domingo, 21 de setembro de 2014

Exemplo de como NÃO deve ser uma comemoração espírita


Um claro exemplo do que é o igrejismo a que se reduzem as diversas instituições do "movimento espírita" brasileiro aparece aqui numa manifestação no Facebook pelo aniversário de um líder espiritólico, Haroldo Dutra Dias, da entidade "espírita" mineira, a SER (Sócio-Organização de Espiritualidade e Religiosidade).

A própria foto em homenagem ao palestrante espiritólico é de tal forma oportunista, como se atribuísse a ele um lugar já reservado no céu, numa estética que lembra exatamente as ilustrações mais fervorosamente católicas, portanto sem qualquer relação com a doutrina de Allan Kardec.

Dotada do mais extremo sentimentalismo igrejista, no qual o forte ranço católico é notado pelo nível das mensagens de apoio, reproduzidas abaixo, em que a pieguice exageradamente religiosa se torna evidente.

De bandeja, há até mesmo um poema atribuído a uma certa Maria Dolores, divulgada pelo católico e um grande desconhecedor da Doutrina Espírita, o anti-médium Chico Xavier, intitulado "Cantiga da Gratidão", também de um "sotaque" católico bastante carregado, a ponto de fazer o Vaticano ficar de queixo caído. As palavras desse poema não deixam mentir.

CANTIGA DA GRATIDÃO

Francisco Cândido Xavier - atribuído ao espírito Maria Dolores

O céu te recompense, alma querida,
Porque ouviste o convite do Senhor
E nos trouxeste paz e luz à vida
Pela bênção do amor.

Deus te enriqueça as mãos ternas e ativas,
Mãos que buscam Jesus no irmão triste e sem nome,
Dissipando a penúria que o consome
Ao calor da bondade que cultivas.

Deus proteja a brandura a que te entregas,
Quando desculpas de expressão serena
Aquela mesma voz que te condena,
Desconhecendo as dores que carregas.

Deus te abrilhante a idéia justa e boa 
Com que ouves ofensas sem guardá-las, 
Para dizer somente no que falas
Aquilo que edifica e que abençoa.

Deus te ampare na fé que te sustém 
Ao enxugar as lágrimas alheias,
Em tudo quanto inspiras e semeias 
Nas tarefas do bem.

Deus te guarde na fé que te conduz 
Vencendo tempo e luta, sombra e
Porque contigo a vida se renova 
Atendendo a Jesus.


Há, nesta seleção de mensagens do Facebook, uma única ressalva que é o fato do poema "Ano Bom", reproduzido num desses comentários, ser realmente um poema da jovem Auta de Sousa (1876-1901), embora o reconhecimento e a apreciação de seu talento tenha vindo de maneira estranha, através da apropriação de seu nome por Chico Xavier.

Em todo caso, o que se observa é tão somente uma emotividade exagerada, praticamente alucinante, típica da pieguice religiosa, um sentimentalismo excessivo que em nada ajuda na evolução do caráter e que tão somente deixa as pessoas carregadas do "açúcar" da emotividade excessiva e do "diabetes" do religiosismo em transe.

Enquanto isso, carecem os estudos sérios da Doutrina Espírita, as pesquisas que poderiam ajudar nos verdadeiros contatos espirituais, faltam os verdadeiros estudos científicos. E sobram verborragia pseudo-científica, pieguice religiosa e toda sorte de irregularidades camufladas por toda essa esfera de "amor e luz".

É "luz" demais que acoberta as trevas mais obscuras que impedem o manifesto da razão que poderia melhorar as relações das pessoas através de um amor que encoraja, mobiliza e é sincero, em vez do "amor" que mente, intimida e desencoraja do "espiritismo" brasileiro. O exemplo acima citado é uma boa lição de como NÃO se deve ser uma celebração ou uma comemoração espírita.

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