terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Outra prova de que Chico Xavier teve livros reparados por editores da FEB


Mais duas frases comprovam que Francisco Cândido Xavier não escrevia os livros sozinho. A tese de que ele contou com a colaboração de Antônio Wantuil de Freitas, então presidente da Federação "Espírita" Brasileira, de editores da instituição e de consultores literários e até científicos, embora seja vista como "absurda" pelos meios "espíritas", faz muito sentido de verdade.

Só essa hipótese, lançada à opinião pública pelo escritor Alceu Amoroso Lima - que eventualmente usava o pseudônimo Tristão de Ataíde - , do Centro Dom Vital (instituição católica fundada por seu amigo Jackson de Figueiredo), já desfaz as dúvidas que deixavam Chico Xavier num ponto neutro da polêmica sobre sua suposta mediunidade.

Isso porque, quando vieram reações de dúvida sobre o trabalho mediúnico de Chico Xavier, a tese de que ele teria feito tudo sozinho fazia crer que a mediunidade podia ser "verdadeira", pela associação de seus trabalhos a diferentes personalidades literárias falecidas.

Isso faria crer que Chico Xavier teria sido muito sofisticado para fazer, sozinho, tantos e tantos pastiches, o que fez a FEB se aproveitar dessa hipótese e trabalhar o mito de Chico Xavier para construir um carisma que se manifesta nas frases açucaradas publicadas nas mídias sociais, como o Facebook.

Mas, levando em conta que Chico tinha colaboradores editoriais, como revela a "inconcebível" tese de Alceu Amoroso Lima, isso derruba o ponto nebuloso da antiga denúncia, afinal Chico Xavier seria incapaz de fazer sozinho os trabalhos "psicográficos" se eles tivessem sido fraudulentos. Mas também seu trabalho não seria verídico porque há sérios conflitos de estilo entre as mensagens espirituais e o estilo dos supostos autores verificado em seus legados terrenos.

Nomes como Olavo Bilac, Humberto de Campos, Auta de Souza e outros apresentaram, nas obras atribuídas a seus espíritos, evidentes e gravíssimos conflitos de estilo. Só em Humberto de Campos, a diferença é gritante: no lugar do escritor descontraído, de escrita ao mesmo tempo erudita e coloquial, entra um cronista tristonho que mais parecia ter sido, na Terra, algum padre católico.

Se observarmos a análise de conteúdo, com rigor e precisão, se verificará que os livros de Chico Xavier apresentam muitas fraudes. São pastiches, porque tentam imitar o estilo de autores falecidos e apresentam sérios problemas, porque imitação não é igual o original.

Especialistas literários dos mais conceituados denunciam tais fraudes. E não se trata de perseguição, calúnia ou intolerância, mas constatações feitas quando os estudiosos verificaram, nas obras espirituais lançadas por Chico Xavier, contradições e equívocos gravíssimos, que destoam completamente dos estilos que os autores atribuídos tiveram em vida.

Não podemos ser tolos e acreditar que, na vida espiritual, os espíritos perdem a identidade e o estilo, ou doam seu último patrimônio pessoal, seu talento, visando a tal "linguagem universal do amor". Esse argumento é ridículo e estúpido, porque é totalmente desprovido de lógica.

Chico Xavier soube dessa repercussão negativa dos livros por ele lançados e do aberrante caso de Humberto de Campos, cujos livros, pudemos constatar neste blogue, se aproximam mais em estilo a um trabalho conjunto de Chico e Wantuil do que de qualquer aspecto pessoal do autor de O Brasil Anedótico. Tanto que, certa vez, escreveu o seguinte para Wantuil, em 24 de agosto de 1947:

"Nosso gesto poderia traduzir, para muitos, temor ou excessiva consideração para com o bloco que nos acusa de interpolar os textos mediúnicos, porque não tendo havido uma providência desta, em qualquer edição dos livros recebidos em Pedro Leopoldo, desde a publicação do 'Parnaso', há quinze anos, a mudança seria extremamente chocante. (...) De uma coisa poderemos estar certos - é de que nunca estaremos livres da perseguição e da leviandade dos nossos adversários gratuitos. Mais vale recebê-los com paternal vigilância que dispensar-lhes excessiva consideração.(...)".

Claro, contestar Chico Xavier é "perseguição" e "leviandade", daí o perigo que o endeusamento de Chico entre seus seguidores pode significar no futuro, diante de um "fundamentalismo chiquista" que pode produzir os terroristas de amanhã.

Chico é um tanto astuto e com seu lado traiçoeiro que é verdadeiro, embora revelá-lo seja chocante para seus seguidores. Ele fala em "paternal vigilância" como alguém que parece calado e quieto, mas que se mantém em guarda contra seus contestadores, estes, embora enérgicos, os verdadeiros humildes da situação.

Chico Xavier não consegue ter coerência nem sensatez para justificar suas atividades, e os contestadores têm a seu favor o argumento lógico e a capacidade de poder explicar, com clareza e verificação, Mas num Brasil onde se mistifica e mitifica tudo, Chico tem a seu favor toda uma mística que cria um "território de fantasias" onde o raciocínio lógico é proibido de investigar.

Mas a frase abaixo é mais uma prova de que o trabalho de Chico Xavier não envolveu almas do além - com exceção de Emmanuel, o jesuíta que Chico evocou e que tornou tirano pessoal do anti-médium - , mas uma equipe de editores e consultores. Segue a frase:

"Restituí-te o livro ontem com todas as corrigendas que fizeste e podes crer que esses reajustamentos e todos os outros que puderes fazer, no "Brasil, Coração do Mundo"e em todos os outros livros, representam motivo de imenso prazer e de indefinível conforto para mim.Deus te recompense".

Isso prova a tese "absurda" de Alceu Amoroso Lima, mas que a realidade lógica reconhece como verdade. Considerar essa hipótese como verdadeira nada tem a ver com perseguições nem leviandades, mas a busca de uma coerência lógica dos fatos e um esforço para não deixar o religiosismo aprisionar certos fenômenos e atividades no cativeiro da mistificação e da fé cega.

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