segunda-feira, 9 de maio de 2016

"Movimento espírita" está no modo fascinação


O desespero com que reagem os membros do "movimento espírita", cada vez mais mendigando "fraternidade" e apelando para os contestadores "não atirarem pedras" mas "mudarem os pensamentos", revela a paranoia que a tendência "dúbia", que é a de bajular Allan Kardec e praticar a deturpação igrejeira, passou a adotar nos últimos tempos.

São tantos os textos apelando para a "fraternidade", ilustrados com tantos coraçõezinhos, que causa mais preocupação e perplexidade do que tranquilidade e conforto. Afinal, são os deturpadores da Doutrina Espírita que despejam sua munição para desqualificar os contestadores.

Diante disso, nos fóruns em que se questionam a deturpação da Doutrina Espírita e seus astros, Chico Xavier e Divaldo Franco, as pessoas tentam apelar para o pretexto da "bondade", a ponto de bordões como "eles erraram, mas pelo menos praticaram caridade" sejam transmitidos e repetidos exaustivamente.

O dado surreal disso tudo é que Chico Xavier e Divaldo Franco são beneficiados pela complacência até de ateus e esquerdistas, que seriam as últimas pessoas que poderiam fazer qualquer defesa extremada e desesperada dessas duas figuras, ao mesmo tempo religiosos extremados e tementes a Deus, além de pessoas ultraconservadoras, típicos figurões da República Velha.

Como tudo pode acontecer nesse Brasil enlouquecido, em que uma presidenta da República suspeita de acusações muito mal formuladas e precariamente investigadas teve seu pedido de impeachment aprovado por um bando de parlamentares acusados (comprovadamente) de vários crimes graves, ver ateus defendendo desesperadamente Chico Xavier e Divaldo Franco é só um item a mais para o anedotário nacional.

E como os "espíritas", tão "bondosos" e que se julgam "absolutamente fiéis" que "respeitam rigorosamente" o pensamento de Allan Kardec, provaram no entanto serem ignorantes das ideias do pedagogo francês, vamos refrescar as mentes desses deslumbrados citando um trecho de O Livro dos Médiuns, na tradução de José Herculano Pires.

Esse trecho fala da "fascinação", um tipo de obsessão que contagia os "espíritas" neste momento, tomados do deslumbramento em relação à doutrina brasileira e seus ídolos, até por estarem fascinados com todo esse aparato de "bondade" e "caridade" que dela é apresentado.

Não custa ler o item 239 do capítulo 23 - DA OBSESSÃO, em que Allan Kardec descreve esse risco na atividade do médium, mas cujos aspectos também podem ser sofridos pelo simples seguidor da deturpação da Doutrina Espírita. Leiam com atenção:

239. A fascinação tem conseqüências muito mais graves. Trata-se de uma ilusão criada diretamente pelo Espírito no pensamento do médium e que paralisa de certa maneira a sua capacidade de julgar as comunicações. O médium fascinado não se considera enganado. O Espírito consegue inspirar-lhe uma confiança cega, impedindo-o de ver a mistificação e de compreender o absurdo do que escreve, mesmo quando este salta aos olhos de todos. A ilusão pode chegar a ponto de levá-lo a considerar sublime a linguagem mais ridícula. Enganam-se os que pensam que esse tipo de obsessão só pode atingir as pessoas simples, ignorantes e desprovidas de senso. Os homens mais atilados, mais instruídos e inteligentes noutro sentido, não estão mais livres dessa ilusão, o que prova tratar-se de uma aberração produzida por uma causa estranha, cuja influência os subjuga.

Dissemos que as conseqüências da fascinação são muito mais graves. Com efeito, graças a essa ilusão que lhe é conseqüente o Espírito dirige a sua vítima como se faz a um cego, podendo levá-lo a aceitar as doutrinas mais absurdas e as teorias mais falsas como sendo as únicas expressões da verdade. Além disso, pode arrastá-lo a ações ridículas, comprometedoras e até mesmo bastante perigosas.

Compreende-se facilmente toda a diferença entre obsessão simples e a fascinação. Compreende-se também que os Espíritos provocadores de ambas devem ser diferentes quanto ao caráter. Na primeira, o Espírito que se apega ao médium é apenas um importuno pela sua insistência, do qual ele procura livrar-se. Na segunda, é muito diferente, pois para chegar a tais fins o Espírito deve ser esperto, ardiloso e profundamente hipócrita. Porque ele só pode enganar e se impor usando máscara e uma falsa aparência de virtude.

As grandes palavras como caridade, humildade e amor a Deus servem-lhe de carta de fiança. Mas através de tudo isso deixa passar os sinais de sua inferioridade, que só o fascinado não percebe; e por isso mesmo ele teme, mais do que tudo, as pessoas que vêem as coisas com clareza. Sua tática é quase sempre a de inspirar ao seu intérprete afastamento de quem quer que possa abrir-lhe os olhos. Evitando, por esse meio, qualquer contradição, está certo de ter sempre razão.

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É justamente o último parágrafo, que alerta para a ênfase que os espíritos levianos fazem com os pretextos de "caridade, humildade e amor a Deus" e que é justamente o que os deturpadores do Espiritismo, com seu exército de palavras em prol da "fraternidade", fazem.

Desviando do foco e disfarçando as irregularidades doutrinárias, tanto na transmissão de ideias quanto na prática de mediunidade, por exemplo, o "movimento espírita" tenta apelar para o bom-mocismo de maneira insistente, apelando por "fraternidade" em textos geralmente ilustrados com coraçõezinhos ou crianças sorridentes.

As pessoas que não admitem qualquer questionamento ao "movimento espírita" ou reagem com atenuantes - tipo "é, eles deturparam, sim, mas pelo menos se destacam pela bondade e amor ao próximo" - não percebem que sofrem um processo de "fascinação", apegados e obsediados a aspectos ideológicos agradáveis a respeito dos ídolos "espíritas" e seus símbolos religiosos.

Daí um Chico Xavier com uma foto inserida numa paisagem de jardim florido, ou com seu codinome estar com a palavra Amor inserida entre as duas palavras. Ou Divaldo Franco associado a projetos assistenciais tidos como "revolucionários" apenas porque têm a roupagem religiosa, embora seus resultados, em verdade, sejam bastante inócuos.

A "fascinação" permite que os deturpadores da Doutrina Espírita sejam aceitos pelo pretexto da "bondade". Muitos acreditam ser possível recuperar as bases kardecianas mantendo Chico e Divaldo no pedestal, mesmo sem que se saiba o que fazer com eles e mantendo os dois anti-médiuns apenas como enfeite.

O grande medo é quando essa postura se radicalizar e se transformar em subjugação. Pessoas subordinadas ao prestígio dos anti-médiuns e tomando-os como "sábios" e "espíritos superiores", levando ao extremo os pretextos de "amor e bondade" que permitem que a deturpação seja feita, já que ela se declara em prol da "fraternidade".

Era esse o risco que Allan Kardec queria evitar, mas que, infelizmente, se consagrou e se consolidou no Brasil, com as pessoas, sem perceberem, se tornando apegadas e obsediadas com os mitos de Chico Xavier e Divaldo Franco, os maiores inimigos internos da Doutrina Espírita previstos pelo espírito Erasto.

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