sábado, 6 de setembro de 2014

Humanidade da Terra ainda não está em "fase de transição". Ainda falta muito


A edição recente do Correio Espírita destaca a ideia do "movimento espírita" brasileiro de que a humanidade planetária já se encontra em processo de transição para o que seus adeptos entendem como "reino de luz e amor" da era futura.

Segundo o Espiritolicismo, o mundo estaria passando por uma "regeneração", em que o mal começa a ser superado pela caridade e pela solidariedade, e que o Brasil se encontra na vanguarda dessa missão predestinatória de conduzir a paz no mundo.

O discurso é muito lindo e muitos "espíritas" já conhecem toda essa conversa nas retóricas dadas por gente como Divaldo Franco. Todavia, esse discurso nem de longe corresponde à realidade, não sendo difícil essa constatação. Os noticiários não deixam mentir.

Independente das relações de poder que existem em diversos veículos jornalísticos, há sempre uma menção de um problema, de um conflito, de um escândalo. Recentemente um jornalista dos EUA foi decapitado no Oriente Médio. Lutas fratricidas ocorrem até mesmo na Baixada Fluminense ou em qualquer subúrbio das grandes capitais. Mesmo as elites cometem "das suas".

Há também retrocessos em diversos aspectos. Seja na cultura, entregue a um mercado do entretenimento, com sub-celebridades e sub-artistas de gosto bastante duvidoso que no entanto estão cercados de bons empresários e até da blindagem de intelectuais e acadêmicos badalados.

Há também uma queda de valores que faz com que o reacionarismo na Internet esteja em alta. A chamada "trolagem",  que é uma espécie de vandalismo digital, havia feito, entre tantas vítimas, uma jovem negra que estava namorando um jovem branco. Os internautas chamaram ela de "escrava" e já estão sendo investigados pela Justiça.

O Brasil ainda está muito provinciano, mas até a Europa está em crise. A humanidade perdeu o idealismo, o consumismo desnorteia as pessoas, a moralidade é fraca, os instintos viciados e a conscientização morna e ainda frágil. E a corrupção está, ainda, em alta. E a impunidade chega até mesmo ao ponto de homicidas quererem posar de bonzinhos ao saírem das cadeias.

Mesmo o ativismo social em várias partes do mundo vive o problema do apadrinhamento suspeito tanto de pessoas assumidamente retrógradas - como no caso das Marchas da Família - ou de gente igualmente conservadora mas falsamente progressista, como os movimentos que espetacularizam a defesa das drogas e do homossexualismo financiadas pelo suspeito magnata George Soros.

O próprio "espiritismo" brasileiro é muito suspeito para falar em "transformação da humanidade". Apesar de seu verniz progressista, a FEB apoiou o Golpe de 1964 e a eleição de Fernando Collor, além de apoiar suas ideias pelo que havia de ultrapassado dentro do Catolicismo e que hoje nem a Igreja Católica se interessa mais em defender.

Seria muito tempo para enumerarmos fatos que comprovam o enorme equívoco do "otimismo espírita". A humanidade ainda não está se transformando. Há a prevalência de ideias retrógradas, justificadas pelo "pragmatismo" ou pela apologia do "é melhor o ruim do que o pior". E, assim, de "ruim em ruim" chegamos ao pior, dentro daquele papo que é "melhor do que nada".

Portanto, limitamos a dizer, aqui, que o "espiritismo" brasileiro está errado. A humanidade continua atrasada e regredimos, em muitos aspectos, até em relação aos anos 50 e 60, por exemplo, só para citar os últimos tempos de grandes transformações humanitárias.

Esse "otimismo" não passa de conversa para boi dormir, quase uma propaganda implícita para lotar "centros espíritas". "Venham, frequentem nosso centro e sua vida mudará". É um papo que lembra os neo-pentecostais, com aquela história de que "Cristo está chegando".

São retóricas religiosas que a nada levam, seja com ou sem verniz científico. Profetismo barato, feito para impressionar as pessoas. O melhor seria deixarmos de esperar as religiões dizerem que o mundo está mudando e lutarmos nós mesmos para transformar o nosso planeta e a nossa humanidade.

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