sábado, 2 de julho de 2016

Nunca os brasileiros foram tão manipulados como hoje


Num telejornal noturno de um canal de notícias da TV paga, um apresentador enfurecido, influenciado por um notável comentarista ainda mais raivoso, parecia querer gritar, como se quisesse dar uma surra em alguém.

Era o dia em que uma gravação, entre o então ministro do Planejamento, Romero Jucá, e o ex-presidente da Transpetro (subsidiária da Petrobras) negociando a derrubada da presidenta Dilma Rousseff visando evitar o avanço das investigações da Operação Lava-Jato, quando não mais os petistas, mas membros do PMDB e PSDB, seriam investigados.

O surto de raiva se refere à edição do Jornal das Dez do dia 23 de maio, o apresentador enfurecido era o jovem Dony Di Nuccio, sucessor do equilibrado e sóbrio Eduardo Grillo. O comentarista era Merval Pereira, membro da Academia Brasileira de Letras, e o canal, Globo News, propriedade das mesmas Organizações Globo que controlam a Rede Globo, que transmite o Jornal Nacional.

As pessoas não percebem, mas são manipuladas por uma mídia "imparcial" que se desequilibra emocionalmente com facilidade - outro exemplo, bem mais escancarado, é a revista Veja - , e, com isso, foram induzidas a odiar um governo que buscava implantar medidas benéficas para a sociedade.

O Partido dos Trabalhadores não é perfeito, cometeu muitos erros, mas dentro de um cenário político bastante caótico, foi o que, assumindo o Governo Federal, buscou implementar medidas de autêntico interesse público.

A grande mídia, controlada por famílias riquíssimas, como Marinho, Frias, Saad e Civita, que ditam o que as pessoas devem pensar, falar, agir e fazer, criou toda uma ficção a partir de boatos muito mal esclarecidos, criando, até mesmo em parte da classe trabalhadora, um ódio descomunal contra o governo Dilma Rousseff e a instauração de um governo realmente corrupto e elitista, que é o do ambicioso mas incompetente Michel Temer.

As pessoas parecem hipnotizadas, vendo as notícias de escândalos e medidas nefastas que o governo Temer, em menos de um ano de governo, mostrou. "Melhor isso do que aquela corja do PT no poder", vomitam os cidadãos teleguiados pela Globo e Veja e contagiados pela burrice travestida de "verdade absoluta" que são as mentiras e meias-verdades despejadas nas chamadas redes sociais.

MARIONETES

O povo brasileiro nunca foi tão manobrado, manipulado e imobilizado pela mídia e pelo "sistema" como está hoje. Uma catástrofe sócio-econômica sem precedentes está em curso, regredindo o Brasil a parâmetros da República Velha, mas todos estão tranquilos, a ponto das pessoas compartilharem a palavra-chave "Avante Temer" nas redes sociais.

As pessoas estão felizes como se um incêndio estivesse devastando os quartos de dormir e as famílias pensando que se tratam de uma festa animada. Acham que o cheiro de queimado é de alguém fazendo um churrasco.

Ninguém se mobiliza. Ninguém questiona. Ninguém sente dor. Ninguém se sensibiliza. Um governo que começa derrubando ministros por denúncias de corrupção e recua diante de arbitrariedades rejeitadas por protestos populares não pode ser aceito sequer com resignação, até porque Temer demonstra um projeto político temeroso (olha o trocadilho) e tenebroso.

Os cortes de gastos, usados sob a desculpa do "combate à recessão", envolvem setores sociais e serviços públicos. O dinheiro que deixará de ser investido servirá para fortalecer os já exorbitantes lucros do empresariado, que pouco está preocupado em aquecer o mercado de trabalho e melhorar os salários da população.

