domingo, 8 de maio de 2016

Desesperados, "espíritas" só pedem "fraternidade"


Com as crescentes denúncias de irregularidades na Internet, o "movimento espírita" reage em desespero e suas publicações, na imprensa e na Internet, agora se resumem a apelos desesperados de "fraternidade", "tolerância" e "mudança de pensamentos".

Assustados com os textos sobre a deturpação da Doutrina Espírita que cada vez mais crescem e repercutem, há quem peça até para "não atirar pedras", e mesmo a Teologia do Sofrimento claramente divulgada por Francisco Cândido Xavier é dissimulada por apelos do tipo "não sofra", "sorria e aproveite a vida".

Os apelos são desesperados. Há um palestrante "espírita" citando trechos de livros e artigos de Allan Kardec para pedir "fraternidade". Há evocações de Jesus, há até esquetes humorísticos apelando para não sentirmos revolta nem indignação com a vida. Todos pedindo "mudança de pensamentos", apavorados com a situação em que se encontra o "movimento espírita" brasileiro.

É claro que odiar e revoltar não é bom. Ninguém fica feliz vivendo de mau humor. Mas o problema é que a sociedade é tão complexa que o que vemos, na prática, é que as pessoas mais odiosas são justamente aquelas que são muito mais revoltadas do que aqueles que só vivem "reclamando da vida", que apenas querem chamar a atenção da sociedade para os problemas acumulados por tantos retrocessos cotidianos.

O grande problema é que o "movimento espírita", para botar debaixo do tapete os desvios conceituais em relação ao pensamento de Allan Kardec, está apelando para o "bom mocismo" e quer ser conhecido como a "religião da bondade", tentando um aparente contraponto com a raiva messiânica e moisaica dos neopentecostais que comandam os retrocessos legislativos no Poder Legislativo, sob as bênçãos do corrupto Eduardo Cunha.

Insistindo na "bondade" e na "fraternidade" como diferenciais, o "espiritismo" brasileiro teme perder adeptos e tenta abafar as críticas austeras - mas dentro do que Allan Kardec, em seu tempo, até recomendava - com apelos um tanto hipócritas como "não atire pedras" e "mude seus pensamentos".

Bondade e fraternidade não têm religião. E o Método Paulo Freire, projeto educacional hoje muito mal compreendido que vigorou durante o governo de João Goulart e foi abortado pela ditadura militar, dava um banho de fraternidade nas pregações e apelos desesperados dos "bondosos espíritas".

Isso porque a sociedade é complexa e, da forma com que o "espiritismo" brasileiro defende a fraternidade, com jargões do tipo "aceitação", "acreditar", "resignação" e "abnegação", dentro de um sistema de injustiças e abusos humanos, o apelo se torna ineficaz e inócuo.

Neste sentido, pode-se ser "fraterno" quando os sofredores são "convidados" a aceitar seus sofrimentos, "necessários" para a "evolução moral", enquanto os privilegiados continuam com seus abusos, tranquilos, enquanto os "espíritas" dizem que os detentores de privilégios abusivos "terão o que merecem" um dia.

É como descreveu o saudoso jornalista inglês Christopher Hitchens, sobre Madre Teresa de Calcutá, e que pode ser aplicado também em relação à "filosofia espírita" brasileira: não confortar os aflitos e não afligir os confortáveis.

É por isso que vemos palestrantes "espíritas" felizes da vida, junto às elites, recebendo prêmios, condecorações, troféus e medalhas, juntando um patrimônio de premiações terrenas muito grande para quem se proclamam espiritualizados. Nem para cobrar dos ricos e poderosos alguma providência para os sofredores eles se esforçam em fazer, se limitando a fazer discursos elogiosos e aduladores.

Isso é terrível. E o "espiritismo" brasileiro começa a reagir com coitadismo. Tentam desqualificar os contestadores classificando-os de "rancorosos", quando a verdade é que o "espiritismo" não assume autocrítica, não desenvolve sequer um mea culpa, defende o roustanguismo numa época e depois, sem qualquer remorso, alega "fidelidade absoluta" a Allan Kardec.

Os brasileiros se esquecem do alerta de Erasto sobre os inimigos internos da Doutrina Espírita. Pois os inimigos internos estão aí: FEB, Chico Xavier, Divaldo Franco, Emmanuel e tantos outros nomes conhecidos, cujos procedimentos e atitudes se encaixam bem nos alertas feitos por Erasto sobre os mistificadores de discursos prolixos e empolados a falar de "amor e caridade" enquanto distorcem as ideias kardecianas.

Ninguém toma cuidado e é por isso que o Brasil está confuso, retrógrado, contraditório e, sobretudo, sob crise de diversos níveis. Muito dessa convulsão social é influenciado, mesmo que de forma indireta, pela deturpação de uma doutrina vanguardista como a de Allan Kardec, reduzindo-a a um sub-catolicismo moralista antiquado e vazio.

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