quinta-feira, 12 de maio de 2016

Imitando Porta dos Fundos, grupo humorístico tenta salvar "espiritismo" brasileiro


A ideia parece boa. Um grupo humorístico que promete explicar situações do Espiritismo com esquetes engraçadas, em linguagem dinâmica e situações cômicas. É o que, à primeira vista, se observa com o grupo de comediantes Amigos da Luz, que tem um canal no YouTube.

Admite-se o avanço do domínio da linguagem lançada pelo canal Porta dos Fundos, até pelo fato de que dois dos comediantes desse grupo, Fábio Porchat e Gregório Duvivier, terem participado do longa-metragem Chico Xavier - O Filme, de 2010. É possível que o próprio Porta dos Fundos tivesse feito consultoria para os humoristas "espíritas".

No entanto, o que se observa, indo mais fundo para as esquetes, que o humorismo é apenas um recurso para tentar salvar o combalido "espiritismo" brasileiro, cuja fase "dúbia" sofre uma grave crise, diante da impotência em esclarecer as contradições existentes.

Sabe-se que a fase "dúbia", que se ascendeu há 40 anos diante da crise do roustanguismo da FEB, consiste em adotar, no discurso, uma postura supostamente fiel aos ensinamentos de Allan Kardec, enquanto, na prática, se realiza a mesma deturpação igrejeira da Doutrina Espírita, uma espécie de neo-roustanguismo enrustido, dissimulado por pretensas apreciações da Ciência e da Filosofia.

As contradições envolvem sobretudo uma entusiasmada inclinação à devoção religiosa, herdada da Igreja Católica, que os "espíritas" mal conseguem disfarçar e nem se esforçam para isso. A exaltação de figuras como Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco e a emotividade que se vê, por exemplo, em parentes de pessoas mortas, com uma histeria que lembra a de beatos diante de milagres católicos, é um típico exemplo dessa atitude.

Misturam-se conceitos trazidos por livros de Allan Kardec - geralmente as traduções da editora IDE, diante da má reputação da antiga cúpula da FEB (Wantuil de Freitas, Francisco Thiesen, Luciano dos Anjos e, mais atrás, Guillon Ribeiro, tradutor das edições febianas da obra kardeciana) - com pretensos ensinamentos de livros de Chico Xavier e Divaldo Franco, numa clara contradição de ideias, apesar do cuidado de não expor as mesmas de forma a vazar tais conflitos.

O grupo humorístico Amigos da Luz não atua diferente dessa tendência. Numa esquete sobre mediunidade, um médium atrapalhado tenta falar com espíritos e, de repente, aparece um tentando dar "ensinamentos" ao outro. Em dado momento, o "espírito" se comporta com o ar solene conhecido de Emmanuel, num momento em que a esquete perde seu caráter divertido para dar lugar à pregação "espírita" conhecida.

Há também uma outra esquete na qual Divaldo Franco é convidado, o que mostra o propósito do grupo, que é tentar salvar, pela via humorística, a deturpação da Doutrina Espírita e seus ídolos, como um último recurso, embora sintonizado com a atual linguagem da Internet, de manter a fase "dúbia" que tanto bajula Allan Kardec quanto esquece de seus ensinamentos mais urgentes.

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