quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

O preocupante coitadismo dos "espíritas"


Jesus de Nazaré advertiu sobre os falsos profetas e os falsos cristos que se proclamarão "crucificados" quando duramente criticados. Erasto, mais tarde, em mensagens divulgadas aos espíritas franceses, alertava sobre os inimigos internos da Doutrina Espírita e suas manobras traiçoeiras.

Poucos deram ouvidos. E aí veio o "movimento espírita" brasileiro que é difícil de ser desmascarado e difícil de ser atacado, não por se tratar de uma doutrina da transparência e da honestidade, mas por ser uma doutrina de lobos famintos que capricham no seu disfarce de bondosos cordeiros.

O "movimento espírita" cresceu como bola de neve e, de escândalo em escândalo, sobreviveu sem que investigações sérias pudessem confrontá-lo. Seus integrantes cometem traições terríveis ao pensamento e à coerência de Allan Kardec e ficam impunes diante de tantas e tantas irregularidades em níveis aberrantes.

A desonestidade doutrinária do "movimento espírita" é algo tão assustador que é usada uma das técnicas mais habilidosas, sutis e eficientemente traiçoeiras de persuasão, dominação e intimidação: o verniz da "bondade" e da "humildade".

Quando criticados, os líderes "espíritas", os mesmos que descumprem com gosto os ensinamentos de Kardec, se passam por "fiéis seguidores" do pensador francês e reagem com choro e tristeza, se passando por humildes e resignados derrotados. Tentam vencer pela lábia, se passando por vítimas, investindo no seu coitadismo.

O mito de Francisco Cândido Xavier se agigantou dessa forma. Chico Xavier era um católico ortodoxo que se tornou paranormal, e, promovido a um ídolo religioso às custas de muito sensacionalismo e tantas confusões, é a personificação desse preocupante coitadismo.

Diante de críticas recebidas, Chico Xavier e, nos últimos anos, seus discípulos, seguidores e simpatizantes, sempre reagiu de maneira contraditória, afinal a contradição era o princípio do anti-médium mineiro, o que prova que coerência e bom senso nunca foram o forte dele.

Daí que vemos essa falácia de que "é na derrota que vencemos" ou "quando mais ficamos fracos, mais fortes nos tornamos", o que é ridículo, sobretudo em relação a Chico Xavier, que quer passar por cima de tudo e de todas as situações.

Na crise aguda em que se encontra o "movimento espírita", seus líderes apelam para o mesmo coitadismo que marcou a vida de seu adorado "médium", um vitimismo que se torna o recurso de tentar tirar vantagem com a imagem de coitado, de vítima.

"Diante das perseguições que recebemos, oremos em silêncio, resignados e com a consciência tranquila, protegidos pela fé em Deus e confiantes no nosso trabalho de amor", é o que dizem os "espíritas" diante de tantas contrariedades.

Agindo assim, eles acham que sobreviverão a toda tempestade. Mas esse coitadismo demonstra uma série de estratégias oportunistas e a esperteza em se passar por vítima para obter uma vantagem, porque tudo o que contraria os "espíritas" é sempre visto como "perverso", "injusto" e "nocivo".

Os "espíritas", que traem o pensamento de Allan Kardec com um igrejismo antiquado, é que são os "bonzinhos", que "seguem fielmente" as lições do pedagogo francês, que estão "sempre certos" porque dizem promover a solidariedade, a humildade e a compaixão.

Os contestadores é que são sempre os maléficos, os nocivos, ou, quando muito, aqueles que "fortalecem" os "bondosos espíritas" ao desafiá-los com questionamentos e contestações que supostamente "comprovam" o quanto o "espiritismo" está no "bom caminho".

É um discurso traiçoeiro, um malabarismo discursivo em que o dominador tenta se passar por vítima, criando um jogo de contrastes retóricos no qual ele tenta vencer tudo não como um tirano, mas como pretensa vítima, dizendo, em um momento, que está sendo vítima de "lamentáveis reações de irmãos incompreensivos", de outro "agradece" a eles por estimulá-lo a "prosseguir o trabalho do bem".

