sábado, 14 de maio de 2016

Nenhuma bondade compensa a desonestidade doutrinária


A desonestidade doutrinária é um dos males do "espiritismo" brasileiro. Antes sua doutrina tivesse assumido o roustanguismo de vez, porque ninguém vai para a cadeia ou para o umbral por achar Allan Kardec um chato hermenêutico. No entanto, as pessoas praticam a deturpação mas juram que estão sendo "rigorosamente fiéis" ao pedagogo francês.

Sejamos exatos. Se alguém corteja Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco, já está traindo Allan Kardec. Não se acende vela para dois lados diferentes, e este aviso foi dado pelo próprio Jesus de Nazaré, que, do contrário que muitos imaginam, reprovaria severamente os dois "médiuns", chamando-os de hipócritas.

Isso não é uma constatação de gente invejosa, Nem de gente querendo a desunião, a confusão e a guerra. É só ver as obras de Chico Xavier e Divaldo Franco, e se verá que eles são deturpadores da pior espécie, não cabendo qualquer relativização.

Bondade não é desculpa para aceitar a deturpação. A bondade não pode estar a serviço da mentira, da mistificação. O corrupto que investe em filantropia está cometendo "lavagem de dinheiro" e nem por isso ele se transformou em filantropo. Mas o deturpador que finge falar com mortos e despeja ideias moralistas e igrejeiras retrógradas é glorificado pela suposta imagem de "bondade".

Aceitar os deturpadores pela suposta bondade - que, analisando bem, não trouxe resultados concretos para a humanidade, mas são exaltados pela roupagem religiosa que apresentam - é compactuar com a mentira e com as ideias levianas.

É assustador que o "movimento espírita" se beneficie com a desonestidade doutrinária, obtendo uma imunidade e uma impunidade colossais, nas quais ninguém tem coragem de investigar nem averiguar a sério.

Quando muito, finge-se investigar ou analisar, seja uma reportagem do Profissão Repórter, da Rede Globo, ou projetos acadêmicos da Universidade Federal de Juiz de Fora, tudo para fazer de conta que admite existir polêmicas e controvérsias, mas depois legitimam toda a farsa "espírita" da "mediunidade de faz-de-conta" e das pregações igrejistas.

Imagine a situação. Alguém assume um compromisso de representar e difundir um sistema de ideias. Decide depois distorcer esse sistema e transmitir ideias contrárias às originais. Ganha prestígio com tamanha enganação. Depois, mostra supostos projetos de caridade que investe ou apoia e ganha a imagem de "bonzinho". O pessoal então acredita e o deturpador passa a ter imunidade social.

Vamos comparar então com um político. Ele assume um compromisso de executar um projeto de governo que afirmou ser benéfico para a população. Eleito, descumpre muitas promessas e lesa seus eleitores. Ganha prestígio diante do status que alcançou como autoridade. Depois, mostra supostos projetos sociais que a fortuna acumulada pela corrupção aplica como "lavagem financeira".

Será que as pessoas vão aceitar? A bondade realmente está acima de tudo? Ela está acima da ética, da honestidade, da transparência? A bondade é um subproduto da moral religiosa? Este é o grande problema da ideia de bondade, estar ela subordinada à mística religiosa. O que mostra que muitos acreditam que a bondade está abaixo da religião, a virtude é apenas um artifício da fé.

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