seus seguidores, que deixam suas máscaras caírem, na medida que sua "aura de amor infinito" se desmorona em reações raivosas e até rancorosas quando suas crenças são questionadas, mesmo de forma construtiva.

Por isso, o Espiritolicismo, esse produto das distorções feitas na França e no Brasil contra as ideias originais de Kardec, se soma à galeria de religiões fajutas. Chico Xavier e Divaldo Franco não diferem muito de Edir Macedo, R. R. Soares, Waldomiro Santiago e similares, na difusão de crenças confusas e no proselitismo.

O Espiritolicismo tem até o agravante de querer se passar por "vanguarda", quando torna-se uma retaguarda, já que sua pretensão é bem oposta à sua prática. E, supondo querer e conseguir fazer evoluir a sociedade, deixa-a presa em suas crenças viciadas e atrasadas. Daí a piora da praxe "espírita" predominante no Brasil.

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