O PRÓPRIO MICHEL TEMER PARECE INDIFERENTE AOS ESCÂNDALOS DE SEU GOVERNO.
No Brasil, um tipo de sociedade está em declínio. Aristocrata, plutocrata, patriarcal, oligarca, gerontocrata, tecnocrata, midiocrata, burocrata, entre outros ismos e cracias, tudo isso se encontra em estado avançado de perecimento.
No entanto, as pessoas detentores de qualquer uma destas condições surtou em uma teimosia infantil e hoje o que se observa é um esforço, desesperado e persistente, delas manterem suas zonas de conforto de privilégios de posses, de decisões, de poderes ideológicos e tudo o mais.
Vemos de casos aparentemente inócuos como pais de família decidindo demais para seus filhos, mesmo estando estes crescidos, até casos cruéis como um medo descomunal de ver homicidas morrerem de repente, sobretudo feminicidas doentes cujos óbitos, quando ocorrerem, a imprensa nem irá noticiar. Assassino rico é "deus", não morre, e ainda mais quando age em proteção a valores do patriarcado.
No exterior, também isso ocorre. Vide os surtos do Estado Islâmico, as atividades da Klu Klux Klan e outras tendências obscurantistas. O próprio poder dos EUA, a supremacia das multinacionais, os privilégios de grupos mafiosos. Todos agem como se pudessem violentar os outros, até exterminar, mas nunca admitem decadências, fracassos ou tragédias para si.
Daí que, tempos atrás, houve o insólito caso de uma jovem se passar por namorada do psicopata Charles Manson, líder de uma seita que provocou uma chacina da qual, entre outras vítimas, a atriz Sharon Tate, para depois revelar o desejo de ver o psicopata morto e exposto em um mausoléu, na residência do casal.
Aqui as pesssoas reagem com medo a hipótese de um Doca Street, que consumiu os mesmos cigarros e cocaína que mataram um who is who de celebridades e ricaços nos anos 1970, não estar mais vivo para explicar o crime cometido há 40 anos contra a namorada Ângela Diniz, um homicídio que, pela impunidade que o beneficiou, inspirou uma grande onda de feminicídios conjugais nos anos 80 e 90.
E isso num contexto em que nada impede que mesmo os promotores Igor e detetives Pacífico possam morrer de repente, assim como um grupo de extermínio morrer num desastre de carro após cometer uma chacina ou membros da Klu Klux Klan falecerem num desastre aéreo durante um deslocamento de um Estado a outro nos EUA.
Isso é apenas um contexto em que o egoísmo humano e a luta para preservar "num nível aceitável" as desigualdades sociais e os privilégios de toda ordem está sendo posto em xeque. Juntamente com todas as ilusões e complacências que permitem que esse "velho mundo" não só resista como se esforce para frear e até banir os avanços sociais existentes.
A ilusão de quem é rico demais nunca sofrerá prejuízos, quem tem poder em excesso não poderá ser punido por seus abusos, quem tira a vida de outrem nunca morrerá, pelo menos de forma prematura ou relativamente senil, e quem tem mais idade nunca cometerá deslizes dignos de gente imatura, está sendo posta a prova diante de tantos noticiários chocantes.
No Brasil, temos os exemplos recentes de um senhor de 76 anos, conhecido advogado paulista, professor universitário e com livros sobre Direito publicados, estar à frente de um dos mais desastrados, retrógrados, corruptos e impopulares governos da República brasileira. Dentro de um país em que um grande empresário de 63 anos, que havia adquirido parte de uma rede de comunicação sulista, ser denunciado por ter agredido a namorada, uma famosa ex-modelo.
Estamos falando de Michel Temer, presidente interino que se comporta de forma ao mesmo tempo prepotente e insegura, arrogante e atrapalhada, no seu governo. E do empresário Lírio Parisotto, que agrediu a namorada Luíza Brunet numa discussão motivada por um ciúme infantil quando, em Nova York, Lírio foi confundido com o ex-marido de Luíza, Armando Fernandez, pai de dois filhos dela.
Parisotto tenta se fazer de vítima e inverter as coisas, como um machista querendo dizer que "agrediu" porque a namorada agrediu primeiro. E ele quebrou quatro costelas de Luíza, deixando também uma grande ferida no rosto dela, conforme foto divulgada nas mídias sociais.
