quinta-feira, 16 de abril de 2015

"Movimento espírita" reage com medo às críticas


Os líderes "espíritas" começam a reagir com medo diante das críticas disseminadas na Internet. Um conhecido pregador, autoproclamando a "coerência de comportamento" da doutrina, acusa de "violentas e agressivas" as críticas, na tentativa de manter as suas convicções.

Ele tenta atribuir os erros do "espiritismo" a uma minoria de "pseudomédiuns e pseudoespíritas" que estariam falhando nos seus procedimentos, e tenta afirmar que a doutrina que ele defende se mantém fiel a Allan Kardec e aos ensinamentos de O Livro dos Espíritos.

O referido senhor cai em contradições, mesmo tentando fazer um discurso paciente de profundo conteúdo religioso. Ele ainda acrescenta que o "espiritismo" tem como missão a "renovação moral" das pessoas, algo que não está acontecendo e a doutrina nem de longe contribui.

Essas contradições correspondem à suposta fidelidade a Allan Kardec, como se a doutrina que exalta figuras como Chico Xavier e Divaldo Franco seguisse alguma lição do professor lionês. Nunca houve essa fidelidade. E isso não é calúnia, mas uma lembrança que a memória curta tenta ocultar, para esconder os erros sob o tapete do passado.

Isso porque, durante muito tempo, a Federação "Espírita" Brasileira (FEB) sempre deu preferência a um deturpador como Jean-Baptiste Roustaing, desprezando Kardec por ser "científico demais". Roustaing foi defendido com muito orgulho pela instituição e foi a partir dele que o "espiritismo" brasileiro estabeleceu suas diretrizes, tirando apenas pontos "polêmicos demais".

Esses pontos correspondem ao mito do "Jesus fluídico", que supõe que Jesus de Nazaré nunca passou de um fantasma materializado, e os "criptógamos carnudos", classe de vermes, micróbios e outros organismos que serviriam de corpos para reencarnação de espíritos infratores ou criminosos. As duas teses, por causarem controvérsias profundas, foram descartadas para evitar problemas.

Quando Roustaing começou a representar um risco para o "movimento espírita", eis que Chico Xavier passa a produzir livros que criassem um conteúdo ideológico para a doutrina. Adaptando Roustaing às conveniências brasileiras, o chiquismo substituiu o rostanguismo em sua forma light, mas sem aderir ao cientificismo de Allan Kardec.

COERÊNCIA?

Que coerência de comportamento se espera do "movimento espírita"? Se em 131 anos ocorrem erros relacionados à doutrina, que geraram escândalos violentos, é porque dentro do "espiritismo", não fora dele, ocorrem tais erros, equívocos e contradições.

Identificamos como os dois maiores erros do "movimento espírita" a deturpação catolicizada da Doutrina Espírita e o desconhecimento do processo de mediunidade. Quanto ao primeiro erro, torna-se óbvio, diante de muitas contradições que os livros de Chico Xavier e as deturpações nas traduções de Guillon Ribeiro da obra kardeciana apresentam e saltam aos olhos.

Isso sem falar dos ritos de muita rezadeira católica, muita devoção a santos, muitos jargões, ritos e dogmas, que mais parecem fazer o "espiritismo" soar como um Catolicismo mais flexível do que como uma forma brasileira da Doutrina Espírita sistematizada pelo pedagogo francês.

A mediunidade é que é um problema complexo, porque os supostos médiuns desconhecem os procedimentos da Ciência Espírita, do Magnetismo de Franz Mesmer e tudo o mais. Mas o problema é que, como praticamente TODOS (a não ser raríssimas e raríssimas exceções) desconhecem as formas de contatos com os espíritos do além, fica difícil apontar fraudes.

Existem até correntes dentro dos questionadores do "espiritismo" catolicizado, que pregam a volta às bases de Allan Kardec mas não possuem um questionamento profundado dos erros cometidos pelos "espíritas" brasileiros, que deixam passar as irregularidades cometidas pela suposta mediunidade brasileira e ainda veem veracidade nos procedimentos duvidosos de Xavier e Franco.

São pessoas que acreditam que se pode, ao mesmo tempo, ler os livros de Allan Kardec na tradução honesta e precisa de José Herculano Pires, e, por outro lado, aceitar que Humberto de Campos teria escrito as obras espirituais atribuídas a ele e que, na verdade, fogem completamente do seu estilo.

São esses erros que permitem uma série de irregularidades. Aí, o pregador "espírita" tenta dizer que são erros de uns pouco inclinados com a doutrina, o que expressa um dos impasses que o "movimento espírita" tenta ignorar.

Afinal, dependendo das circunstâncias, a cúpula é a culpada ou então os "espíritas" regionais e "pouco dedicados" é que são os culpados. Se Chico Xavier errou, mesmo por decisão dele mesmo e de forma grave, joga-se a culpa em outro: Emmanuel, Antônio Wantuil de Freitas, Luciano dos Anjos, e por aí vai.

Se os erros envolvem acusações de falsa mediunidade ou abordagens equivocadas em livros "espíritas", eles são jogados debaixo do tapete. Ninguém assume os erros ou faz autocríticas, apenas dizem que "erraram" e "sentem muito por isso", mas o que "importa" é a "filantropia". E aí tudo se coloca debaixo do tapete.

Foi assim em sucessivos escândalos que ocorrem no "movimento espírita". E, por que eles ocorrem? Porque os "irmãozinhos sofredores" não gostam de ver gente "agindo pelo bem"? Não, é por causa de muitos procedimentos "espíritas" que são feitos e que, em dada ocasião, entram em conflito com a lógica, a coerência e a transparência dos fatos.

Isso é que causa medo e apreensão nos "espíritas". E mostra o quanto seus líderes entram em constante contradição. Às vezes, os culpados são a "cúpula", como nos escândalos que envolveram os dirigentes da FEB. Em outras, os culpados são alguns "pseudoespíritas" regionais. Quando envolvem astros conhecidos (como Chico Xavier), os erros são sempre minimizados e impunes.

Mas o que se vê é que, com tantas contradições, omissões e equívocos, não há como ver coerência de comportamento no "movimento espírita", como também não dá para ver lealdade a Allan Kardec se os "espíritas" brasileiros deturpam e contrariam tudo o que ele havia escrito em sua obra. Trair pelas costas não é coerência.

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