Isso desarma as pessoas, porque é um recurso da retórica, em que o coitadismo, que é a falsa pose de injustiçado, e o vitimismo, que é a mania de atribuir desgraças contra si nos momentos em que é contestado, servem para desqualificar argumentos, investigações e inquéritos, fazendo do privilegiado que se passa por injustiçado um "vencedor" disfarçado de "derrotado resignado".

É uma trapaça ideológica, que se mostra uma armadilha das piores. E isso é horrível, sobretudo quando se transforma uma figura pitoresca como Chico Xavier numa espécie de "senhor absoluto", num "dono do Brasil" que se torna a obsessão e o flagelo de seus fanáticos seguidores.

Foi com essa pose de "coitado" e "vítima" que Chico Xavier tenta passar por cima de muitos obstáculos, ele que, de um católico paranormal esquisito, virou "líder absoluto" do Brasil, acima de tudo e de todos, quase um "imperador romano" às avessas, a dominar tudo e todos com estereótipos tendenciosos de "amor e bondade".

Um exemplo disso foi o caso Humberto de Campos, que poderia ter desmascarado por definitivo Chico Xavier, se não fossem duas coisas: o desconhecimento dos juristas da época (1944) quanto ao uso de nomes mortos para supostas psicografias, e a imagem de "bonzinho" trabalhada em torno do anti-médium.

Aí pronto. A cada escândalo, as pessoas tinham o medo de enfrentar Chico Xavier, o "monstro" que Humberto de Campos, autor de O Monstro e Outros Contos, de 1932 (ele lançava o livro quando fez a resenha de Parnaso de Além-Túmulo), não previu se formar, por causa do estereótipo de "amor e bondade" que intimida os corações mais fracos.

E vemos o quanto o verniz de "bondade e humildade", que Chico Xavier trabalhava desde quando era relativamente jovem, lá pelos 25, 30 anos, e se somou ao estereótipo de "bom velhinho" em tempos posteriores, foi um artifício para tentar intimidar seus contestadores.

Só que essa armadilha, a da "bondade" intimidadora, não é muito conhecida entre os brasileiros. Ela é vista ainda como uma qualidade positiva e não desperta suspeitas, estando imune a qualquer tipo de investigação, mesmo quando se consideram polêmicas e controvérsias relacionadas.

Daí que os questionadores mais fracos se sentem intimidados diante de pessoa "tão bondosa". As investigações param, porque os investigadores se sentem intimidados em desafiar uma "boa pessoa", e assim mesmo irregularidades das mais evidentes e com provas consistentes são deixadas de lado, pela sedutora tentação da complacência e do conformismo.

Isso é extremamente ruim, e deixa o Brasil num ciclo vicioso da subserviência religiosa, em que a coerência e o bom senso são deixados de lado, por mais que a retórica, esse espetáculo de palavras bem articuladas, tente dizer o contrário. Aliás, há formas sutis de dizer "não", apenas dizendo "sim", apresentando ideias que dizem afirmar os fatos, quando, em verdade, os contrariam.

O progresso do Brasil é comprometido com isso. Escravo do estereótipo de "amor e bondade" de figuras como Chico Xavier, o país se mantém no atraso, prisioneiro que está da fé religiosa, do deslumbramento fácil, da mistificação sedutora, em que as ideias de "bondade" e "humildade" mais parecem demonstrações de pieguice e até sensualismo emocional, corrompendo as emoções das pessoas.

A Prisão da Fé do "movimento espírita" torna-se nociva para o país, e o coitadismo que intimida quem queira levar adiante investigações sérias sobre as irregularidades da doutrina brasileira causam sérios danos na nossa busca de um mínimo de coerência e transparência para a sociedade de nosso país.

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