quarta-feira, 29 de outubro de 2014

José Herculano Pires havia advertido sobre os mitos dos médiuns brasileiros


Não foi por falta de aviso que a Doutrina Espírita no Brasil permitiu toda sorte de deturpação e irregularidades. Desde quando Allan Kardec estava vivo, havia avisos de toda sorte de deturpações e distorções que a doutrina poderia sofrer no decorrer dos tempos.

Aqui vamos colocar o caso brasileiro, pois o Brasil tornou-se o caso mais típico e o mais aberrante das deturpações que atingem e ferem de morte - apesar da falta de percepção de muitos - o Espiritismo no Brasil, reduzido a uma espécie de catolicismo alucinante e fantasioso.

José Herculano Pires, que havia completado 100 anos de nascimento no dia 25 de setembro passado, é o mais fiel tradutor de Allan Kardec, além de ter escrito livros que procuravam orientar os espíritas brasileiros a manter a maior fidelidade possível às ideias do professor lionês, mesmo dentro do contexto brasileiro, bastante diverso do francês.

Preocupado com os descaminhos do "movimento espírita" e combatendo os abusos cometidos pela Federação "Espírita" Brasileira, Herculano não cansava de escrever textos fazendo críticas enérgicas aos deturpadores e aos desvios cometidos.

Um desses desvios é a forma com que se projetam os médiuns brasileiros, distanciados da função intermediadora da comunicação entre mortos e vivos, na medida em que se tornam "estrelas", viram centro das atenções e se tornam dublês de pensadores ao produzirem frases prontas para confortar seus adeptos.

Herculano Pires havia escrito, no livro Curso Dinâmico de Espiritismo, uma advertência sobre a quebra da função meramente intermediadora dos médiuns, através da pressão pelas consultas pessoais e das mensagens religiosas. Diz o trecho referente ao assunto:

"A exploração inconsciente e consciente dos médiuns pelos próprios adeptos da doutrina é um dos fatores mais negativos para o desenvolvimento do Espiritismo em nosso país e no mundo. A contribuição que eles poderiam dar para a execução das metas doutrinárias perde-se na miudalha das consultas pessoais e nas mensagens cotidianas de sentido religioso-confessional, mais tocadas de emoção embaladora do que de raciocínio e esclarecimento. E isso o que todos pedem, como crianças choramingas acostumadas a dormir ao embalo das cantigas de ninar".

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