Já Michel Temer parece confiante em seguir seu governo como efetivo, até completar o mandato da presidenta afastada Dilma Rousseff no final de 2018. Indiferente aos muitos e gravíssimos escândalos, que custaram a saída de ministros e secretários,
Temer tenta legitimar seu governo ilegítimo, ele mesmo instituído através de mecanismos golpistas que envolvem corrupção no Poder Judiciário e nas corporações de mídia, como um Sérgio Moro extremamente parcial em suas condenações e uma Rede Globo sonegadora de impostos cujos donos possuem um imóvel em Parati, ilegalmente construído em cima de uma reserva ambiental.
A própria Rede Globo, como instituição midiática, parece não acreditar em sua decadência. Sem ter o poder de domínio de antes, a corporação midiática faz de tudo para manter sua supremacia, como na recente campanha de difamação e injúrias abertamente cometida por seus veículos jornalísticos e outros associados (revista Época, jornal O Globo, canal Globo News) contra os petistas Lula e Dilma Rousseff.
De repente, as pessoas detentoras do status quo podem roubar, matar, prender injustamente, caluniar. Troleiros e cyberbullies da Internet também acreditam na sua impunidade e reagem com furioso sarcasmo a qualquer aviso de perigo, já que eles são tão desordeiros e agressivos que podem até mesmo serem vítimas de um atentado a bala, devido à "zoada" além dos limites e a não aceitação de ser contrariado ou advertido por suas agressões.
Há até mesmo uma mania da complacência do erro, quando ele é associado a "gente importante", que se baseia naquela frase "Quem nunca errou na vida?", uma espécie de "carteirada moral" que permite as inúmeras gafes, escândalos e até crimes que envolvem ou envolveram gente de grande status, de Chico Xavier a Luciano Huck, de Pimenta Neves a Aécio Neves.
Houve até um sutil modismo dos "heróis dos anos 90", políticos ou personalidades de valor duvidoso que, se apoiando em suposto saudosismo da "moderna" década, tentam ou tentaram estar em alta nos últimos anos, de Fernando Collor a Guilherme de Pádua, passando por Solange Gomes, MC Leonardo, Mário Kertèsz, Bell Marques, Ratinho e Gugu Liberato. Era um meio de promover pessoas que simbolizam o status quo político, econômico e midiático como "acima dos próprios erros".
Os detentores do status quo de hoje se recusam a ter autocrítica, perder privilégios, ceder de suas ganâncias e, no caso de homicidas, se recusam até a morrer (e a mídia, por sua vez, pouco disposta a noticiar óbitos de assassinos ricos). Os "de cima", em seus vários tipos, não querem ver ruir um "mundo" que construíram e querem ver intato de qualquer maneira.
No mercado de trabalho, onde os preconceitos sociais pesam muito mais pela "falta de dinheiro" dos empregadores, já se abre mão de talento e competência para salvar o status quo dos patrões. No ensino superior, os preços caros das já injustas taxas de inscrição e mensalidade das faculdades revela o caráter elitista, já que boa parte dos custos dessas taxas vai mesmo para o luxo de empresários de ensino e de professores universitários sedentos pelo alpinismo social.
Em outros aspectos, ver que fenômenos ou medidas como a supremacia da Rede Globo no meio televisivo, o domínio da dupla 89 FM / Radio Cidade na condução (desastrosa) da cultura rock, na pintura padronizada nos ônibus, do Rio de Janeiro e outras cidades, que confundem os passageiros na hora de ir e vir, não podem ser cancelados nem sofrer decadência, também é um resultado dessa paranoia e apego extremo ao retrógrado.
Até o "espiritismo", que no fundo nunca passou de uma forma reciclada do Catolicismo medieval, deixado para trás pelos novos rumos da Igreja Católica, tenta também se deixar valer pelo triunfalismo, empurrando suas crises com a barriga e mantendo a postura contraditória de bajular Allan Kardec e praticar o igrejismo que o próprio pedagogo francês reprovaria de imediato.
É um sistema de valores que apodrece, que perece de maneira avassaladora. O problema é que as pessoas detentoras de status quo anda se dispõem de meios para manter esse sistema intato, muitas vezes na marra, diante da cumplicidade ou da complacência de muitos, e em prejuízo aos princípios legais, ao interesse público, à moralidade, à qualidade de vida etc.
Com isso, dois caminhos devem ser feitos. Ou deixemos os benefícios da vida para quem abusa delas, sob o sacrifício dos que mais precisam dos mesmos, ou então abrir mão de reputações, dogmas e totens consagrados e dominantes mas que hoje sofrem um estado grau de perecimento e decadência. A segunda opção é desagradável para muitos, mas se revela mais necessária para o bem de todos.
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