A promessa de "aumento de emprego" se dará através de armadilhas que deem a falsa impressão de que tudo está bem. O fim da intermediação da lei na negociação entre patrões e empregados fará com que os empresários manobrem para impor seus interesses, sob o aparato do "diálogo" em que se usará o pior como ameaça para o trabalhador sempre aceitar o "ruim" para se manter no emprego.

A terceirização e a desvalorização do trabalho sob carteira assinada fará com que os trabalhadores assalariados se nivelem aos padrões do subemprego. Com o projeto "trabalhista" do plano "Ponte para o Futuro", de Temer, os trabalhadores não poderão sequer ficar doentes ou sofrer acidentes de trabalho, porque até essas assistências serão canceladas ou, quando muito, dificultadas (saúde privada, taxas caríssimas, para pagar os custos das festas de gala dos médicos "de nome").

O DECADENTE RIO DE JANEIRO PRESENTEOU O BRASIL COM EDUARDO CUNHA

O Rio de Janeiro em que as pessoas dependem da Rede Globo ou do jornal O Dia para terem alguma visão de mundo, que no seu vai-e-vem cotidiano pegam os ônibus com pintura padronizada sem saber do risco que sofrem, diante de ônibus sucateados que trocam os nomes de empresas sob o véu do logotipo da prefeitura, paga o preço de sua própria decadência.

O deputado Eduardo Cunha, presidente afastado da Câmara dos Deputados, está em situação mais vantajosa do que muitos imaginam. Mesmo afastado do ambicioso cargo, Cunha manobra a Justiça e os processos de sua cassação com a esperteza de um habilidoso jogador de xadrez, adiando julgamentos na medida do possível para tentar se salvar.

Além disso, muitos analistas confirmam que Eduardo Cunha é mentor do governo de Michel Temer. As pautas-bombas que Cunha lançou na Câmara dos Deputados, combinadas com o plano de governo do então presidenciável Aécio Neves em 2014, constituem exatamente no projeto que Temer executa ou planeja para o país, ameaçando as famílias que parecem tranquilas no sofá, e os jovens abastados que vão para os bares ou para o calçadão da praia jogarem, felizes, conversa fora.

Eduardo Cunha é um dos maiores perigos para a política nacional, juntamente com Jair Bolsonaro, este associado a um perfil político de extrema-direita que a "boa sociedade" pouco se importa de sua crueldade. As pessoas estão brincando com fogo achando que estes dois políticos "não prestam, mas pelo menos são melhores do que o PT".

A histeria coletiva das pessoas manipuladas pela mídia, sobretudo pela Rede Globo de Televisão que impõe ao povo de gírias (como "balada") até uma forma míope de enxergar o mundo, através do "insuspeito" Jornal Nacional, pode levar à ruína muitos brasileiros que estavam esperançosos em ver melhorias depois do "Fora Dilma".

São uma parcela viciada, equivocada e até amalucada da "boa sociedade" brasileira, que diz não ter emprego para comprar um livro sobre fatos relevantes do Brasil mas torra suas granas com livros de fantasias religiosas. É uma sociedade cujas pessoas não têm dinheiro para contratar um profissional diferenciado, mas têm dinheiro de sobra para gastar com maços de cigarro e tatuagens no corpo.

São pessoas que acham que a crise que existe no Brasil é só econômica e sob a "culpa do PT". Mal sabem que a "boa sociedade" é que está em crise, uma crise gravíssima, a níveis catastróficos, simbolizada por um Sul e Sudeste saudosos da República Velha, sedentas por um Bolsonaro no Planalto Central, mas que, contraditoriamente, exaltam Chico Xavier e Divaldo Franco, dois plagiadores de livros que mostram clichês de bondade subordinados à mística religiosa.

Pois isso se trata de uma crise muito maior, crise de valores, de princípios, de status quo, de mobilização social, de altruísmo. As pessoas protegem seus bens supérfluos, põem suas zonas de conforto acima da realidade e põem fé em políticos que estão mais preocupados em proteger os ricos sob a desculpa de resolver a tal "crise econômica".

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