quinta-feira, 30 de outubro de 2014
Espírito de Erasto havia advertido sobre deturpação do Espiritismo, nos tempos de Kardec
Como foi escrito, tão cedo a Doutrina Espírita recebia a advertência de futuras deturpações. Ainda quando Allan Kardec era vivo, já existiam alertas graves de que os piores inimigos da Doutrina Espírita não se encontravam fora da doutrina, mas dentro dela.
São pessoas e espíritos desencarnados que, usando um discurso envolvente, dócil e falsamente amoroso, criava mistificações e deturpações sérias dos conhecimentos espíritas, de forma a provocar escândalos e polêmicas desnecessárias, desviando da rota segura do cientificismo kardeciano.
O espírito Erasto, parceiro de Paulo de Tarso naqueles tempos posteriores ao falecimento de Jesus, enviou através de um médium, em Paris, no ano de 1862 - quando Allan Kardec ainda estava na ascensão de suas pesquisas espíritas - , um alerta sobre o que poderia ser feito, e acabou sendo, na trajetória do Espiritismo, através de supostos adeptos que, em verdade, eram traidores traiçoeiros.
Hoje vemos que o Brasil tornou-se um terreno fértil para tais manobras, e no país sul-americano foi criada uma "versão" da Doutrina Espírita que não era exatamente a doutrina de Kardec adaptada ao contexto brasileiro, mas antes uma doutrina confusa de moldes católicos, que desviou completamente das pesquisas seguras do pedagogo francês, em prol de um religiosismo arcaico e esotérico.
Pois os avisos vieram em primeira hora, e a mensagem de Erasto continua atualíssima, diante do grave quadro em que se encontra o Espiritismo brasileiro, mesmo no seu atual "roustanguismo light", em que se faz o jogo duplo da suposta fidelidade a Allan Kardec e a clara expressão de um retrógrado religiosismo místico. Segue a mensagem:
"Os falsos profetas não existem apenas entre os encarnados, mas também, e muito mais numerosos, entre os Espíritos orgulhosos que, fingindo amor e caridade, semeiam a desunião e retardam o trabalho de emancipação da Humanidade, impingindo-lhe os seus sistemas absurdos, através dos médiuns que os servem. Esses falsos profetas, para melhor fascinar os que desejam enganar, e para dar maior importâncias às suas teorias, disfarçam-se inescrupulosamente com nomes que os homens só pronunciam com respeito.
São eles que semeiam os germes das discórdias entre os grupos que os levam isolar-se uns dos outros e a se olharem com prevenções. Bastaria isso para os desmascarar. Porque, assim agindo, eles mesmos oferecem o mais completo desmentido ao que dizem ser. Cegos, portanto, são os homens que se deixam enganar de maneira tão grosseira.
Mas há ainda muitos outros meios de os reconhecer. Os Espíritos da ordem a que eles dizem pertencer, devem ser não somente muito bons, mas também eminentemente racionais. Pois bem: passai os seus sistemas pelo crivo da razão e do bom-senso, e vereis o que restará. Então concordareis comigo em que, sempre que um Espírito indicar, como remédio para os males da Humanidade, ou como meios de realizar a sua transformação, medidas utópicas e impraticáveis, pueris e ridículas, ou quando formula um sistema contraditado pelas mais corriqueiras noções científicas, só pode ser um Espírito ignorante e mentiroso.
Lembrai-vos, ainda, de que, quando uma verdade deve ser revelada à Humanidade, ela é comunicada, por assim dizer, instantaneamente, a todos os grupos sérios que possuem médiuns sérios, e não a este ou aquele, com exclusão dos outros. Ninguém é médium perfeito, se estiver obsedado, e há obsessão evidente quando um médium só recebe comunicações de um determinado Espírito, por mais elevado que este pretenda ser. Em conseqüência, todo médium e todo grupo que se julguem privilegiados, em virtude de comunicações que só eles podem receber, e que, além disso, se sujeitam a práticas supersticiosas, encontram-se indubitavelmente sob uma obsessão bem caracterizada. Sobretudo quando o Espírito dominante se vangloria de um nome que todos, Espíritos e encarnados, devemos honrar e respeitar, não deixando que seja comprometido a todo instante.
É incontestável que, submetendo-se ao cadinho da razão e da lógica toda a observação sobre os Espíritos e todas as suas comunicações, será fácil rejeitar o absurdo e o erro. Um médium pode ser fascinado e um grupo enganado; mas, o controle severo dos outros grupos, com o auxílio do conhecimento adquirido, e a elevada autoridade moral dos dirigentes de grupos, as comunicações dos principais médiuns, marcadas pelo cunho da lógica e da autenticidade dos Espíritos mais sérios, rapidamente farão desmascarar esses ditados mentirosos e astuciosos, procedentes de uma turba de Espíritos mistificadores ou malfazejos.
ERASTO
Discípulo de São Paulo
Paris, 1862
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